"Parece haver um bom número
de pessoas que, de bom grado, destruiriam o mundo inteiro em vez de admitir que
a guerra nuclear não é uma opção e de se retirarem da situação (como fez
Kruschev na crise dos mísseis cubanos) ..."
... Dez segundos para a meia
noite.
Depois de ler a história de
Daniel Ellsberg sobre o seu impacto na postura de guerra nuclear global, dos
EUA, The Doomsday Machine, eu pensaria que o Relógio do Apocalipse, tal
como está regulado pelos membros do Boletim dos Cientistas Atómicos, está a ser
moderado ao estabelecer dois minutos. A situação descrita por Ellsberg é real -
e não há dúvida de que é assim porque ele participou na sua criação - então,
novamente, através da sua escrita, estamos, seguramente, muito mais próximos da
meia noite da Humanidade do que a margem de dois minutos.
Vivi toda a minha vida sob a
ameaça da aniquilação nuclear [1], assim como a maioria da população actual do
mundo. Às vezes, essa ameaça assustava-me seriamente, especialmente quando
criava e sustentava a minha família; outras vezes, mais recentemente, consegui
afastar-me desses receios concretos. Por qualquer razão, The Doomsday
Machine trouxe de volta todos aqueles medos primitivos, se bem que moral e
fisicamente saudáveis. A escrita de Ellsberg é clara e contundente, não
académica, mas escrita de maneira anedótica, o que aumenta a intensidade do
sentimento de que as instituições, mas, principalmente, as personalidades
individuais que controlam toda esta problemática, são profundamente
imperfeitas. Ele não os retrata como deficientes mentais, mas qualquer um
que possa conceber acções que possam destruir o mundo e, depois, agir de acordo
com a continuação dessas acções, deveria ser considerado como profundamente
malvado.
O livro está dividido
essencialmente em três partes, embora mencionado como tendo só duas partes. A
primeira parte cobre o seu trabalho na RAND Corporation, sobre a criação de
cenários à volta de guerras nucleares. Dentro desse campo de acção, admite que
algumas das suas recomendações, em vez de aliviar o que ele pensava ser suicida
(omnicidal = extinção total da espécie humana como resultado da acção humana),
na verdade, pioraram a situação. A segunda parte, descreve pormenores,
relativamente desconhecidos, daquilo que foi tramado por trás da face pública
da crise dos mísseis cubanos, e que, de facto, estivemos à distância do inverno
nuclear, dependendo da decisão limitada de um homem.
Menciono este último aspecto
porque os planeadores da guerra nuclear pensavam que, mesmo que as suas armas
pudessem destruir centenas de milhões, se não biliões de vidas, restaria algo
que sobraria para ser "ganho". Só anos mais tarde é que a compreensão
do inverno nuclear entrou em cena, de tal forma que, não só existirá
uma super matança nuclear, uma hecatombe maciça global provocada pela radiação,
como também haverá uma década prolongada de temperaturas muito frias devido aos
fumos na atmosfera e às poeiras das explosões.
A terceira parte do livro,
"Part II: The Road to Doomsday /O caminho para o Juízo Final",
entrelaça esta ideia com os planos de todos os Estados nucleares terem um
dispositivo de segurança ou um "interruptor do homem morto", ou seja,
um sistema em que, se os principais controladores forem "decapitados"
num first strike, a capacidade de retaliar é delegada a uma longa linha de
autoridade até chegar ao nível dos pilotos/lançadores individuais, já
preparados para partir. Embora hoje existam nove potências nucleares, só as
duas grandes, a Rússia e os EUA são consideradas como tendo poder de fogo para
criar um inverno nuclear completo, embora seja indicado que uma guerra entre
Índia e o Paquistão, embora limitada, poderia resultar num intervalo de tempo
de temperaturas globais muito mais frias. O que não foi mencionado foi a
probabilidade de que, se uma das potências menores começasse a usar armas
nucleares, as probabilidades de limitação fossem provavelmente próximas de
zero, à medida que as comunicações fossem destruídas e aumentasse as
necessidades de ameaças.
