Andre Vltchek [*]
A Europa, um "velho"
continente colonialista, está decadente e em alguns lugares está mesmo a entrar
em colapso. Percebe-se quão más as coisas estão a ocorrer. Mas ela nunca pensa
que é por sua própria culpa.
A América do Norte está decadente também, mas ali as pessoas nem ousam comparar. Elas apenas "sentem que as coisas não vão bem". Se tudo o mais falhar, elas simplesmente tentam obter um segundo ou terceiro emprego e apenas sobreviver, de algum modo.
Em ambos os lados do Atlântico, o establishment está em pânico. Seu mundo está em crise e as "crises" acontecem principalmente porque vários países grandes, incluindo a China, Rússia, Irão, mas também África do Sul, Turquia, Venezuela, RDPC e as Filipinas, recusam-se abertamente a actuar de acordo com o roteiro traçado em Washington, Londres e Paris. Nestes países, subitamente já não há apetite para sacrificar seus próprios povos no altar do bem-estar de cidadãos ocidentais. Vários países, inclusive Venezuela e Síria, estão mesmo dispostos a combater pela sua independência.
Apesar dos embargos e sanções insanos e sádicos que lhes são impostos pelo ocidente, a China, a Rússia e o Irão estão agora a florescer, em muitos campos a fazer muito melhor do que a Europa e a América do Norte.
Se forem realmente forçados, a China, a Rússia e seus aliados em conjunto poderão facilmente por em colapso a economia dos Estados Unidos; uma economia que está construída sobre barro e dívida insustentável. Também está a ficar claro que, militarmente, o Pentágono nunca poderia derrotar Pequim, Moscovo nem mesmo Teerão.
A América do Norte está decadente também, mas ali as pessoas nem ousam comparar. Elas apenas "sentem que as coisas não vão bem". Se tudo o mais falhar, elas simplesmente tentam obter um segundo ou terceiro emprego e apenas sobreviver, de algum modo.
Em ambos os lados do Atlântico, o establishment está em pânico. Seu mundo está em crise e as "crises" acontecem principalmente porque vários países grandes, incluindo a China, Rússia, Irão, mas também África do Sul, Turquia, Venezuela, RDPC e as Filipinas, recusam-se abertamente a actuar de acordo com o roteiro traçado em Washington, Londres e Paris. Nestes países, subitamente já não há apetite para sacrificar seus próprios povos no altar do bem-estar de cidadãos ocidentais. Vários países, inclusive Venezuela e Síria, estão mesmo dispostos a combater pela sua independência.
Apesar dos embargos e sanções insanos e sádicos que lhes são impostos pelo ocidente, a China, a Rússia e o Irão estão agora a florescer, em muitos campos a fazer muito melhor do que a Europa e a América do Norte.
Se forem realmente forçados, a China, a Rússia e seus aliados em conjunto poderão facilmente por em colapso a economia dos Estados Unidos; uma economia que está construída sobre barro e dívida insustentável. Também está a ficar claro que, militarmente, o Pentágono nunca poderia derrotar Pequim, Moscovo nem mesmo Teerão.
Depois de aterrorizar o mundo durante eras, o ocidente está agora quase acabado: moralmente, economicamente, socialmente e mesmo militarmente. Ele ainda pilha, mas não tem plano para melhorar o estado do mundo. Ele não pode sequer pensar nesses termos.
Ele odeia a China e qualquer outro país que tenha planos progressistas, internacionalistas. Ele enlameia Xi Jin Ping e sua ideia original, a Estrada da Seda (Bel and Road Initiative, BRI), mas não há nada de novo e excitante que o ocidente seja capaz de apresentar ao mundo. Sim, naturalmente, aquelas mudanças de regime, golpes, intervenções militares e o roubo de recursos naturais, mas alguma coisa mais? Não, silêncio!
Durante minha visita de duas
semanas à Europa, na República Chica (agora rebaptizada Chéquia), um país que
desfruta um IDH (Índice de Desenvolvimento Humano definido pelo PNUD) mais alto
do que a Itália ou a Espanha, vi vários jovens, homens vestidos decentemente, a
vasculhar latões de lixo em frente ao meu hotel, à procura de comida.
Vi jovens europeus de joelhos a mendigar em Stuttgart, a segunda mais rica cidade da Alemanha (onde são produzidos os carros Mercedes e Porsche).
O que observei em todos os sete países da UE que visitei foi confusão, mas também indiferença, egoísmo extremo e ociosidade quase grotesca. Num grande contraste com a Ásia, todos na Europa estavam obcecados com os seus "direitos" e privilégios, mas ninguém dava importância às responsabilidades.
