O Presidente da República,
Evaristo Carvalho, convocou pela primeira vez no seu mandato o Conselho de
Estado. Sem agenda definida a reunião dos conselheiros do Estado
são-tomense, terminou com um apelo ao Presidente da República, para liderar um
amplo processo de diálogo e concertação nacional, que passa pela
despartidarização da sociedade são-tomense.
O anúncio da primeira reunião do
conselho de Estado nos 3 primeiros anos de mandato de Evaristo Carvalho,
provocou nas últimas 48 horas, uma onda de rumores e especulações em todo o
país, sobre uma hipotética exoneração do Primeiro Ministro Jorge Bom
Jesus, e a consequente queda do governo.
Manuel Pinto da Costa,
ex-presidente da república, foi o porta voz da reunião e em nome dos
conselheiros do Estado, desmentiu tal possibilidade. «Não vai haver queda do
Governo. Desta reunião o que saiu é a necessidade de a gente encontrar um
espaço para melhor entendimento e diálogo entre os órgão de soberania, sem o
qual corremos o risco de fazer política em função dos interesses partidários»,
afirmou.
O porta voz do conselho de
Estado, deixou também claro que nem a especulada remodelação governamental, foi
tema de debate no salão nobre do palácio presidencial.
Segundo Manuel Pinto da Costa, a
despartidarização do país e da sociedade são-tomense, sim, absorveu a atenção
dos conselheiros do Estado. «Estamos numa sociedade que é preciso ter muito
cuidado. Ela está completamente partidarizada. Tão partidarizada que influencia
cada um de nós. E muitas vezes o individuo tem que se partidarizar para
garantir a sua sobrevivência. Enquanto isso prevalecer, todos os órgãos de
soberania e tudo quanto acontecer na República, será influenciado pelos
partidos», assegurou.
O Conselho de Estado constatou
que o país está a beira de uma ditadura dos partidos políticos. «Se a sociedade
civil não se organizar para ser uma força alternativa corremos o risco de
sermos submetidos a uma ditadura dos partidos», frisou.
O porta voz do Conselho do
Estado, transmitiu a preocupação manifestada pelos seus pares, face a constante
limpeza que é feita na administração do Estado, logo a seguir as eleições
legislativas. O partido que ganha as eleições, demite todos os quadros e
funcionários que não são seus militantes, e coloca no lugar os seus militantes.
Os quadros são-tomenses que são afastados, fazem a travessia do deserto durante
4 anos, ou menos, até o regresso do seu partido ao poder.
Momento em que regressam aos seus
tachos, e os que lá estavam são atirados para a travessia do deserto nas ilhas
do meio do mundo. «Não saímos do mesmo lugar. Não avançamos», reclamou o porta
voz do conselho de Estado.
É um dos vários dramas, que o
país vive, e que o bloqueia. Evaristo Carvalho, Presidente da República, foi
aconselhado a liderar a abertura do caminho neste deserto instalado no país,
para através do diálogo e da concertação, unir todos os filhos da terra, e
evitar assim que o caos se instale no país. «Chegamos a conclusão que se torna
necessário abrir o país a um diálogo, sob a direcção do Presidente da
República, …para definitivamente começarmos a conhecer o São Tomé e Príncipe
real. Chegamos a conclusão que o Presidente da República deve congregar forças
para sairmos disso, para começarmos a ter confiança no país e nos
dirigentes», pontuou o porta voz do conselho de Estado.
Segundo ainda o porta voz a
missão delegada ao Presidente da República, designado de Pai da Nação, deve
tratar também da alma são-tomense. «Temos que voltar a ter confiança em cada um
de nós, criar um sentimento de amizade e solidariedade. Cada um tem
o direito de pertencer ao partido que quiser, mas não tem o direito de fazer
mal a São Tomé e Príncipe », acrescentou.
Pinto da Costa, anunciou que o
Presidente da República Evaristo Carvalho, tomou boa nota dos conselhos dados.
O Chefe de Estado vai liderar o processo, que pode a curto prazo evitar, as
graves ameaças que pairam sobre a estabilidade na República Democrática de São
Tomé e Príncipe.
Os liceus do país estão inundados
de milhares de jovens, que dentro de 3 a 4 anos, precisarão de emprego, e não
parecem disponíveis para continuar a atravessar o deserto infinito. «Se não se
agir hoje para criar condições para absorver esses jovens, vamos ter crises e
instabilidades, e situação social extremamente grave. Isso para não termos
depois surpresas. A surpresa poderá ser muito desagradável. A surpresa que
poderíamos ter nos anos 80, é diferente da surpresa que podemos ter agora. Já
vimos o que aconteceu depois das eleições do ano passado…nos anos 80 nunca se
queimava carros», concluiu o porta voz do Conselho de Estado.
Os partidos políticos são
chamados a se despertarem para os desafios que o país tem em curto prazo. Devem
segundo o conselho de Estado, abandonar as lutas pelos “tachos” e vantagens
imediatas, e concentrarem energias na projecção do futuro sustentado para as
ilhas verdes.
Abel Veiga | Téla
Nón
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