Díli, 30 ago 2019 -- O Presidente
da República timorense recordou hoje os principais momentos da luta pela
independência de Timor-Leste, afirmando que continua a ser necessário um
esforço conjunto para construir e consolidar o Estado.
"Ainda há um longo caminho a
percorrer na construção e desenvolvimento da nossa democracia e do nosso Estado
para garantirmos que o nosso povo expresse e desenvolva a nossa cultura e
vontade política, e que continue a afirmar a nossa identidade nacional",
afirmou hoje Francisco Guterres Lu-Olo
"Estas aspirações serão
materializadas se conseguirmos garantir a participação democrática dos cidadãos
e alcançar resultados económicos e sociais que beneficiem e tragam progresso
para todos", afirmou.
Lu-Olo, que falava nas cerimónias
oficiais dos 20 anos do referendo, disse que é necessário mais esforço em áreas
múltiplas, desde as forças de segurança à justiça, da descentralização e
reforma administrativa.
E em que são necessários
"entendimentos e consensos" para responder aos desafios atuais, desde
o aumento das receitas não-petrolíferas ao fortalecimento da economia, o
combate à má-nutrição e a igualdade de género.
Um longo discurso proferido para
uma extensa plateia, incluindo os principais líderes do país, o presidente da
Assembleia da República portuguesas, chefes do Governo e ministros de vários
países, incluindo Portugal, Austrália, Vanuatu, Indonésia e Cabo Verde, entre
outros.
Entre os convidados estava Ian
Martin, representante do secretário-geral das Nações Unidas e dois outros dos
ex-funcionários que mais acompanharam a questão de Timor-Leste, Francesc
Vendrell e Tamrat Samuel.
Um encontro num dia histórico num
"local de grande significado histórico", para recordar o maior feito
dos timorenses, afirmou, uma celebração da "coragem demonstrada pela ida
às urnas e pelo voto pela independência" do país.
"Este é o dia de
reafirmarmos a coragem e dedicação do nosso povo, e de honrarmos a memória e
homenagearmos os nossos heróis. É o dia da nossa libertação", disse.
Recordando vários dos passos da
luta e o papel de figuras como Xanana Gusmão e Ximenes Belo, ou o impacto
internacional das imagens de Max Stahl do massacre de Santa Cruz, em 1991,
Lu-Olo referiu-se ao trabalho da rede clandestina e dos jovens da Resistência
Nacional dos Estudantes de Timor-Leste (Renetil), entre eles o já falecido
Fernando Lasama de Araújo.
No discurso referências ainda ao
"envolvimento de vários grupos de solidariedade em vários países,
incluindo na Indonésia", a fazerem aumentar a pressão que, a par da mudança
política em Jacarta, abria as portas ao referendo.
"Destaco especialmente o
saudoso Kofi Annan, então secretário-geral das Nações Unidas, e Portugal, como
país administrante. Recordo ainda os países de língua portuguesa em África, que
asseguraram a retaguarda estratégica da nossa luta diplomática no âmbito da
luta pela libertação nacional", afirmou.
Um esforço conjunto, dentro e
fora de Timor-Leste, que levou ao acordo de 05 de maio de 1999, entre Portugal
e a Indonésia sob supervisão do então responsável da ONU, Kofi Annan.
"Em nome do povo de
Timor-Leste, o Presidente da República toma esta ocasião para publicamente
agradecer a Portugal, à Indonésia e à ONU pelos esforços na busca de um caminho
que permitiu aos timorenses decidir o seu próprio destino", afirmou.
E onde se destacou o trabalho de
figuras da diáspora, como José Ramos-Horta e Mari Alkatiri, entre outros.
Depois virou-se para dentro, para
os heróis nacionais, para os líderes da Frente Revolucionária de Timor-Leste
Independente (Fretilin), que declarou unilateralmente a independência a 28 de
novembro de 1975 e o seu braço armado, as Forças Armadas de Libertação Nacional
de Timor-Leste (Falintil), que seriam depois o braço armado de toda a luta e a
génese das atuais forças de defesa.
Base de apoio à luta
político-militar que se tornaram escolas de cidadania, "ajudando a
fortalecer a solidariedade entre os timorenses e a consolidar a unidade e a
consciência nacionalista".
Depois a reorganização sob
comando de Xanana Gusmão, a partir de 1981, a criação anos depois da organização
política que quis ser representativa de todos os timorenses, o Conselho
Nacional da Resistência Timorense (CNRT).
ASP
Imagem: PR de Timor-Leste, Francisco Guterres Lú Olo. // TATOLI
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