quinta-feira, 29 de agosto de 2019

30 de Agosto | REFERENDO DE INDEPENDÊNCIA DE TIMOR-LESTE – 20 ANOS


Em 30 de Agosto de 1999 realizou-se em Timor-Leste o referendo para a independência da ex-colónia portuguesa sob o domínio da Indonésia após cerca de 25 anos de invasão (1975) violenta e assassina das forças militares e militarizadas do regime do ditador Shuarto.

Na atualidade, em 30 de Agosto, amanhã, comemora-se no país os 20 anos da votação em referendo que abriu caminho à independência e posterior reconhecimento mundial da República Democrática de Timor-Leste.

Sobre o tema trazemos o texto parcial de Wikipédia e seguidamente, do Jornal Tornado, parcialmente, apresentamos o artigo de J.T. Matebian, em Timor-Leste. Depois é só seguir as ligações que deixamos e inteirar-se nas referidas fontes sobre o ocorrido historicamente e como está Timor-Leste na atualidade.

Passados 20 anos grassa a pobreza e a riqueza também. Mais de dois terços de pouco mais de um milhão de timorenses sobrevive pobremente, muitas vezes miseravelmente. A classe média situa-se em menos de um terço da referida população, enquanto que a elite – políticos, familiares e algum empresariado enriqueceu surpreendentemente, exponencialmente, imoralmente. Concluiu-se há muito que Indonésia e a ONU (UNTAET) deixaram naquele país o vírus da corrupção bem ativo, infelizmente.

Com regozijo e em memória aos mais de 200 mil timorense assassinados durante a ocupação do regime ditatorial de Shuarto deixamos a porta aberta para o acesso à causa de Timor-Leste nestas comemorações dos 20 anos de alguma liberdade, independência e democracia. Também de reconstrução do país do sol nascente, Timor Lorosae.

Redação PG

Referendo de independência de Timor-Leste de 1999

O referendo sobre a independência do Timor-Leste foi realizado em 30 de agosto de 1999, como decisão política sobre o Timor-Leste, um país do Sudeste Asiático. As origens do referendo deram-se com o pedido feito pelo Presidente da IndonésiaBacharuddin Jusuf Habibie, ao Secretário-geral das Nações UnidasKofi Annan, em 27 de janeiro de 1999. O pedido consistia em realizar um referendo em Timor-Leste, no qual seria dado, à província indonésia, o poder de escolha de uma maior autonomia dentro da Indonésia ou a independência.

Nos meses anteriores, o Presidente Jusuf Habibie tinha feito várias declarações públicas em que ele mencionava que os custos de manutenção de subsídios monetários para apoiar a província não foram equilibrados por qualquer benefício mensurável para a Indonésia. Devido a esta desfavorável análise custo-benefício, a decisão mais racional seria ser dada, à província, que não fazia parte dos limites originais da Indonésia até 1945, a escolha democrática sobre se queria ou não permanecer na Indonésia. Esta escolha também ficou em pauta com o programa de democratização geral de Habibie, no período pós-Suharto.

Como etapa de acompanhamento para o pedido de Habibie, a ONU organizou reunião entre o governo indonésio e o governo português(que detinha a autoridade colonial anterior sobre Timor-Leste).[1] Em 5 de maio de 1999, essas negociações resultaram no "Acordo entre a República da Indonésia e a República Portuguesa sobre a Questão de Timor-Leste". O referendo seria realizado para determinar se Timor Leste permaneceria parte da Indonésia como uma Região Autónoma Especial, ou separar-se-ia da Indonésia.[2] O referendo foi organizado e monitorado pela Missão das Nações Unidas em Timor-Leste (UNAMET) e 450 000 pessoas estavam aptas a votar, incluindo 13 000 timorenses fora dos limites territoriais do Timor-Leste.



20 anos de referendo em Timor-Leste

A UNTAET transmitiu de facto o poder aos timorenses?


Esta é a pergunta colocada pelo político e académico Avelino Coelho, após 20 anos da data que assinalou o referendo em Timor-Leste, em 30 de Agosto de 1999, e depois do governo transitório da ONU ter cumprido a sua missão.

Passadas duas décadas do referendo em Timor-Leste e da restauração da independência em 2002 persistem os problemas socioeconómicos neste país lusófono. Para tentar analisar-se a situação em que este país se encontra, decidimos auscultar a opinião de um dos nacionalistas mais coerentes e respeitados de Timor-Leste, Avelino Maria Coelho da Silva.

Interpelado pelo nosso Jornal sobre o day after do Referendo, Avelino Coelho interroga-se: “a UNTAET transmitiu de facto o poder aos timorenses?”.

O referendo e as questões não resolvidas

As negociações tripartidas conduzidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) e envolvendo Portugal e a Indonésia, apesar da controvérsia que gerou, culminaram, em 5 de Maio de 1999, com a assinatura de um acordo para a realização de uma consulta Popular em Timor-Leste que ocorreu no dia 30 de Agosto de 1999, há duas décadas.

Por ocasião da efeméride, o Parlamento Nacional de Timor-Leste  anunciou a edição para breve de um livro «sobre o Referendo» para honrar a memória de todos aqueles que sofreram no arrastado conflito político-militar cujos excessos provocaram a morte de muitos milhares de pessoas.

A propósito do referendo, Avelino Coelho, conhecido durante a luta de libertação pelo nome de código “Shalar kosi / FF”, e considerado um dos principais líderes da Frente Clandestina, referiu que o referendo expressou “a realização histórica de um povo que acreditou no seu direito e por ela, denodadamente, se bateu, apesar das incomensuráveis dificuldades e desafios”.

Mas, passaram 20 anos do referendo, e persistem muitos problemas socioeconómicos neste país lusófono, havendo inúmeras questões não resolvidas. A reflexão em torno das consequências da realização do referendo, segundo Coelho, é por isso “um imperativo nacional na medida em que apesar de termos anunciado a nossa independência, é sabido que mesmo depois da Libertação, persistem os problemas sócio-económicos, sem solução, e arrastam-se cada vez mais, distanciando as famílias das vítimas da realização dos sonhos pelos quais os seus ente queridos deram a vida”.

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