Quando meu avião vindo de Copenhagen aterrou em Stuttgart, começava a chover. Não era chuva pesada, apenas chuva. O jacto Canadair operado pela SAS é um avião pequeno e não obteve um portão. Estacionou a poucos metros do terminal e o comandante anunciou que o pessoal de terra se recusou a trazer um autocarro, devido a relâmpagos e à chuva. E assim ficamos dentro do avião durante 10 minutos, 20 minutos, meia hora. Os relâmpagos terminaram. O chuvisco continuava. Quarenta minutos, sem autocarro. Uma hora mais tarde, apareceu um autocarro. Um homem da equipe de terra emergiu vagarosamente, totalmente envolto em plástico, protegido hermeticamente da chuva. Aos passageiros, por sua vez, não foram oferecidos sequer guarda-chuvas.
"Amo-me", li depois num graffiti no centro da cidade.
O graffiti não estava longe da estação central, a qual está a ser renovada ao custo de vários milhares de milhões de euros e contra a vontade dos cidadãos. O projecto monstruoso avança num ritmo loucamente preguiçoso, com apenas 5-6 trabalhadores da construção detectáveis ao mesmo tempo nas imensas escavações.
Stuttgart é inacreditavelmente imunda. As escadas rolantes muitas vezes não funcionam, bêbados estão por toda a parte, assim como mendigos. É como se durante décadas ninguém tivesse feito qualquer arranjo na cidade. Museus outrora gratuitos agora estão a cobrar pesadas taxas de entrada e a maior parte dos bancos públicos desapareceu dos parques e avenidas.
A decadência está omnipresente. O sistema ferroviário alemão (DB) entrou virtualmente em colapso. Quase todos os comboios estão atrasados, desde o "regional" até o outrora glorificado ICE (estes "comboios-bala" alemães estão realmente a mover-se mais devagar, em média, mesmo em comparação com alguns expressos inter-cidades da Indonésia).
Os serviços proporcionados por toda a parte na Europa, desde a Finlândia até a Itália, são grotescamente maus. Lojas de conveniência, cafés, hotéis – estão todos com pouco pessoal, mal geridos e sobretudo arrogantes. Os humanos são muitas vezes substituídos por máquinas disfuncionais. A tensão está por toda a parte, o mau humor omnipresente. Exigir qualquer coisa é impensável; se o fizer arrisca-se a ser agredido, insultado, enviado para o inferno.
Ainda lembro como a propaganda ocidental costumava louvar os serviços nos países capitalista, quando éramos crianças no Leste Comunista: "O cliente é sempre tratado como um deus". Sim, certo! Como é risível.
Durante séculos os "trabalhadores europeus" foram "subsidiados" pela pilhagem colonialista e neo-colonialista, perpetrada em todos os cantos do mundo não branco. Eles acabaram por serem mimados, repletos de benefícios e improdutivos. Isso era bom para as elites: na medida em que as massas continuassem a votar pelo regime imperialista do Ocidente.
"O Proletariado" finalmente tornou-se direita, imperialista, mesmo hedonista.
Vi um bocado desta vez e em breve escreverei muito mais a respeito.
O que não testemunhei foi esperança, ou entusiasmo. Não havia optimismo. Nem trocas de ideias saudáveis e produtivas, ou debate profundo – algo a que estou habituado na China, Rússia ou Venezuela –, apenas confusão, apatia e decadência por toda a parte.
E ódio para com aqueles países que são melhores, mais humanos, mais avançados e cheios de entusiasmo socialista.
Vi jovens europeus de joelhos a mendigar em Stuttgart, a segunda mais rica cidade da Alemanha (onde são produzidos os carros Mercedes e Porsche).
O que observei em todos os sete países da UE que visitei foi confusão, mas também indiferença, egoísmo extremo e ociosidade quase grotesca. Num grande contraste com a Ásia, todos na Europa estavam obcecados com os seus "direitos" e privilégios, mas ninguém dava importância às responsabilidades.
Quando meu avião vindo de Copenhagen aterrou em Stuttgart, começava a chover. Não era chuva pesada, apenas chuva. O jacto Canadair operado pela SAS é um avião pequeno e não obteve um portão. Estacionou a poucos metros do terminal e o comandante anunciou que o pessoal de terra se recusou a trazer um autocarro, devido a relâmpagos e à chuva. E assim ficamos dentro do avião durante 10 minutos, 20 minutos, meia hora. Os relâmpagos terminaram. O chuvisco continuava. Quarenta minutos, sem autocarro. Uma hora mais tarde, apareceu um autocarro. Um homem da equipe de terra emergiu vagarosamente, totalmente envolto em plástico, protegido hermeticamente da chuva. Aos passageiros, por sua vez, não foram oferecidos sequer guarda-chuvas.