A Teoria do Louco
Outra ideia arrepiante, que beira
a verdadeira loucura, é a teoria do louco, de Nixon. Diz que, para que as
ameaças sejam eficazes, a ideia de que o dirigente é um pouco louco reforçaria
essas ameaças. Como descrito por Ellsberg, aparentemente teve o seu efeito em
várias situações em que os EUA consideraram o uso de armas nucleares. Considerando
a talvez não louca, mas definitivamente egoísta, narcisista e altamente
ignorante liderança actual de Trump (tudo isso somado à loucura?), a teoria da
loucura de Nixon torna-se ainda mais significativa.
Trump cercou-se de conselheiros e
militares que favorecem a guerra. Este caso não é muito fora do comum na
política dos EUA, mas a marca actual realmente parece gostar de matar e
torturar outras pessoas inventadas. Essa atitude manifesta-se agora na
Russofobia, espalhada anarquicamente através da comunicação mediática e da
propaganda corporativa ocidental.
Ao mesmo tempo, a Rússia reforçou
a sua posição defensiva e, se o seu discurso recente for baseado em acontecimentos
reais, a Rússia negou qualquer superioridade que os EUA possam considerar que
possuíam. Outros pontos de fricção, criados principalmente pela beligerância
dos EUA, incluem a Ucrânia, a Coreia do Norte e a postura dos EUA/Israel contra
um Irão não nuclear e signatário.
Então temos agora duas Máquinas
do Juízo Final a enfrentar-se, uma à outra, com o lado americano ainda a
salientar a sua capacidade e desejo aparente de recorrer a um 'first strike'
com armas nucleares, como se, até certo ponto, eles pudessem conseguir criar
uma situação na qual isso funcionaria - enquanto deveriam estar cientes de
que, uma vez as hostilidades iniciadas, as oportunidades de serem interrompidas
seriam praticamente nulas. Parece que há um bom número de pessoas que
destruiriam o mundo inteiro, de bom grado, em vez de admitir que a guerra
nuclear não é uma opção e que se devem retirar dessa situação (como fez
Kruschev na crise dos mísseis cubanos).
Só podemos esperar que a teoria
do Louco nunca passe de uma teoria.
O fim da Humanidade
Ao finalizar a secção da Máquina
do Juízo Final, Ellsberg solicita vários passos que precisam ser dados para
desarmar o confronto. São essencialmente, bom senso e ideias simples, embora
sejam ignoradas pelos que estão no poder, que dizem continuamente ao público,
que esses assuntos são complexos e não são fáceis. Se bem que o cálculo de dez
segundos para a meia noite possa estar errado - afinal, é apenas uma metáfora
de como estamos perto da destruição planetária - a história pessoal de
Ellsberg em The Doomsday Machine perturba essa parte de mim, os aspectos
emocionais, morais, que dizem que estamos sempre condenados a
morrer devido, de facto, à estupidez, à ignorância e à loucura dos nossos
dirigentes políticos, militares e corporativos.
PENSAMENTOS FINAIS
00:00:10 segundos para a meia
noite
Vivi toda a minha vida à sombra
das notificações do Boletim dos Cientistas Atómicos e do Relógio do Juízo
Final. Actualmente, estão definidos dois minutos para a meia noite após muitos
anos de variações,algumas distando dezassete minutos. Depois de ler The
Doomsday Machine, de Daniel Ellsberg, provavelmente seria mais apropriado
avançar dez segundos para a meia noite. A combinação dos dois factores
principais - mudança climática global e lançamento de armas nucleares em
risco de alerta - coloca não apenas a Humanidade, mas praticamente
todas as espécies, sob a ameaça da extinção.
Claro que é apenas uma metáfora.
