Paulo Baldaia* | Jornal
de Notícias | opinião
A mais recente entrevista de
António Costa serviu para o primeiro-ministro confessar que a resistência
eleitoral do Bloco de Esquerda o chateia. Não apenas pelas razões por ele
evocadas mas, sobretudo, porque a maioria absoluta ainda não está garantida. A ânsia
de ser notícia ao meio-dia, crítica feita pelo líder do PS aos bloquistas, é
uma coisa que cola muito bem a este Governo que vive na ânsia de comunicar tudo
que corre bem e desculpabilizar-se de tudo o que corre mal. O BE pode até estar
convencido que comunica muito bem, mas nesse campo é completamente amador ao
lado do PS. O que o BE sempre teve, e talvez agora tenha menos, são redações
muito amigáveis.
O abraço de urso que António
Costa dá ao PCP e a Jerónimo de Sousa faz parte da estratégia para tentar
chegar à maioria absoluta. Se os votos de um Bloco em crescimento são
maioritariamente de um eleitorado flutuante e jovem e que pode, por isso, ser
disputado palmo a palmo, os votos do PCP são de eleitores pouco avessos a
mudanças e com muitos anos de antipatia aos socialistas. Convencê-los de que
agora PS e PCP são dois partidos irmãos é um passo essencial para receber o
voto útil dos comunistas.
O que havia para os socialistas
conquistarem à Direita já está conquistado, dificilmente ganham ali mais alguma
coisa que se veja. Ora, fica evidente que ainda se vão passar coisas em
campanha, entre as esquerdas que se uniram no Parlamento, que não serão bonitas
de se ver. António Costa sente-se seguro para tentar chegar à maioria absoluta
encavalitado na "geringonça" e se não chegar também não tem problema
nenhum. Todos vão oferecer dote para governar com o PS .
*Jornalista
Sem comentários:
Enviar um comentário