Díli, 18 jun 2019 (Lusa) -- O
Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), maior partido da coligação
do Governo em Timor-Leste, lamentou hoje o que considera ser a falta de sentido
de Estado do Presidente do país, Francisco Guterres Lu-Olo.
"O partido CRNT lamenta a
falta de sentido de Estado do presidente da Fretilin, que está, também, de
jure, em funções como presidente de Timor-Leste", refere um comunicado do
CNRT, enviado à Lusa.
O comunicado surge na sequência
de uma reunião mantida na segunda-feira pela Comissão Política Nacional e pela
Comissão Diretiva Nacional do CNRT em Díli para "analisar a situação"
política que se vive no país.
No texto, o partido rejeita ainda
o que considera ser as contradições do Presidente de Timor-Leste sobre a
inclusão política e explica que não autoriza quaisquer dirigentes do CNRT a
tomarem "qualquer iniciativa para diálogo seja com quem for".
A nota, enviada à Lusa, pretende
"clarificar algumas dúvidas que possam permanecer na sociedade
timorense" depois da reunião do passado fim de semana da liderança da
coligação do Governo, a Aliança de Mudança para o Progresso (AMP).
Na mesma nota, o maior partido do
Governo, liderado por Xanana Gusmão, critica igualmente o que classifica como a
"inércia" da justiça e dos atores judiciais por não ter atuado
perante "a delapidação de dezenas de milhões de dólares do fundo soberano
com práticas contrárias ao bem-estar do país" alegadamente cometidas na
Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA), segundo uma auditoria
da Câmara de Contas.
A RAEOA é presidida por Mari
Alkatiri, secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente
(Fretilin), atualmente na oposição.
O CNRT diz que essa postura da
justiça contrasta com a posição adotada face a membros de anteriores Governos
liderados pelo CNRT que foram condenados por "prejuízos de 10 mil
dólares", provocando um "sentimento de angústia" e a perceção de
que a justiça "não atua em defesa do bem-estar da nação e do povo, mas sim
"pelos interesses dos partidos".
No comunicado, o CNRT rejeita
ainda as críticas dos que exigem debates sobre o investimento na costa sul, mas
que depois não participam nesses debates, como o que ocorreu em dezembro do ano
passado em Díli onde o Presidente da República e a liderança máxima da Fretilin
não estiveram presentes.
A Aliança de Mudança para o
Progresso (AMP), que venceu as eleições de 2018 com maioria absoluta é formada
pelo CNRT, de Xanana Gusmão, pelo Partido de Libertação Nacional (PLP) do
primeiro-ministro Taur Matan Ruak e pelo Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor
Oan (KHUNTO).
ASP//MIM
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