quinta-feira, 25 de julho de 2019

Angola | O diálogo e a concertação


Jornal de Angola | editorial

O diálogo e a concertação entre as entidades empregadoras, públicas ou privadas, e os representantes dos seus trabalhadores, é sempre a melhor via para se resolver diferendos laborais e outras reivindicações. Aqueles dois pressupostos são importantes, quando devidamente explorados por todas as partes, transformando-se hoje numa espécie de barómetro que permite mensurar o grau menor, maior ou eventualmente inexistente do seu exercício nas organizações.

Na verdade, os contenciosos laborais que envolvem as administrações de algumas empresas e os seus trabalhadores, reveladores de problemas por que passam determinadas instituições, não devem ser encarados como situações embaraçosas em si mesmas. 

O processo torna-se embaraçoso quando, até certo ponto, a capacidade de contornar os problemas, recorrendo a recursos baratos e acessíveis tais como o diálogo e a concertação, acaba superada pela impaciência, pela gestão injustificável dos “egos”, entre outros males.

Ao lado da comunicação e informação, vale sempre a pena explorar as vias pelas quais as entidades com poder de gestão e decisão podem, com os seus colaboradores, chegar a pontos de convergência. Na concertação, é importante haver cedências e concessões para que os interesses das partes, ao longo da auscultação mútua, convirjam no essencial para preservar o bem comum.

Mas não nos devemos espantar, nem problematizar quando confrontados com anúncios de greves ou rupturas temporárias das linhas de comunicação entre as duas entidades, a empregadora e a dos empregados. Espantemo-nos, sim, se as partes não forem capazes de juntarem-se à mesa para, no âmbito do diálogo e concertação, dirimirem e superarem as suas diferenças. 

Não podemos esperar que, em tudo e relativamente às questões laborais, as pessoas estejam sempre de acordo, razão pela qual e por força da referida inevitabilidade é sempre importante a possibilidade de antecipação aos factos. 

Há realidades, vividas em muitas instituições, públicas e privadas, ligadas à gestão do pessoal, ao exercício da chefia, à acção do poder disciplinar, entre outros, que são verdadeiras "bombas-relógio” no que aos conflitos dizem respeito. 

Atendendo à natureza humana, sempre propensa a exigir mais e melhor, facto natural e normal, nada melhor que o diálogo e concertação permanentes como forma de aproximar posições e, assim, evitarem males maiores. 

Acreditamos que, independentemente das situações por que passam as empresas, na relação com os seus colaboradores, o diálogo e a concertação funcionam e devem funcionar sempre como medidas preventivas contra os efeitos contrários à existência daquele importante binómio. 

Se optarmos sempre e preferencialmente pela via do diálogo e concertação seremos mais dignos da construção de uma sociedade livre, justa, democrática, solidária, de paz, igualdade e progresso social.

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