Quando Paris precisa debater
temas como comércio, Irão ou Acordo de Paris, prefere ir a Pequim em vez de ir a
Washington. Veja como a aproximação política entre a Europa e a China pode
marginalizar a América de Trump.
O presidente francês, Emmanuel
Macron, visitou Pequim nesta semana, celebrando o terceiro encontro entre os
chefes de Estado da França e China em menos de dois anos.
A visita coincidiu com a saída definitiva dos EUA do Acordo de Paris sobre o clima,
decisão repudiada por França e China, que "reafirmaram o seu sólido
apoio" ao acordo em comunicado conjunto.
"A escolha isolada de um
país não pode mudar o curso mundial. Só leva à marginalização", disse
Macron.
A questão iraniana também
aproxima China e França, ambas interessadas em revitalizar o acordo nuclear. O
Irão retomou o enriquecimento de urânio, pouco mais de um ano após a retirada
unilateral dos EUA do acordo multilateral.
"A China e a França estão juntas com os europeus e com os russos.
Estamos convencidos de que é necessário incrementar nossos esforços para fazer
o Irão voltar a observar as normas [do acordo]", declarou o presidente
francês.
Enquanto debatia com o presidente
da França temas complexos da agenda internacional, o líder chinês, Xi Jinping,
degustava vinhos franceses que são alvo de tarifas de importação
norte-americanas.
"Eu acho que ele descobriu o
vinho Languedoc. Ele não o conhecia. Ele também experimentou um Burgundy e um Bordeau clássico",
contou o presidente francês a repórteres.
A França e a China assinaram
acordos comerciais estimados em US$ 15 biliões (cerca de R$ 61 biliões) e
fecharam uma posição comum em relação à necessidade de reformar a
Organização Mundial do Comércio (OMC), repudiada por Trump.
Macron disse que a Europa e a
China devem liderar o processo de reforma da OMC, uma vez que seria um "erro crítico" esperar "aqueles que estão
questionando o sistema multilateral", em uma clara referência aos EUA.
Isolamento dos EUA
Eswar Prasad, economista da
Universidade de Cornell, em entrevista à
AP, explica:
"A antipatia da
administração Trump pelo multilateralismo, o seu repúdio a diversos acordos
internacionais e hostilidade mesmo em relação a aliados de longa data, estão
erodindo a influência económica e política dos EUA", declarou
Prasad.
Para o economista, que foi
diretor do Departamento da China do Fundo Monetário Internacional, "os Estados Unidos são vistos pelos demais países como um
aliado inconstante e pouco confiável", levando os países a evitar os
EUA e a buscar acordos com outros parceiros.
Sputnik | Imagens: 1 - © REUTERS
/ Ng Han Guan; 2 - © REUTERS / FLORENCE LO
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