Rafael Barbosa | Jornal de Notícias
| opinião
Com taxas de abstenção acima de
60% desde 1994, as eleições europeias começam por ser uma competição sobre qual
é o grupo de eleitores mais resiliente.
Dito de outra forma, os partidos
que melhor conseguirem combater a tentação da abstenção (as previsões apontam
para um dia com temperaturas de verão), serão os que terão mais razão para
sorrir ao final da noite do próximo domingo. Uma incógnita com amplitude
suficiente para trocar as voltas às sondagens pré-eleitorais.
Significa isso que as sondagens -
como a que hoje publicamos - não servem para nada? Se o leitor está à espera
que alguém acerte, à unidade, nos resultados de todos os partidos, pode passar
à frente. Se a expectativa for a de perceber a tendência do bazar eleitoral,
vale a pena olhar para os números com atenção. Até porque, no caso do JN (como
noutros órgãos de Comunicação Social), é possível perceber a evolução entre
abril e maio.
Lendo dessa forma a sondagem, não
é preciso ser adivinho para perceber que o PSD deverá perder as eleições. E
eram precisamente os sociais-democratas os que mais tinham a ganhar com um bom
resultado na "primeira volta" do campeonato eleitoral. Sendo certo
que os portugueses votam de forma diferente para europeias e legislativas, as
primeiras seriam um suplemento fundamental para criar alguma ilusão para as
segundas. Não o conseguindo, o PSD passa a ser o partido que mais perde na
noite de domingo.
E consequências a nível europeu,
posto que é disso que tratamos? Não vale a pena fingir que é esse o tabuleiro.
Os eurodeputados não causarão grande sobressalto nos próximos cinco anos. A
haver sobressalto, chegará de outras paragens, como a nova aliança de Direita
radical, nacionalista, xenófoba e antieuropeia, liderada por Salvini e Le Pen,
que passará a ser o terceiro maior grupo do Parlamento Europeu. Se as sondagens
acertarem na tendência.
*Chefe de Redação do JN
Sem comentários:
Enviar um comentário