"Amo-me", li depois num graffiti no centro da cidade.
O graffiti não estava longe da estação central, a qual está a ser renovada ao custo de vários milhares de milhões de euros e contra a vontade dos cidadãos. O projecto monstruoso avança num ritmo loucamente preguiçoso, com apenas 5-6 trabalhadores da construção detectáveis ao mesmo tempo nas imensas escavações.
Stuttgart é inacreditavelmente imunda. As escadas rolantes muitas vezes não funcionam, bêbados estão por toda a parte, assim como mendigos. É como se durante décadas ninguém tivesse feito qualquer arranjo na cidade. Museus outrora gratuitos agora estão a cobrar pesadas taxas de entrada e a maior parte dos bancos públicos desapareceu dos parques e avenidas.
A decadência está omnipresente. O sistema ferroviário alemão (DB) entrou virtualmente em colapso. Quase todos os comboios estão atrasados, desde o "regional" até o outrora glorificado ICE (estes "comboios-bala" alemães estão realmente a mover-se mais devagar, em média, mesmo em comparação com alguns expressos inter-cidades da Indonésia).
Os serviços proporcionados por toda a parte na Europa, desde a Finlândia até a Itália, são grotescamente maus. Lojas de conveniência, cafés, hotéis – estão todos com pouco pessoal, mal geridos e sobretudo arrogantes. Os humanos são muitas vezes substituídos por máquinas disfuncionais. A tensão está por toda a parte, o mau humor omnipresente. Exigir qualquer coisa é impensável; se o fizer arrisca-se a ser agredido, insultado, enviado para o inferno.
Ainda lembro como a propaganda ocidental costumava louvar os serviços nos países capitalista, quando éramos crianças no Leste Comunista: "O cliente é sempre tratado como um deus". Sim, certo! Como é risível.
Durante séculos os "trabalhadores europeus" foram "subsidiados" pela pilhagem colonialista e neo-colonialista, perpetrada em todos os cantos do mundo não branco. Eles acabaram por serem mimados, repletos de benefícios e improdutivos. Isso era bom para as elites: na medida em que as massas continuassem a votar pelo regime imperialista do Ocidente.
"O Proletariado" finalmente tornou-se direita, imperialista, mesmo hedonista.
Vi um bocado desta vez e em breve escreverei muito mais a respeito.
O que não testemunhei foi esperança, ou entusiasmo. Não havia optimismo. Nem trocas de ideias saudáveis e produtivas, ou debate profundo – algo a que estou habituado na China, Rússia ou Venezuela –, apenas confusão, apatia e decadência por toda a parte.
E ódio para com aqueles países que são melhores, mais humanos, mais avançados e cheios de entusiasmo socialista.
A Itália parecia um pouco
diferente. Mais uma vez, encontrei lá grandes pensadores de esquerda;
filósofos, professores, cineastas, jornalistas. Falei na Universidade Sapienza,
a maior universidade da Europa. Palestrei sobre a Venezuela e o imperialismo
ocidental. Trabalhei com a embaixada venezuelana em Roma. Tudo isso foi
fantástico e esclarecedor, mas seria isto realmente a Itália?
Um dia depois de deixar Roma, para Beirute, os italianos foram às eleições. E eles retiraram seu apoio aos meus amigos do Movimento 5 Estrelas, deixando-o com apenas pouco mais de 17%, enquanto duplicavam o apoio à extrema-direita da Liga do Norte.
Isto virtualmente aconteceu por toda a Europa. Os trabalhistas do Reino Unido perderam, enquanto as forças de direita do Brexit ganharam significativamente. A extrema-direita, mesmo partidos quase fascistas, alcançaram alturas inesperadas.
Era tudo política do "eu, eu, eu". Uma orgia de "selfies políticos". O eu tinha o que chegasse de imigrantes. O eu quer melhores benefícios. O eu quer melhor assistência médica, menos horas de trabalho. E assim por diante.
Quem paga por isso, ninguém na Europa parece se importar. Nem uma vez ouvi qualquer político europeu a lamentar a pilhagem da Papua Ocidental ou de Bornéu, acerca da Amazónia ou do Médio Oriente, muito menos da África.
E imigração? Será que ouvimos alguma coisa sobre esse aborrecimento dos refugiados europeus, milhões deles, muitos deles ilegais, que desceram nas últimas décadas sobre o Sudeste Asiático, África Oriental, América Latina e mesmo o subcontinente? Eles estão a fugir, em hordas, da falta de sentido, das depressões, do vazio existencial. No processo, estão a despojar os locais de terra, imóveis, praias, tudo.
