sábado, 7 de setembro de 2019

Guerra entre Colômbia e Venezuela está prestes a começar?


A última notícia sobre o aumento das tensões entre Caracas e Bogotá foi o alerta laranja decretado pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em resposta à "ameaça de agressão" por parte da Colômbia.

A pesquisadora colombiana-venezuelana María Fernanda Barreto explicou à Sputnik Mundo se de fato pode haver um conflito militar de grande escala entre Caracas e Bogotá, ou se a guerra já começou há anos e ninguém ainda a anunciou.

O líder colombiano Iván Duque foi acusado por Maduro na terça-feira (3) de querer criar uma "série de falsos positivos" para desencadear a guerra. O presidente venezuelano declarou, por sua vez, que o país vai realizar exercícios militares de 10 a 28 de setembro em toda a fronteira com a Colômbia.

A declaração do presidente da Venezuela seguiu a denúncia apresentada pelo ministro venezuelano da Comunicação, Jorge Rodríguez, de que no país vizinho existiriam três centros de treinamento militar para realizar ações de desestabilização em Caracas, sob a proteção do governo de Duque e de sua força política.


Guerra teria já começado

Na opinião da analista, é preciso primeiro analisar o papel que foi atribuído à Colômbia pelos Estados Unidos.

"[A Colômbia] tornou-se a principal base dos EUA na região latino-americana do ponto de vista militar, económico e político", afirma a pesquisadora, adicionando que o "país colombiano começou a ser usado como canal para atacar a Venezuela".

"Eles usaram táticas de guerra de aproximação indireta através da Colômbia e executaram uma série de ações na Venezuela, como sabotagem económica, invasão paramilitar, uma série de operações para desestabilizar a Revolução Bolivariana", destaca.

Para Barreto, uma dessas grandes operações ocorreu em 23 de fevereiro, quando os Estados Unidos tentaram uma entrada pela força na Venezuela através da fronteira colombiano-venezuelana, apresentando o evento como uma tentativa de ajuda humanitária. O governo colombiano abriu suas pontes internacionais para que grupos treinados agissem a fim de escalar a violência e chegar a um ponto de ruptura e entrada em território venezuelano.

Esta ação foi televisionada pelas grandes agências de notícias como uma montagem cinematográfica que acabou por não conseguir atingir seu objetivo.

Conflito sem solução

"A Colômbia é um país em guerra […] há um conflito interno social e armado que não foi resolvido nos últimos 60 anos, teve momentos de diálogo, de acordo, mas o conflito não teve solução", destaca a analista.

A pesquisadora acredita que o conflito serviu para "justificar sua indústria militar e seus negócios relacionados à guerra, mas o Estado colombiano nunca assumiu a responsabilidade pela guerra que criou e sustentou".

"O conflito subjacente é o conflito de classes, e a primeira vítima do Estado colombiano é o povo colombiano, e esse povo em parte é, e deve aprender a ser, o melhor aliado do povo venezuelano", diz a pesquisadora.

"Além do governo, tanto a burguesia venezuelana como a colombiana estão unidas no mesmo projeto histórico a favor dos Estados Unidos na região. Falando do Estado colombiano, do governo e dos poderes factuais, essa guerra entre esse Estado e o venezuelano está acontecendo de forma irregular", reforça Maria Barreto.

Manobras de grande escala

Após a declaração de "alerta laranja" diante da "ameaça colombiana", Maduro anunciou nesta sexta-feira (5) a implantação de um sistema de mísseis de defesa antiaérea na fronteira com a Colômbia.

As manobras militares ocorrerão em comemoração do 14º aniversário da criação do Comando Estratégico Operacional das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (CEOFANB) para "sintonizar todo o sistema de armas" e garantir que a Venezuela "preserva sua segurança, paz e tranquilidade", complementou Maduro.

Sputnik | Foto: © Reuters / Carlos Eduardo Ramirez

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