O ex-governador do Banco de
Portugal afirmou que não mentiu aos deputados sobre o crédito ruinoso da CGD.
Vítor Constâncio garantiu que não
mentiu nem escondeu nada aos deputados sobre como foi dado o aval pelo Banco de
Portugal à Fundação Berardo para reforçar a sua posição acionista no Millennium
bcp, em 2007, com um crédito de 350 milhões de euros da Caixa Geral de
Depósitos. Mesmo assim, vai ter ir uma segunda vez ao Parlamento. A polémica
cresce, apesar dos seus desmentidos.
O que disse Vítor Constâncio na
nova Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão da CGD?
Na audição, Constâncio afirmou
que o Banco de Portugal (BdP) “só tem conhecimento” das operações de crédito
depois” de os bancos as concretizarem. “Como é óbvio. É natural! Essa ideia de
que (o supervisor) pode conhecer antes é impossível”, disse aos deputados. E
frisou que o supervisor não define as orientações de política comercial” dos bancos.
Os documentos comprovam que o
Banco de Portugal autorizou a compra de ações do BCP por Berardo com crédito da
CGD?
O jornal Público divulgou, anteontem,
correspondência trocada entre o BdP e a Fundação Berardo antes de esta reforçar
a sua posição no capital do BCP para acima dos 5%. Os documentos, de agosto de
2007, mostram que o supervisor sabia que o financiamento vinha da CGD.
Qual foi a reação dos partidos?
Na sequência da divulgação dos
documentos, os partidos aprovaram, por unanimidade, chamar Constâncio de novo à
Comissão Parlamentar de Inquérito da CGD. O CDS mostrou mesmo a intenção de
enviar as declarações que Constâncio fez anteriormente aos deputados na
Comissão de Inquérito para o Ministério Público. Em causa, está a alegada
omissão de informação.
Quando é que Vítor Constâncio
disse que não se lembra de ter aprovado compra de ações do BCP por Berardo com
empréstimo da CGD?
“Não tenho memória disso”,
escreveu Constâncio numa resposta a uma pergunta na rede social Twitter, na
sexta-feira passada. Questionado por um utilizador se a notícia era verdadeira,
Constâncio disse que não tinha sido “questionado sobre isto” pelos deputados.
Em que circunstâncias Constâncio
disse que o supervisor não interfere neste tipo de operações?
“Não fui questionado sobre isto e
ainda estou a investigar”, disse na segunda resposta à pergunta do mesmo
utilizador, também na sexta-feira. “Não me lembro de nada como isto de há 15
anos atrás e normalmente o supervisor [como instituição] não interfere em
operações concretas dessa natureza”.
O que o ex-governador do Banco de
Portugal disse na entrevista à RTP?
Na entrevista de sexta-feira à
noite, Constâncio afirmou que participou na reunião do Conselho de
Administração do Banco de Portugal que aprovou o reforço de posição de Berardo
no BCP com financiamento de 350 milhões de euros da CGD. E disse que não foi
questionado na Comissão Parlamentar sobre o tema da autorização para a compra
de ações.
Qual é a última versão de
Constâncio sobre a participação na reunião que autorizou Berardo a reforçar a
posição no BCP com um empréstimo da Caixa?
Num esclarecimento enviado ontem
à agência Lusa, Constâncio diz que não participou na reunião do Conselho de
Administração do supervisor que deu luz verde à compra de ações do BCP com
crédito da Caixa Geral de Depósitos.
Elisabete Tavares | Dinheiro Vivo
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