As patrulhas norte-americanas e
turcas no norte da Síria tiveram um início difícil, com o presidente turco
Recep Tayyip Erdogan acusando seus aliados estadunidenses de tomar partido de
"terroristas" e ameaçando sua própria "zona segura" se as
negociações nos EUA parassem.
"Parece que o aliado da
Turquia está atrás de uma zona segura no norte da Síria, não para a
Turquia, mas para o grupo terrorista. Rejeitamos essa abordagem", afirmou
Erdogan perante uma multidão de apoiantes em Malatya no domingo.
Em agosto, oficiais militares
turcos e norte-americanos concordaram em criar uma zona segura no norte da
Síria e desenvolver um "corredor da paz" para facilitar o retorno dos
sírios deslocados. Os dois aliados da OTAN também planeiam estabelecer um
centro de operações conjunto. No entanto, Washington quer abrigar seus aliados
curdos na zona, enquanto Erdogan os quer removidos, já que a Turquia os
considera terroristas.
"Se a formação de fato de
uma zona segura a leste do rio Eufrates com soldados turcos não for
iniciada até o final de setembro, a Turquia não terá escolha a não ser partir
sozinha", continuou Erdogan.
Conflito com curdos
A Turquia realiza uma campanha militar de baixa intensidade contra as milícias curdas ao
longo de sua fronteira com a Síria há quatro décadas, uma campanha que matou
quase 40.000 pessoas, a maioria curdas.
No entanto, os curdos na Síria
são aliados dos EUA na luta contra terroristas do Estado Islâmico, uma situação
que irrita Ancara. No domingo, Erdogan comparou vários grupos de milícias
curdas ao próprio Estado Islâmico e criticou os EUA por apoiá-los.
"Queremos criar uma área
limpa de Daesh (proibido na Rússia e em vários outros países) junto com o PKK e
suas extensões PYD-YPG-SDG", prosseguiu ele. "Somente assim podemos
garantir que nossos irmãos e irmãs sírios que vivem em nosso país, na Europa ou
em outro lugar, podem voltar para suas casas e viver em paz e segurança".
Quando Erdogan proferiu seu
discurso, tropas norte-americanas e turcas embarcaram nas primeiras patrulhas
conjuntas pelo local proposto da zona segura. Apoiados por drones e
helicópteros de reconhecimento, as tropas partiram de perto da cidade
fronteiriça turca de Akcakale na manhã de domingo.
Se o tom das declarações de
Erdogan é algo para continuar, o futuro de tais patrulhas já está em um começo
difícil. Diferenças estratégicas à parte, o líder turco também chamou as atuais
patrulhas inadequadas para cumprir os objetivos de ambos os lados.
É "insuficiente" formar
uma zona segura no norte da Síria com "3-5 voos de helicóptero, cinco a 10
patrulhas de veículos e algumas centenas de soldados na área", completou
ele à multidão em Malatya.
Sputnik | © Reuters / Umit Bektas
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