Ativistas e analistas
moçambicanos apontam para a falta de clareza nos manifestos eleitorais dos
partidos políticos concorrentes às eleições de 15 de outubro. Entretanto,
partidos desvalorizam críticas.
Está difícil compreender a
essência dos manifestos eleitorais dos partidos políticos que pedem voto para
governar Moçambique, após as eleições gerais de 15 de outubro deste ano. A
constatação é de analistas e membros de organizações da sociedade civil, que
discutiram esta quinta-feira (03.10), em Maputo, a agenda dos partidos que, há
cerca de um mês estão em campanha eleitoral.
A falta de clareza quanto aos
problemas que impedem o desenvolvimento, que os concorrentes pretendem
resolver caso vençam as eleições, é um dos aspetos apontados por Dalva
Mangoba, da Coalizão, uma organização da sociedade civil defensora dos Direitos
Humanos das Mulheres.
"Como representante [da
sociedade civil], [estou] um pouco dececionada, porque os partidos estiveram
unânimes em repetir o que já vinham fazendo nos anos anteriores. Não disseram o
que vão fazer", criticou Mangoba, dizendo, por exemplo, que os concorrentes
"deixaram de lado as preocupações de mulheres rurais, assim como questões
de educação".
Na ótica de Víctor Fazenda, do
Parlamento Juvenil, esta situação dificulta a decisão dos cidadãos
relativamente a quem votar, pois os manifestos eleitorais não passam de mera
repetição do que cada um dos concorrentes apresenta.
Para Fazenda, "os manifestos
são muito vagos e alinhados na continuidade" e não fazem uma "reforma
profunda" em relação às preocupações dos cidadãos.
O Bispo Dinís Matsolo, da Igreja
Anglicana, acredita que a solução para esta falta de clareza passa pelo
envolvimento dos cidadãos na conceção dos manifestos eleitorais.
"Sonho por um momento em
que, em vez de o povo esperar ouvir os manifestos eleitorais daqueles que
querem governar, seria o povo a desenhar e vender o seu manifesto aos partidos
políticos", explicou.
Partidos têm opinião contrária
Mas para Venâncio Mondlane, da
Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), a campanha do seu partido é clara.
"Estamos a falar de uma campanha extraordinária. Mesmo em zonas onde a
RENAMO não tem tido grandes resultados, temos uma recetividade extremamente
positiva da mensagem do nosso presidente".
A mesma opinião é partilhada pela
Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), através do seu porta-voz
Caifadine Manasse. "Nós difundimos a mensagem de paz, de unidade e de
desenvolvimento, para continuarmos todos unidos para desenvolvermos o nosso
país".
Sónia Mboa, do Movimento
Democrático de Moçambique (MDM), defende que as ideias do seu partido são
facilmente perceptíveis pelo eleitorado. "Nesta campanha eleitoral, o MDM
tem uma participação positiva, principalmente no que diz respeito à
participação da mulher".
Estas foram as principais
constatações levantadas durante um debate inserido na Feira dos Manifestos
Eleitorais, esta quinta-feira (03.10), em Maputo, que discutiu a agenda dos
partidos políticos envolvidos na campanha eleitoral rumo às eleições gerais de
15 de outubro em Moçambique.
Ernesto Saúl (Maputo) | Deutsche
Welle
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