O MPPM protesta contra a
perseguição e a criminalização crescentes daqueles que se solidarizam com o
povo palestiniano, nomeadamente Ángeles Maestro, em Espanha, e Khaled Barakat,
na Alemanha.
Num comunicado emitido na
quarta-feira, o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio
Oriente (MPPM) protesta contra a perseguição à solidariedade com a «causa
palestiniana».
Refere-se, concretamente, ao caso de Ángeles Maestro e de outras duas mulheres solidárias
com a Palestina, que são acusadas pela Audiência Nacional espanhola de
colaboração com «organização terrorista» por terem recolhido fundos para a
reconstrução da Faixa de Gaza, após a agressão israelita de 2014, que
entregaram a Leila Khaled, conhecida dirigente da Frente Popular para a
Libertação da Palestina (FPLP).
Também perseguido pela sua
actividade em prol da Palestina é Khaled Barakat, escritor palestiniano que, na
Alemanha, foi alvo de uma «interdição política» que o impede de
participar em quaisquer actividades ou eventos políticos. Barakat está
ainda ameaçado, tal como Charlotte Kates, coordenadora internacional da
Samidoun – Rede de Solidariedade com os Presos Palestinianos, com a não
renovação da sua autorização de residência no país, explica o MPPM.
Khaled Barakat, que foi impedido
pelas autoridades de Berlim, no passado dia 22 de Junho, de falar sobre o
chamado «Acordo do Século», não se pode «envolver em quaisquer actividades
políticas até 31 de Julho», revela a Samidoun no seu portal, acrescentando que o
escritor palestiniano interpôs um recurso na Justiça alemã e, no passado dia 10
de Julho, falou no Parlamento Europeu sobre a repressão que os oradores
palestinianos enfrentam na Europa e nos territórios sob ocupação israelita.
Tentativas de criminalizar e
desligitimar a solidariedade com o povo palestiniano
No documento ontem divulgado, o
MPPM destaca «o recrudescimento, em vários países, das tentativas de
criminalizar e deslegitimar a solidariedade com o povo palestiniano,
nomeadamente procurando estabelecer uma espúria equivalência da crítica ao
sionismo e à política de Israel com o anti-semitismo». Exemplo disso, refere, é
«a inaceitável resolução do Bundestag alemão visando equiparar a
anti-semitismo o movimento internacional BDS (Boicote, Desinvestimento,
Sanções)».
O MPPM denuncia ainda a adopção –
também por Portugal – da definição de anti-semitismo da International Holocaust
Remembrance Alliance (IHRA), que confunde «deliberadamente com anti-semitismo a
crítica à política de Israel e ao sionismo», e «abre as portas à limitação da
liberdade de expressão e à criminalização da solidariedade com a causa do povo
palestiniano».
Personalidades, movimentos e
partidos políticos solidários com «os legítimos direitos do povo palestiniano
são alvo dessa linha de ataque», que é activamente promovida pelo Estado de
Israel, nomeadamente através do seu Ministério dos Assuntos Estratégicos,
denuncia o MPPM, frisando que, ao invés, se assiste a «uma cada vez maior
aproximação entre o regime sionista de Israel e governos e forças políticas de
extrema-direita, racistas e mesmo, esses sim, anti-semitas».
Neste contexto, o organismo
solidário português reafirma «a inteira legitimidade da crítica ao sionismo e
às políticas de Israel, e rejeita que esta seja assimilada ao anti-semitismo»,
como o têm feito nos últimos meses muitas centenas de académicos e intelectuais
israelitas e judeus.
AbrilAbril
Imagem: Acção de solidariedade com Khaled Barakat em Bruxelas CréditosKhaled
Hashem / Samidoun
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