Obviamente, se estiver a ler este artigo, pelo menos, vários períodos de dez
segundos até à meia noite já passaram, sem haver destruição. Em relação à
mudança climática global, já é meia noite para os que morreram devido aos
vários episódios de tempestades, secas, inundações e escassez de alimentos que
acompanham esse fenómeno. Embora o aquecimento global esteja assegurado pela
produção de dióxido de carbono da Humanidade, existe a possibilidade de que
alguma forma de humanidade sobreviva, noutra era.
Essa circunstância é nula no caso
de guerra nuclear. Ao contrário do aquecimento global, para a maioria das
pessoas, a guerra nuclear está encerrada de maneira segura, dentro das
múltiplas alienações com aquilo que as distrai e entretém e/ou na azáfama da
vida do dia a dia e, por conseguinte, não tem impacto ou não é recordada
diariamente.É indiscutível que a grande maioria da Humanidade não compreende,
verdadeiramente, o impacto final de uma guerra nuclear em qualquer parte do
mundo - um estado de espírito, que os poderes estabelecidos no Ocidente,
estão bastante satisfeitos por verem que prevalece.
Mudança de direcção - o mesmo
conceito aplica-se à mudança climática global. Quanto maior for a
distracção, o obscurecimento e a dissimulação ( através da mentira, da
ocultação e da ignorância) sobre a mudança climática,mais fácil é para o sector
militar-industrial continuar o seu caminho para pilhar riquezas. Esses
acontecimentos terão efeitos menores durante a minha vida, com problemas
crescentes para todas as gerações futuras, um ligeiro aumento do calor para
que, cada nova geração, encare como sendo normal. Isto é, a menos que, mais
cedo ou mais tarde, num dado momento, seja alcançado um ponto de desvio que
mude o que agora consideramos um clima bastante benigno e o torne numa ameaça
para a maioria da Humanidade.
Estes dois acontecimentos
- guerra nuclear e aquecimento global - estão intimamente
ligados.
A mudança climática aumenta a
possibilidade de conflitos entre grupos diferentes, de migrações em massa, fome
generalizada, devastação dos recursos de que a Humanidade precisa para
sobreviver. Com a perda de capacidade de produção de oxigénio e o factor tóxico
do excesso de dióxido de carbono, a sobrevivência será difícil. Poderá resultar
em mais guerras, provavelmente, já tendo uma influência, especialmente no Médio
Oriente e no Sahel, mais guerras que levam à possibilidade de guerras mais
agressivas que opõem nações nucleares a outras nações nucleares ou não
nucleares.
Os factores da guerra nuclear
para a sobrevivência da Humanidade incluem a óbvia destruição inicial, os
efeitos de radiação secundários e persistentes e o inverno nuclear. Não
estamos a considerar o inevitável derretimento das mais de quatrocentas
centrais nucleares espalhadas pelo mundo, quatrocentas possíveis
Chernobyls, Three Mile Islands e Fukushimas. O planeamento da guerra é
tal, que os EUA têm as opções de first strike 'em cima da mesa', ao
mesmo tempo em que a Rússia sinalizou que tem uma nova geração de armas
ofensivas e defensivas - criada, principalmente, após a revogação dos EUA do
Tratado ABM (Tratado de mísseis anti-balísticos) de 1972. A China é calculada
nos planos dos EUA, de forma um pouco descontraída, visto que a China ainda é
considerada, de forma pouco realista, muito menos avançada tecnologicamente.
Inicialmente, os planeadores de guerra dos EUA perceberam que centenas de milhões
de indivíduos poderiam morrer numa guerra nuclear, desconhecendo as
consequências do inverno nuclear. Quando essa última hipótese foi
discutida e considerada quase inevitável após tal guerra, essa taxa sobe para
incluir a maior parte da vida na Terra. O inverno nuclear é uma mudança
climática global, ampla e repentina, em toda a face da Terra.
