A Europa e os EUA compartilham
valores comuns há décadas, mas os europeus não deveriam contar mais com a
assistência militar americana e deveriam procurar outros centros de poder,
argumentou a chanceler alemã Angela Merkel.
Faz 30 anos que o final da Guerra
Fria revelou "uma nova narrativa da distribuição global de energia",
declarou Merkel a parlamentares em Berlim.
"Existe uma superpotência
militar e económica, os EUA", com a qual a Europa foi ligada "através
de um sistema de valores", ponderou a chanceler alemã.
Apesar de todas as diferenças,
"ainda existe a semelhança entre nós", admitiu ela, mas alertou
contra o estabelecimento de expectativas muito altas quando se trata do futuro
dos laços EUA-Europa.
"Os EUA não desempenharão
mais automaticamente o papel de defensor da Europa, como durante a Guerra
Fria", sentenciou.
Merkel acrescentou que
"devemos fortalecer o vínculo transatlântico" e gradualmente avançar
para gastar 2% do PIB em defesa, exatamente o que o governo Trump deseja da
Alemanha e de outros aliados da OTAN.
Não está claro se o apelo é um
sinal de que Merkel está se curvando à pressão dos EUA. Washington sempre
exigiu que a principal economia da Europa aumente seus gastos militares, com o
embaixador dos EUA Richard Grenell tentando empurrar Berlim para intervenções no Oriente Médio ou ameaçando realocar tropas americanas baseadas na
Alemanha para a Polónia.
A chanceler alemã há muito tempo
defende a redução da dependência da Europa dos EUA, pelo menos em termos de
política externa e de defesa. No ano passado, ela disse que é hora das nações
europeias "tomarem seu destino com suas próprias mãos", ao se unir ao
presidente francês Emmanuel Macron, que também defende maior soberania para a
União Europeia (UE).
Os principais membros do bloco
estão cada vez mais descontentes com a maneira como o governo Trump trata de
uma variedade de questões, desde o acordo nuclear do Irão em 2015 até o acordo
com a China. Merkel, por sua vez, não parece ter estabelecido um forte vínculo pessoal com
o presidente dos EUA.
Sputnik | Foto: © AP Photo / Evan
Vucc
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