"Fora com os imigrantes "? Bem; então os imigrantes europeus fora do resto do mundo também! Chega da unilateralidade!
As recentes eleições da UE mostraram claramente que a Europa não evoluiu. Por incontáveis séculos sombrios costumava viver apenas para o seu prazer, matando milhões para sustentar sua vida elevada.
Exactamente agora, está a tentar reformular seu sistema político e administrativo, para que possa continuar a fazer o mesmo. Mais eficientemente!
Para coroar isto, absurdamente, espera-se que o mundo tenha pena deste proletariado europeu super-pago e com mau desempenho, sobretudo de direita e letárgico, e sacrifique mais dezenas de milhões de pessoas, só para aumentar ainda mais seu padrão de vida.
Nada disto deveria acontecer. Nunca mais! Tem de ser travado.
Definitivamente não vale a pena morrer pelo que a Europa alcançou até agora, à custa de milhares de milhões de vidas "dos outros.
Cuidado com a Europa e o seu povo! Estudem a história. Estudem o imperialismo, o colonialismo e os genocídios que ela tem propagado por todo o mundo.
Deixe-os votarem nos seus fascistas. Mas mantenha-se longe. Impeçam-nos de propagar o seu veneno por todo o mundo.
Querem eles colocar os interesses dos seus países em primeiro lugar? Maravilhoso! Vamos fazer exactamente o mesmo: o povo da Rússia também! China primeiro! E Ásia, África, América Latina primeiro!
Um dia depois de deixar Roma, para Beirute, os italianos foram às eleições. E eles retiraram seu apoio aos meus amigos do Movimento 5 Estrelas, deixando-o com apenas pouco mais de 17%, enquanto duplicavam o apoio à extrema-direita da Liga do Norte.
Isto virtualmente aconteceu por toda a Europa. Os trabalhistas do Reino Unido perderam, enquanto as forças de direita do Brexit ganharam significativamente. A extrema-direita, mesmo partidos quase fascistas, alcançaram alturas inesperadas.
Era tudo política do "eu, eu, eu". Uma orgia de "selfies políticos". O eu tinha o que chegasse de imigrantes. O eu quer melhores benefícios. O eu quer melhor assistência médica, menos horas de trabalho. E assim por diante.
Quem paga por isso, ninguém na Europa parece se importar. Nem uma vez ouvi qualquer político europeu a lamentar a pilhagem da Papua Ocidental ou de Bornéu, acerca da Amazónia ou do Médio Oriente, muito menos da África.
E imigração? Será que ouvimos alguma coisa sobre esse aborrecimento dos refugiados europeus, milhões deles, muitos deles ilegais, que desceram nas últimas décadas sobre o Sudeste Asiático, África Oriental, América Latina e mesmo o subcontinente? Eles estão a fugir, em hordas, da falta de sentido, das depressões, do vazio existencial. No processo, estão a despojar os locais de terra, imóveis, praias, tudo.
"Fora com os imigrantes "? Bem; então os imigrantes europeus fora do resto do mundo também! Chega da unilateralidade!
As recentes eleições da UE mostraram claramente que a Europa não evoluiu. Por incontáveis séculos sombrios costumava viver apenas para o seu prazer, matando milhões para sustentar sua vida elevada.
Exactamente agora, está a tentar reformular seu sistema político e administrativo, para que possa continuar a fazer o mesmo. Mais eficientemente!
Para coroar isto, absurdamente, espera-se que o mundo tenha pena deste proletariado europeu super-pago e com mau desempenho, sobretudo de direita e letárgico, e sacrifique mais dezenas de milhões de pessoas, só para aumentar ainda mais seu padrão de vida.
Nada disto deveria acontecer. Nunca mais! Tem de ser travado.
Definitivamente não vale a pena morrer pelo que a Europa alcançou até agora, à custa de milhares de milhões de vidas "dos outros.
Cuidado com a Europa e o seu povo! Estudem a história. Estudem o imperialismo, o colonialismo e os genocídios que ela tem propagado por todo o mundo.
Deixe-os votarem nos seus fascistas. Mas mantenha-se longe. Impeçam-nos de propagar o seu veneno por todo o mundo.
Querem eles colocar os interesses dos seus países em primeiro lugar? Maravilhoso! Vamos fazer exactamente o mesmo: o povo da Rússia também! China primeiro! E Ásia, África, América Latina primeiro!
[*] Filósofo,
romancista, director de cinema e jornalista investigativo. É o criador de Vltchek's World in Word
and Images
O original encontra-se em journal-neo.org/...
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/
O original encontra-se em journal-neo.org/...
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