A Geopolítica condena-nos....?
A causa dominante em toda esta
situação é a visão geopolítica norte-americana de domínio global - hegemonia -
sob o pretexto de uma perspectiva económica neoliberal e de um conceito
político neoconservador. É uma sociedade baseada no consumo do indivíduo,
durante toda a sua vida, promovido através de uma propaganda publicitária no
sentido material, o pretensioso e irrealista "individualismo
inflexível" de Reagan e da Rand Corporation, e as ideias emotivas de ser a
nação indispensável do mundo. Para apoiar o lado material, o mundo
corporativo/empresarial - desde as indústrias militares, as corporações
financeiras, até aos grandes meios de comunicação mediática - apoia as guerras
e as agitações em curso, em todo o mundo, para colher os recursos e usar a mão
de obra barata necessária para manter a economia doméstica estável.
Esta geopolítica é ajudada e
incentivada pelos inúmeros aliados bajuladores. Essencialmente, a
Europa tem estado ocupada e subordinada desde a Segunda Guerra Mundial,
certamente depois da NATO ter sido criada e ainda mais, com a sua expansão
para Leste. O Canadá é, de facto, o 51º estado da União. A Austrália
copia e repete a linha dos EUA, especialmente, no sul e no leste da Ásia. O
Japão e a Coreia do Sul são semelhantes aos países europeus que foram
reconstruidos através da ditadura autocrática ou de governos subordinados da
classe executiva, juntamente com grandes contingentes de militares dos EUA, que
permanecem estacionados aí. Outros países, muitos deles ditaduras teocráticas
(Arábia Saudita e os membros do Conselho do Golfo), elaboraram um plano de apoio
com os EUA para não serem atacados, como outros que rejeitaram o domínio dos
EUA, que sofreram subversão e ataques directos (o Iraque, a Líbia e a Síria são
os principais exemplos).
Os EUA não estão imunes a certas
formas de contra-ataque. Israel é a cauda que frequentemente o cachorro
americano abana e tem uma poderosa posição de lobby dentro do Congresso.
Da mesma maneira, os sauditas têm um grande lobby, procurando meios para
garantir a sua segurança, mas acima de tudo para garantir a circulação dos dólares
que ganham. Se precisassem, os dois países abandonariam o cachorro para se
voltarem para outro benfeitor que se adequasse às suas circunstâncias e
desejos.
O dólar condena-nos....?
Sem o poder do dólar, os EUA
entrariam, geopoliticamente, em colapso. Não é o facto do uso omnipresente do
dólar, do seu poder de subornar e coagir, mas do seu uso como moeda de
reserva global. Para negociar globalmente, as instituições do consenso de
Washington (ou seja, aquelas instituições supostamente funcionando independentemente
em todo o mundo - o Banco Mundial, o FMI, a OMC, SWIFT, BIS) criaram um
ambiente financeiro no qual o dólar americano reina acima de todas as
outras moedas. Somente os EUA podem "imprimir" o seu dinheiro,
apenas os EUA podem ter um desequilíbrio comercial devido à necessidade global
do dólar, e unicamente os EUA podem carregar uma carga de dívida tão grande sem
entrar em colapso. Somente os EUA podem ter um orçamento militar tão grande
(triliões de dólares, se todos os aspectos, tais como os locais nucleares e as
medidas de segurança, forem adicionadas). Tudo isto, a partir do momento em que
os EUA se retiraram do padrão ouro e das suas limitações.
