Manuel Molinos | Jornal de Notícias
| opinião
Trabalhou bem, mesmo que numa
empresa privada com capitais públicos cujos prejuízos, num ano, ultrapassaram
os 100 milhões de euros? Tome lá um prémio milionário. Chegam 110 mil euros?
A conclusão que se retira da
atribuição das polémicas recompensas na TAP é simples: cada um faz o que quer
com o dinheiro de todos. O que, diga-se, já nem é surpreendente. Como não é de
admirar que o Governo não saiba de nada. Com Tancos foi igual.
Portanto, já se torna quase uma
tradição não saber de nada, não ver nada, não ouvir nada. Agora, ficamos
igualmente a saber que os administradores da TAP indicados pelo Estado sofrem
de um mal parecido. Desconheciam, dizem, os prémios no valor de 1,2 milhões de
euros atribuídos a 180 trabalhadores da empresa, incluindo dois quadros superiores
que receberam mais de 110 mil euros cada um.
Não chega que António Costa
considere o programa de distribuição de prémios da TAP "incompatível com
os padrões de sobriedade" que devem existir em empresas participadas pelo
Estado. E muito menos que a Comissão Executiva justifique o bónus como uma
estratégia "fundamental" para os resultados atingidos em 2018. Pior,
que venha dizer, depois do puxão de orelhas de Marcelo Rebelo de Sousa, que
houve um mal-entendido. Não sobre o número de beneficiários e montantes pagos,
mas por não ter informado o Conselho de Administração relativamente ao universo
e valores.
Hoje é Dia de Portugal. E os
portugueses merecem mais do que discursos iguais a outros tantos que já foram
escritos e ditos neste dia. Merecem que quem tem o dever de os proteger, e
gerir os seus impostos, não faça sempre o papel de "marido traído": o
último a saber. Merecem ter motivos de sobra para sentirem orgulho no país.
O que todos nós queremos é menos
Tancos, menos prémios em empresas de capitais públicos que dão prejuízo, menos
Berardos e um bocadinho mais de idoneidade e respeito.
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