segunda-feira, 10 de junho de 2019

São Tomé | Conselho de Estado propôs ao PR diálogo e concertação para evitar o Caos


O Presidente da República, Evaristo Carvalho, convocou pela primeira vez no seu mandato o Conselho de Estado.  Sem agenda definida a reunião dos conselheiros do Estado são-tomense, terminou com um apelo ao Presidente da República, para liderar um amplo processo de diálogo e concertação nacional, que passa pela despartidarização da sociedade são-tomense.

O anúncio da primeira reunião do conselho de Estado nos 3 primeiros anos de mandato de Evaristo Carvalho, provocou nas últimas 48 horas, uma onda de rumores e especulações em todo o país, sobre uma hipotética  exoneração do Primeiro Ministro Jorge Bom Jesus, e a consequente queda do governo.

Manuel Pinto da Costa, ex-presidente da república, foi o porta voz da reunião e em nome dos conselheiros do Estado, desmentiu tal possibilidade. «Não vai haver queda do Governo. Desta reunião o que saiu é a necessidade de a gente encontrar um espaço para melhor entendimento e diálogo entre os órgão de soberania, sem o qual corremos o risco de fazer política em função dos interesses partidários», afirmou.


O porta voz do conselho de Estado, deixou também claro que nem a especulada remodelação governamental, foi tema de debate no salão nobre do palácio presidencial.

Segundo Manuel Pinto da Costa, a despartidarização do país e da sociedade são-tomense, sim, absorveu a atenção dos conselheiros do Estado. «Estamos numa sociedade que é preciso ter muito cuidado. Ela está completamente partidarizada. Tão partidarizada que influencia cada um de nós. E muitas vezes o individuo tem que se partidarizar para garantir a sua sobrevivência. Enquanto isso prevalecer, todos os órgãos de soberania e tudo quanto acontecer na República, será influenciado pelos partidos», assegurou.

O Conselho de Estado constatou que o país está a beira de uma ditadura dos partidos políticos. «Se a sociedade civil não se organizar para ser uma força alternativa corremos o risco de sermos submetidos a uma ditadura dos partidos», frisou.

O porta voz do Conselho do Estado, transmitiu a preocupação manifestada pelos seus pares, face a constante limpeza que é feita na administração do Estado, logo a seguir as eleições legislativas. O partido que ganha as eleições, demite todos os quadros e funcionários que não são seus militantes, e coloca no lugar os seus militantes. Os quadros são-tomenses que são afastados, fazem a travessia do deserto durante 4 anos, ou menos, até o regresso do seu partido ao poder.

Momento em que regressam aos seus tachos, e os que lá estavam são atirados para a travessia do deserto nas ilhas do meio do mundo. «Não saímos do mesmo lugar. Não avançamos», reclamou o porta voz do conselho de Estado.

É um dos vários dramas, que o país vive, e que o bloqueia. Evaristo Carvalho, Presidente da República, foi aconselhado a liderar a abertura do caminho neste deserto instalado no país, para através do diálogo e da concertação, unir todos os filhos da terra, e evitar assim que o caos se instale no país. «Chegamos a conclusão que se torna necessário abrir o país a um diálogo, sob a direcção do Presidente da República, …para definitivamente começarmos a conhecer o São Tomé e Príncipe real. Chegamos a conclusão que o Presidente da República deve congregar forças para sairmos disso, para começarmos a ter  confiança no país e nos dirigentes», pontuou o porta voz do conselho de Estado.

Segundo ainda o porta voz a missão delegada ao Presidente da República, designado de Pai da Nação, deve tratar também da alma são-tomense. «Temos que voltar a ter confiança em cada um de nós, criar um sentimento de amizade e solidariedade.  Cada um tem o direito de pertencer ao partido que quiser, mas não tem o direito de fazer mal a São Tomé e Príncipe », acrescentou.

Pinto da Costa, anunciou que o Presidente da República Evaristo Carvalho, tomou boa nota dos conselhos dados. O Chefe de Estado vai liderar o processo, que pode a curto prazo evitar, as graves ameaças que pairam sobre a estabilidade na República Democrática de São Tomé e Príncipe.

Os liceus do país estão inundados de milhares de jovens, que dentro de 3 a 4 anos, precisarão de emprego, e não parecem disponíveis para continuar a atravessar o deserto infinito. «Se não se agir hoje para criar condições para absorver esses jovens, vamos ter crises e instabilidades, e situação social extremamente grave. Isso para não termos depois surpresas. A surpresa poderá ser muito desagradável. A surpresa que poderíamos ter nos anos 80, é diferente da surpresa que podemos ter agora. Já vimos o que aconteceu depois das eleições do ano passado…nos anos 80 nunca se queimava carros», concluiu o porta voz do Conselho de Estado.

Os partidos políticos são chamados a se despertarem para os desafios que o país tem em curto prazo. Devem segundo o conselho de Estado, abandonar as lutas pelos “tachos” e vantagens imediatas, e concentrarem energias na projecção do futuro sustentado para as ilhas verdes.

Abel Veiga | Téla Nón

Sem comentários:

Mais lidas da semana