A verdadeira ameaça ao dólar
seria a sua falta de uso, algo que a Rússia sugeriu desejar, mas a China, ainda
mais vigorosamente, declarou abertamente que a era do dólar, como
única moeda fiduciária global, está a chegar ao fim.Embora a China tenha sido
apontada como competidora/concorrente comercial, é a Rússia que se tornou no
"outro" neocon, o país que deve ser difamado e desacreditado,
independentemente, das evidências e das verdades. A Rússia tem uma enorme
riqueza em recursos, um sector agrícola forte, uma área de manufactura e
tecnologia renovada, uma economia relativamente estável (apesar das sanções e
independentemente dos relatos da comunicação mediática dos EUA) e um
grande arsenal nuclear - e agora uma força militar testada e experiente,
usada numa guerra assimétrica. Tendo superado as pilhagens de Yeltsin e dos EUA
da era da doutrina do choque, a Rússia recuperou para tornar-se novamente numa
grande potência, no palco geopolítico. A Rússia e a China foram unidas como
resultado das acções dos EUA que ameaçaram, económica e militarmente, esses
dois países.
Os que são, moral e
intelectualmente, cretinos condenam-nos....?
Os meandros filosóficos da
geopolítica, a sua vaidade, arrogância, ignorância intencional, combinam-se com
o poder do dólar e com o poder dos militares para conduzir a nossa existência
para junto da meia noite. No passado, o que nos salvou, foram os poucos
indivíduos com inteligência bastante e certeza moral suficiente,
que, estando no lugar certo, na hora certa, impediram qualquer catástrofe
nuclear até ao momento. Esse tipo de pessoas é escasso e estão afastados da
mentalidade militar e política dos líderes ocidentais, já que a tarefa deste
últimos, na melhor das hipóteses, é serem incapazes de pensar crítica e
moralmente. O processo de verificação através dos sistemas ocidentais
"democráticos" assegura que, apenas os mentalmente deficientes,
os mentalmente instáveis, aqueles que são fáceis de ser manipulados pelo
'Estado Profundo' irão estar sempre a ocupar os cargos de liderança.
Não importa muito se o governo
fanfarrão do Canadá, com o seu apoio bajulador à política externa dos EUA e com
a sua russofobia cuidadosamente elaborada, surgindo da mente distorcida de
Chrystia Freeland, pede acções contra a Rússia ou contra a China. No entanto,
os actuais moradores no ninho de cucos de Washington - ao mesmo tempo que
continuam e agravam, simplesmente, todas as campanhas das guerra anteriores do
governo dos EUA - devem assustar-nos imenso. Actualmente, os militares estão
bem abrigados nas principais posições do poder não eleito, enquanto John
Bolton, o político que promove a guerra sem ter nenhuma experiência dela,
circula por toda a parte à procura de carnificina.
O próprio Trump é um líder
arrogante, narcisista, ignorante e rapidamente manipulado. A sua fala
improvisada só demonstra a incapacidade de juntar pensamentos coerentes para
formular um plano, realçando, ao mesmo tempo, a sua falta de qualquer
sensibilidade moral. Assim sendo, são as pessoas que ele trouxe para a Casa
Branca juntamente com as que já estão na mesma trajectória dos seus comentários
de "fogo e fúria", que são a grande preocupação, a preocupação da
guerra nuclear. Não tenho certeza da maneira como eles o fazem, mas de alguma
forma, nas suas mentes, é possível uma guerra nuclear de 'first
strike', um pequeno ataque nuclear táctico em pequena escala pode ser contido e
não haverá resposta às ameaças.
Soluções e um futuro pessimista
As soluções são fáceis: eliminem
as armas nucleares e mudem o nosso estilo de vida de consumismo e tornem-se
altamente inovadores usando a tecnologia da energia. Simples. Só que o
mundo que quer uma solução simples tem de lidar com os cretinos e com os
idiotas que, por qualquer razão, são capazes de convencer a maioria de que
eles devem permanecer no poder. Parte disso é conseguido proporcionando o
conforto aconchegante da vida da forma mais barata possível, culpando os outros
quando isso não pode ser alcançado ao nível pessoal, criando o mito do 'rugged
individualism' (individualismo dependente da ajuda do Estado) que é culpa da
própria pessoa e então, finalmente,encontrar e criar um inimigo para
redireccionar essa raiva e distrair a população das raízes nacionais do
problema.
