Na conferência do clima, Merkel
pede mais cooperação internacional para combater o aquecimento global.
Chanceler também se reúne com Greta Thunberg. Com Brasil ausente, países
decidem doar US$ 500 milhões para Amazónia.
A chanceler federal da Alemanha,
Angela Merkel, disse nesta segunda-feira (23/09) durante a Conferência do Clima
das Nações Unidas que "não há dúvida" de que o aquecimento
global é causado pelos humanos e que a comunidade internacional precisa agir em
conjunto para conter a crise climática.
"Nós temos apenas uma
Terra", disse a chanceler, em Nova York. "É por isso que nós, como
representantes de países industrializados, temos o dever de usar a inovação, a
tecnologia e o dinheiro para construir um caminho para deter o aquecimento
global".
Merkel ainda aproveitou a ocasião
para promover as medidas que seu governo anunciou na
última sexta-feira como parte de uma iniciativa para reduzir as emissões de CO2
da Alemanha. O pacote inclui instituir taxas pelo "direito de
poluir" de proprietários de automóveis e o incentivo a viagens de
trem, entre outras medidas.
Ela descreveu a iniciativa como o
início de "uma profunda mudança" na Alemanha. O país europeu tem
apenas 1% da população global, mas é responsável por 2% das emissões de CO2 no
mundo. "Se todos se comportassem como nós, as emissões globais
dobrariam", disse.
Ainda segundo a chanceler, é
preciso promover essa mudança por meio de incentivos. "Há aqueles que
estão agindo, protestando e nos pressionando, mas existem os céticos",
disse. Por isso, segundo ela, "a tarefa de todos os governos é dialogar
com todas as pessoas".
O discurso de Merkel foi
acompanhado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que fez uma aparição
surpresa na conferência. Ele não havia confirmado presença anteriormente. Trump
apareceu junto com seu vice, Mike Pence, ainda durante a fala do
primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. Ele ouviu todo o discurso de Merkel
e deixou o local logo depois.
Antes do seu discurso, Merkel se
encontrou com a jovem ativista sueca Greta Thunberg, que nos últimos meses
ajudou a dar impulso ao movimento internacional contra as mudanças climáticas
ao promover greves escolares pelo clima ("Skolstrejk för klimatet").
Na última sexta-feira, o movimento promovido por Greta se metamorfoseou
na Greve
Global pelo Clima, que reuniu milhões de pessoas mundo afora para exigir
mais acao política contra as mudanças climáticas.
Greta também discursou na
conferência, logo antes de Merkel. Com um tom duro e emocional, ela disse:
"vocês roubaram meus sonhos de infância". "Pessoas estão
sofrendo, pessoas estão morrendo, ecossistemas inteiros estão entrando em
colapso", acusou. "Eu não deveria estar aqui, deveria estar na
escola, do outro lado do oceano", ressaltou a ativista.
"Estamos no início de uma
extinção em massa, e a única coisa que vocês sabem falar é sobre dinheiro e
contos de fada de crescimento económico eterno. Como vocês se atrevem? Vocês
estão falhando connosco. Mas os jovens estão começando a entender a sua
traição", disse ela, antes de receber aplausos intensos na sede das Nações
Unidas.
A conferência do clima, que
precede a Assembleia Geral da ONU, que começa na terça-feira, foi convocada
pelo secretário-geral, António Guterres. Além de Merkel e Modi, o presidente da
França, Emmanuel Macron, discursou. O governo federal do Brasil não tomou parte
na conferência.
Doações para florestas tropicais
Ainda no âmbito da conferência, o
Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento e a ONG Conservação
Internacional decidiram doar 500 milhões de dólares adicionais para o
reflorestamento da Amazónia e de outras florestas tropicais. O anúncio foi
feito pela presidência francesa durante uma reunião especial sobre a Amazónia
organizada nesta segunda-feira pela ONU.
A iniciativa do encontro foi do
presidente francês Emmanuel Macron, em conjunto com os presidentes do Chile,
Sebastián Piñera, da Colômbia, Iván Duque, e da Bolívia, Evo Morales. O Brasil,
mais uma vez, não participou.
Durante o encontro sobre a
Amazónia, Macron lamentou a ausência de representantes brasileiros. "O
Brasil é bem-vindo. Acho que todo mundo quer trabalhar com o Brasil."
Já o presidente Piñera destacou a
necessidade urgente de conservar florestas.
"Uma colaboração
internacional é necessária e urgente, e existe uma vontade enorme", disse
Piñera, cujo país organizará a cúpula para a luta contra a mudança climática
COP-25 em dezembro deste ano.
Entre as medidas que devem ser
promovidas pelo pacote, o Banco Mundial planeja estabelecer um programa
"Pro Green", com a ajuda da Alemanha e da França, para financiar
projetos da terra. Já o Banco Interamericano de Desenvolvimento financiará
ações nos grandes estados da Amazónia.
Além disso, a ONG americana Conservação
Internacional, que conta com o ator Harrison Ford entre seus diretores, apoiará
projetos locais liderados por organizações não governamentais, comunidades
indígenas e empresas privadas.
Deutsche Welle | JPS/afp/dpa/rt/ots
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