Embaixadores do bloco concordam,
em princípio, sobre necessidade de adiamento mas não sobre prazo. Entenda os
três cenários mais prováveis no Reino Unido caso o prazo de saída do bloco seja
novamente estendido.
O primeiro-ministro britânico,
Boris Johnson, ainda espera que os outros 27 chefes de Estado e de governo da
UE se manifestem sobre se concordam ou não que o Brexit seja adiado. A decisão,
originalmente esperada para a quarta-feira passada, foi adiada para a próxima
semana.
Nesta sexta-feira (25/10), os
embaixadores da UE concordaram, em princípio, sobre a necessidade de um
adiamento mas não sobre seu prazo. Eles se reunirão novamente na próxima
segunda ou terça-feira em Bruxelas. "Houve uma concordância geral
sobre a necessidade de um adiamento", afirmou um funcionário da UE após o
encontro dos embaixadores dos 27 outros membros da UE.
Sendo assim, embora seja
praticamente certo que Bruxelas adiará de novo a data do Brexit, ainda é
preciso decidir quanto tempo durará a prorrogação do prazo.
A própria porta-voz da Comissão
Europeia, Mina Andreeva, admitiu nesta sexta-feira ter havido um acordo sobre
"o princípio de uma extensão" e que os responsáveis continuarão
trabalhando no assunto nos próximos dias.
O primeiro-ministro Boris
Johnson, após ser forçado pelo Parlamento britânico, solicitou à UE uma
prorrogação de três meses da data de saída, prevista atualmente para 31 de outubro,
com a opção de o prazo terminar mais cedo se os deputados britânicos
conseguirem finalizar o processo do Brexit. Johnson enviou um pedido de
adiamento neste fim de semana, embora relutante e num texto sem
assinatura.
O negociador da UE para o Brexit,
Michel Barnier, reconheceu, após participar da reunião de embaixadores, que os
27 Estados-membros não foram capazes de decidir a duração da prorrogação, mas
classificou a discussão como "excelente".
O presidente do Conselho Europeu,
Donald Tusk, disse que recomendará que o pedido seja aceito, enquanto os
políticos alemães também indicaram a mesma disposição, em tese.
No entanto, o governo da França,
que muitas vezes foi o que mais reclamou durante as negociações do Brexit,
expressou ceticismo e levantou a possibilidade de um adiamento mais curto,
destinado a permitir somente tempo hábil para se tentar aprovar o atual acordo
do Brexit no Parlamento britânico.
Considerando que a UE aceite
alguma forma de adiamento, cenário mais provável, o que acontece a seguir
em Westminster? Como os políticos britânicos conseguirão avançar após 41 meses
de impasse desde o referendo de 2016? Três cenários parecem mais prováveis:
Opção 1: Prorrogação do prazo,
sem eleição, tentativa de aprovar o acordo
A saída mais rápida é o governo
minoritário de Boris Johnson tentar aprovar o atual acordo do Brexit no
Parlamento. No entanto, isso exigirá pelo menos algum apoio da oposição, porque
os conservadores não conseguem aprovar um acordo sozinhos.
O acordo corre o risco de não ser
aprovado no Parlamento ou ser alterado de tal forma que a UE passe a se opor ao
texto, o que também pode inviabilizá-lo.
O benefício de se escolher essa
rota, do ponto de vista de muitos parlamentares, seria concluir a primeira
etapa do processo do Brexit antes da realização de uma eleição geral. Quase
todos os deputados conservadores e trabalhistas prometeram, durante a campanha
de 2017, tirar o Reino Unido da UE, de uma maneira ou de outra, a fim de
cumprir a decisão do referendo.
Johnson disse à oposição que, se
ela concordar com sua data proposta para novas eleições (12 de
dezembro), ele concederá mais tempo para debater e assinar o acordo antes de
dissolver o Parlamento para a campanha eleitoral. Se eles recusarem a ideia,
Johnson ameaçou efetivamente paralisar o governo.
Opção 2: Prorrogação do prazo,
eleição, conservadores vencem
Seja antes ou depois de o
Parlamento aprovar o Brexit, o Reino Unido parece fadado a ter uma eleição
geral mais cedo ou mais tarde.
O primeiro-ministro precisará do
apoio da oposição para que ocorra uma eleição antecipada, mas a liderança do
Partido Trabalhista indicou possível disposição para a realização do pleito
após o adiamento estar garantido.
Pesquisas recentes sugerem que os
conservadores ganhariam a maioria se uma votação fosse realizada agora.
Entretanto, as pesquisas de intenção de voto têm se mostrado bastante voláteis
desde o referendo de 2016. Em 2017, Theresa May convocou uma eleição
antecipada, esperando uma grande maioria, mas viu seu apoio encolher e a
oposição crescer quando os votos foram computados.
Se os conservadores ganharem a
maioria, o caminho para aprovar o acordo de Boris Johnson estaria livre.
Opção 3: Prorrogação do prazo,
eleição, mudança de governo
Se os trabalhistas conquistam a
maioria, ou vários partidos da oposição se unirem para formar uma coligação
anticonservadora, o caminho a seguir se torna mais obscuro. O que parece certo,
porém, é que os vencedores precisariam de um adiamento muito mais longo do que
apenas três meses.
Qualquer governo não conservador
– mesmo uma coalizão – seria quase certamente liderado pelo Partido Trabalhista
de Jeremy Corbyn, por isso seria uma suposição razoável de que o plano proposto
por eles para o Brexit seja usado como um modelo.
O partido de Corbyn, se eleito,
promete renegociar um acordo diferente e mais suave com a UE e depois levar
esse acordo para ser votado pela população através de um referendo, contra a
opção de permanecer na UE.
Cada etapa desse processo
certamente levaria vários meses – considerando que a paciência da Europa ainda
dure. Mas o atraso adicional seria adocicado pela perspectiva em potencial de a
UE manter todos os seus 28 membros.
Mark Hallam (md) | Deutsche Welle
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