terça-feira, 27 de agosto de 2019

Portugal | Maioria às cavalistas da "geringonça"


Paulo Baldaia* | Jornal de Notícias | opinião

A mais recente entrevista de António Costa serviu para o primeiro-ministro confessar que a resistência eleitoral do Bloco de Esquerda o chateia. Não apenas pelas razões por ele evocadas mas, sobretudo, porque a maioria absoluta ainda não está garantida. A ânsia de ser notícia ao meio-dia, crítica feita pelo líder do PS aos bloquistas, é uma coisa que cola muito bem a este Governo que vive na ânsia de comunicar tudo que corre bem e desculpabilizar-se de tudo o que corre mal. O BE pode até estar convencido que comunica muito bem, mas nesse campo é completamente amador ao lado do PS. O que o BE sempre teve, e talvez agora tenha menos, são redações muito amigáveis.

O abraço de urso que António Costa dá ao PCP e a Jerónimo de Sousa faz parte da estratégia para tentar chegar à maioria absoluta. Se os votos de um Bloco em crescimento são maioritariamente de um eleitorado flutuante e jovem e que pode, por isso, ser disputado palmo a palmo, os votos do PCP são de eleitores pouco avessos a mudanças e com muitos anos de antipatia aos socialistas. Convencê-los de que agora PS e PCP são dois partidos irmãos é um passo essencial para receber o voto útil dos comunistas.

O que havia para os socialistas conquistarem à Direita já está conquistado, dificilmente ganham ali mais alguma coisa que se veja. Ora, fica evidente que ainda se vão passar coisas em campanha, entre as esquerdas que se uniram no Parlamento, que não serão bonitas de se ver. António Costa sente-se seguro para tentar chegar à maioria absoluta encavalitado na "geringonça" e se não chegar também não tem problema nenhum. Todos vão oferecer dote para governar com o PS .

*Jornalista

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