Preparação das presidenciais
continua a gerar muita polémica na Guiné-Bissau, com contestações dos partidos
à iniciativa do governo de realizar algumas correções nos cadernos eleitorais.
A polémica gira à volta das
correções às omissões constatadas pelo Governo e os partidos políticos, nos
cadernos eleitorais. Em março último, um pouco mais de 25 mil eleitores),
apesar de terem sido recenseados, não puderam votar nas eleições legislativas,
porque os seus nomes não constaram nos cadernos eleitorais.
Agora, a iniciativa das correções
dos cadernos, visa, segundo as autoridades, identificar os cidadãos em causa,
resolver a situação, com a inclusão dos seus nomes nos cadernos e permitir que
possam votar nas presidenciais marcadas
para novembro próximo.
Mas, a iniciativa não é do agrado
aos partidos da oposição, que já falam da preparação de uma série de fraudes
eleitorais. Até a Assembleia do Povo Unido-Partido Democrático da Guiné-Bissau
(APU-PDGB), um dos integrantes do executivo e uma das formações políticas que
suporta o atual Governo no Parlamento, também está contra as correções das
omissões.
Na segunda-feira (26.08.), à
saída de uma reunião com a ministra da Administração Territorial, Batista Té,
um dos vice-presidentes do partido, tornou pública a posição da APU-PDGB:
Para Batista Té "devemos
respeitar a lei eleitoral, cujo artigo três diz que essas correções fazem-se no
momento do recenseamento eleitoral, e agora não estamos no recenseamento. Se é
ilegal não vamos acompanhar esse trabalho... não vamos participar na
fiscalização. Essas omissões nos cadernos eleitorais foram detetadas no momento
das eleições legislativas, altura em que deviam ser corrigidas, mas não foram e
até as pessoas votaram. Já temos os cadernos eleitorais numa situação de
neutralidade e ninguém pode mexer neles", disse o dirigente
da APU-PDGB.
No meio da polémica, apesar de
defender a legalidade, o Presidente do Movimento Nacional da Sociedade Civil
para a Paz, Democracia e Desenvolvimento, Fodé Carambá Sanhá, pede a abertura
de diálogo, entre as forças políticas da Guiné-Bissau, para que a situação seja
ultrapassada:
"Pode-se abrir um diálogo,
ouvindo os partidos políticos e os candidatos. A sociedade civil vai estar
presente para encorajar as iniciativas e apoiar o que é essencial por forma
permitir que os cidadãos em idade de votar possam exercer o seu direito de
voto".
Pretextos para inviabilizar o
pleito
Também ouvido pela DW África, o
analista político, Rui Landim, disse que os pretextos são para inviabilizar a
realização das eleições, mas reconhece que há uma crise de confiança entre os
atores políticos guineenses.
"É uma perspetiva de um
clima pré-eleitoral, onde há sempre hesitações e, sobretudo, numa situação de
crise de confiança. Os atores políticos não só têm crise de confiança, como há
um nível bastante elevado de suspeição e desconfiança. É toda uma tentativa de
adiar as eleições. É mais uma réplica daquilo que foram as eleições
legislativas quando não se queriam as eleições e assistimos todos aqui,
que tudo vale, tudo serve como pretexto".
Contudo, Rui Landim aponta o
diálogo político como uma solução para toda a contestação.
"O bom senso deve imperar.
Se as pessoas querem dialogar e dizer concretamente o que se quer, mas que se
incida, sobretudo, num processo, porque esses dados são os dados validados, na
base do qual se realizara as eleições legislativas".
O executivo ainda não se
pronunciou sobre essas contestações dos partidos políticos, mas recorda-se que
o Governo já tinha deixara entender que, por falta de tempo até eleições e por
falta de meios financeiros, não há possibilidade para um novo recenseamento
eleitoral de raiz.
Iancuba Dansó (Bissau) | Deutsche Welle
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