A solução 'simples' é bloqueada
por um sistema de educação bastante desordenado, uma comunicação mediática
controlada por corporações/empresas e um Estado polícia militarizado, cada vez
maior. É este último que impedirá a mudança, uma vez que os actuais "um
por cento" não abandonarão o poder e o controlo sem luta, uma luta que as
populações nacionais não parecem ter nelas, nem sequer é visível latentemente.
Por outras palavras, enquanto as soluções estão disponíveis para uma mente
moral e racional, a estrutura imperial é tal, que essas mentes terão pouco ou
nenhum efeito sobre os resultados.
Os EUA (bem como o 'mundo
ocidental') mudarão, apenas, sob duas circunstâncias relacionadas.
Primeiro, seria o fim do dólar como moeda fiduciária global. A
corrida repentina de dólares a regressar a 'casa' e os impagáveis triliões da
dívida entrariam em colapso na economia, e as economias do resto do mundo
sofreriam significativamente - com o aviso de que a Rússia e a China já têm um
sistema de troca a funcionar, separado da aprovação de Washington, mencionada
anteriormente. Para onde então Israel e Arábia Saudita? Europa?
Então, a próxima consideração é
se os EUA cairão sem iniciar uma guerra nuclear e se trarão os militares para
casa.A China e a Rússia provavelmente preferem que seja uma aterragem 'suave'
para a economia dos EUA, sem realmente perturbar muito a riqueza dos poderes
actuais, permitindo que eles continuem a residir com relativa facilidade numa
nação que se transformou num país do terceiro mundo (pobre) e sem apoio para se
tornar num império militar global. Uma aterragem 'forçada', uma quebra
repentina da economia por um acontecimento previsto (por exemplo, a chegada da
bolsa-padrão do petróleo na China) ou algum outro evento imprevisto pode
desencadear uma resposta 'dura' associada a todos os desafios dos EUA como
sendo guerras(às drogas, ao crime). O conjunto global das bases militares pode
então ser colocado em acção, no desastre global.
Aproximando-nos da meia noite
O mundo em si, o mundo natural,
não exige que os humanos existam. O que fazemos é uma espécie de milagre,
desenvolvendo-nos a partir das probabilidades de todas as interacções que nos
precederam. Se deixarmos de existir, o planeta irá girar à volta da nossa
estrela, durante biliões de anos sem nós. No entanto, importamo-nos de alguma
maneira. Chamem-lhe o que quiserem, mas as pessoas esforçam-se pela continuação
da vida, pela realização e, a maior parte, para transmitir um mundo melhor aos
nossos filhos e netos. A Humanidade como espécie é uma coisa temporária,
mas enquanto estivermos aqui, será que não nos deveríamos esforçar para
nos livrarmos daquilo que nos poderá matar,para nos movermos para
aquele espaço que as nossas mentes, supostamente bem desenvolvidas, podem
criar, de tal forma que todos nós possamos coexistir pacificamente? É uma
possibilidade muito reduzida, tornando-se mais pequena à medida que o
relógio se aproxima da meia noite.
[1] Eu uso a designação
"nuclear" em vez de 'atómica', visto que todas as armas
modernas são significativamente mais poderosas que o tipo original usado no
Japão. É preciso uma dessas para incendiar as armas nucleares mais
poderosas. Infelizmente, a maioria das pessoas continua a ignorar os
efeitos reais das armas nucleares e da guerra nuclear.
Em Pravda.ru
Ver DOCUMENTARY AND DRAMATIC FILMS ON NUCLEAR WEAPONS/ DOCUMENTÁRIOS E FILMES DRAMÁTICOS SOBRE ARMAS NUCLEARES
Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
Email: luissavasconcellos20122gmail.com
Posted by luisavasconcellos2012@gmail.com at 11:42 AM
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