A última notícia sobre o aumento
das tensões entre Caracas e Bogotá foi o alerta laranja decretado pelo
presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em resposta à "ameaça de
agressão" por parte da Colômbia.
A pesquisadora
colombiana-venezuelana María Fernanda Barreto explicou à Sputnik Mundo se de fato pode haver um conflito
militar de grande escala entre Caracas e Bogotá, ou se a guerra já começou há
anos e ninguém ainda a anunciou.
O líder colombiano Iván Duque foi
acusado por Maduro na terça-feira (3) de querer criar uma "série de falsos positivos" para desencadear a guerra.
O presidente venezuelano declarou, por sua vez, que o país vai realizar
exercícios militares de 10 a
28 de setembro em toda a fronteira com a Colômbia.
A declaração do presidente da
Venezuela seguiu a denúncia apresentada pelo ministro venezuelano da Comunicação,
Jorge Rodríguez, de que no país vizinho existiriam três centros de treinamento
militar para realizar ações de desestabilização em Caracas, sob a proteção do
governo de Duque e de sua força política.
Guerra teria já começado
Na opinião da analista, é preciso
primeiro analisar o papel que foi atribuído à Colômbia pelos Estados Unidos.
"[A Colômbia] tornou-se a
principal base dos EUA na região latino-americana do ponto de vista militar,
económico e político", afirma a pesquisadora, adicionando que o "país
colombiano começou a ser usado como canal para atacar a Venezuela".
"Eles usaram táticas de
guerra de aproximação indireta através da Colômbia e executaram uma série de
ações na Venezuela, como sabotagem económica, invasão paramilitar, uma série de
operações para desestabilizar a Revolução Bolivariana", destaca.
Para Barreto, uma dessas grandes
operações ocorreu em 23 de fevereiro, quando os Estados Unidos tentaram uma
entrada pela força na Venezuela através da fronteira colombiano-venezuelana,
apresentando o evento como uma tentativa de ajuda humanitária. O governo
colombiano abriu suas pontes internacionais para que grupos treinados agissem a
fim de escalar a violência e chegar a um ponto de ruptura e entrada em
território venezuelano.
Esta ação foi televisionada pelas
grandes agências de notícias como uma montagem cinematográfica que acabou por
não conseguir atingir seu objetivo.
Conflito sem solução
"A Colômbia é um país em
guerra […] há um conflito interno social e armado que não foi resolvido nos
últimos 60 anos, teve momentos de diálogo, de acordo, mas o conflito não teve
solução", destaca a analista.
A pesquisadora acredita que o
conflito serviu para "justificar sua indústria militar e seus negócios
relacionados à guerra, mas o Estado colombiano nunca assumiu a responsabilidade
pela guerra que criou e sustentou".
"O conflito subjacente é o
conflito de classes, e a primeira vítima do Estado colombiano é o povo
colombiano, e esse povo em parte é, e deve aprender a ser, o melhor aliado do
povo venezuelano", diz a pesquisadora.
"Além do governo, tanto a
burguesia venezuelana como a colombiana estão unidas no mesmo projeto histórico
a favor dos Estados Unidos na região. Falando do Estado colombiano, do governo
e dos poderes factuais, essa guerra entre esse Estado e o venezuelano está
acontecendo de forma irregular", reforça Maria Barreto.
Manobras de grande escala
Após a declaração de "alerta
laranja" diante da "ameaça colombiana", Maduro anunciou nesta
sexta-feira (5) a implantação de um sistema de mísseis de defesa antiaérea na fronteira com a
Colômbia.
As manobras militares ocorrerão em comemoração do 14º
aniversário da criação do Comando Estratégico Operacional das Forças Armadas
Nacionais Bolivarianas (CEOFANB) para "sintonizar todo o sistema de
armas" e garantir que a Venezuela "preserva sua segurança, paz e
tranquilidade", complementou Maduro.
Sputnik | Foto: © Reuters /
Carlos Eduardo Ramirez
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