O Ministério Público venezuelano
abriu hoje uma investigação contra o líder da oposição, Juan Guaidó, e outros
dois colaboradores, por traição à pátria, por alegadamente estarem a negociar a
venda do território Esequibo, disputado pela Venezuela e Guiana.
O anúncio foi feito pelo
procurador-geral designado pela Assembleia Constituinte (composta por
simpatizantes do regime), Tareck William Saab, depois de o Presidente
venezuelano, Nicolás Maduro, acusar o líder opositor de pretender
entregar o Esequibo a petrolíferas estrangeiras.
Segundo o procurador-geral, os
colaboradores de Guaidó, neste caso Vanessa Neumann e Manuel Avendaño,
estariam relacionados com uma negociação ilegal que pretende desistir da
histórica reclamação da Venezuela sobre o Esequibo a troco de apoio
político do Reino Unido, o que constitui um crime traição à pátria.
"Queremos fazer uma chamada
de atenção e um alerta de como personagens anónimos, numa espécie de cartel,
aparecem em vários lugares do mundo, como membros deste governo virtual e
usurpador que é liderado pelo cidadão Juan Guaidó, em que se lhes dá uma
proeminência que não têm, para negociar não apenas o Esequibo, mas
também a Citgo (petrolífera venezuelana nos EUA), as
reservas de ouro venezuelano e as nossas contas bancárias", afirmou Tareck William
Saab numa conferência de imprensa em Caracas, capital do país.
O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro,
acusou hoje o presidente da Assembleia Nacional, presidida por Juan Guaidó e
que é detida maioritariamente pela oposição, de estar a negociar entregar o
território Esequibo à Guiana e instou o Ministério Público a atuar.
"Chegou às nossas mãos um
conjunto de provas de como este bandido e traidor da pátria, Juan Guaidó,
está a negociar o (território) Esequibo, para entregá-lo a
troco de apoio político ao seu fantasmagórico e pretendido governo
farsante", declarou Maduro.
O Presidente venezuelano falava durante
uma cerimónia no Forte de Tiúna, a principal base militar de Caracas,
durante a qual acusou o líder opositor de ter planos para entregar o Esequibo a
petrolíferas internacionais para que explorem os recursos energéticos aí
existentes.
"Acho que o Ministério
Público, e com convicção, tem de atuar de maneira expedita porque é
um delito de traição à pátria pretender entregar o Esequibo a troco
de vender o nosso país", frisou Nicolás Maduro.
O Presidente venezuelano divulgou
na ocasião o som de uma alegada conversa telefónica entre representantes de
Juan Guaidó, em que um deles afirmava "o Esequibo é da
Guiana e há que entregá-lo".
Em 29 de março de 2018, a Guiana anunciou ter
pedido a intervenção do Tribunal Internacional de Justiça para confirmar a validade
jurídica e o efeito vinculativo do texto arbitral de 1899 sobre o conflito que
mantém com a Venezuela, há mais de 50 anos, pelo território Esequibo.
O Acordo de Genebra de 1966 foi
celebrado entre a Venezuela e o Reino Unido, quando a Guiana era ainda uma
colónia britânica, que se tornou depois independente.
Desde então, a região de Essequibo está
sob mediação das Nações Unidas. Contudo, a disputa agudizou-se depois de a
norte-americana Exxon Mobil ter descoberto, em maio de 2015, jazidas
de petróleo em águas localizadas na zona do litígio.
O projeto de exploração
da Exxon Mobil, ao serviço da Guiana, tem lugar no território do Esequibo.
A Guiana insiste que possui
direitos sobre a zona reclamada, mas para a Venezuela a única área sobre
a qual é possível negociar é o mar, com base no Acordo de Genebra.
Caracas diz ter delimitado a sua
plataforma continental com Trinidad e Tobago, mas que não o faz com a Guiana
enquanto não houver um acordo mutuamente satisfatório.
A atual fronteira entre
ambos países foi delimitada em 1899.
Notícias ao Minuto | Lusa | Foto:
Reuters
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