A UE está desenvolvendo um
sistema de pagamento alternativo ao Visa e MasterCard; a necessidade do sistema
seria principalmente política, devido à dominação das companhias americanas.
20 bancos europeus estão
desenvolvendo um sistema de pagamento pan-europeu que pode substituir os
cartões Visa e MasterCard. Chama-se PEPSI, Pan-European Payment System
Initiative.
Segundo fontes da agência AFP, a maior
parte dos bancos franceses, bem como o Deutsche Bank alemão, está envolvida no
desenvolvimento do sistema. No entanto, nenhuma entidade bancária europeia
confirmou oficialmente a sua participação no projeto.
As fontes explicam que a
iniciativa de criar o sistema surge porque o problema é político e não "estritamente técnico".
O Banco Central Europeu teria começado a se preocupar com a soberania dos
pagamentos a partir de 2017.
Americanos lideram na Europa
De acordo com a Retail Banking
Research, os americanos lideram o mundo dos cartões de pagamento com 2,2
bilhões de cartões Visa e 1,9 bilhão de MasterCard. Há também o sistema Diners
Club (107 milhões de cartões) e o American Express (70 milhões de cartões),
ambos também dos EUA.
Embora sempre tenham existido
sistemas locais na Europa, nos últimos anos estes perderam terreno. "Na
Europa, 9 em cada 10 euros de pagamentos com cartão são feitos com Visa ou
MasterCard", disse Ivan Kapustiansky, consultor financeiro e especialista
em investimentos pessoais, ao diário russo
Vzglyad.
No entanto, o mundo dos sistemas de pagamento está mudando ativamente.
Em termos de números de cartões, o principal concorrente dos americanos é o
gigante chinês Union Pay, que já emitiu 3,5 bilhões de cartões. Em 2017, a
Union Pay representava 44% de todos os cartões de pagamento no mundo, enquanto
a Visa e a MasterCard perfaziam 21% e 16% , respectivamente.
"No entanto, o sistema de
pagamentos chinês abrange principalmente os países asiáticos, que absorvem esse
volume de cartões devido à grande densidade populacional da região. Ao mesmo
tempo, os americanos reinam na Europa", diz Mark Goichmann, chefe do grupo
de analistas CAFT.
Exemplo da China e da Rússia
Não é só a China que tem os seus
próprios sistemas de pagamento. Após a introdução das sanções ocidentais, a Rússia
criou o seu cartão Mir, que é aceito em sete países, incluindo a Turquia.
"O exemplo do sistema de
pagamento russo Mir mostrou que a rejeição dos sistemas internacionais não só é
possível, como também razoável do ponto de vista da segurança, sendo também uma
forma de reduzir o impacto da pressão das sanções", explica Sergei
Alpatov, diretor comercial da Chronopay.
"Os europeus decidiram
seguir o caminho da China e da Rússia, que criaram os seus próprios sistemas de
pagamento nacionais. Os motivos de Moscou e Pequim são compreensíveis, mas por
que razão está a União Europeia a fazê-lo? Afinal, os Estados Unidos não
impuseram sanções contra os europeus e não lançaram quaisquer guerras
comerciais. Por outro lado, se Moscou anunciou em voz alta a criação de seu
próprio sistema nacional de pagamentos devido à pressão ocidental,
Bruxelas está fazendo isso em silêncio. De que tem tanto medo?", pergunta
Olga Samofalova.
Os analistas russos assumem que
Bruxelas está pensando na sua soberania, na independência da Europa em relação
aos sistemas de pagamento dos EUA e, no futuro, dos da China.
Não se trata só de uma questão
financeira.
"Além do fato de as empresas
americanas controlarem o mercado de pagamentos na UE, dispõem também de
informações sobre os dados pessoais dos cidadãos da UE, o que também comporta
certos riscos, especialmente no contexto de guerras comerciais", conclui
Kapustiansky.
Sputnik | Imagem: CC BY 2.0 / Thomas Kohler
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