Hong Kong, China, 23 nov 2019
(Lusa) - Os cidadãos de Hong Kong vão às urnas este domingo eleger
representantes distritais, em eleições que se esperam sob forte aparato
policial com o valor de um 'referendo', numa cidade dividida após cinco meses
de protestos.
Cerca de quatro milhões de
eleitores, mais de metade da população, são chamados a votar nos mais de 400
membros do conselho distrital, num escrutínio que geralmente passa
despercebido, mas que este ano ganhou renovada importância no contexto do
movimento pró-democracia.
Nas últimas eleições, em 2015, o
campo pró-Pequim obteve 298 dos 431 assentos, enquanto o campo pró-democracia
obteve 126 e os independentes sete.
Este ano, apesar do proeminente
ativista Joshua Wong ter sido impedido de concorrer, uma decisão que o próprio
descreveu como "censura política", não faltam candidatos do campo
pró-democracia.
Citado pelo jornal South China
Morning Post, Ma Ngok, professor de política da Universidade Chinesa de Hong
Kong, afirmou que os protestos politizaram o sentimento dos eleitores.
Hong Kong está dividida entre
aqueles que apoiam os manifestantes pró-democracia e os apoiantes da polícia
que tendem a apoiar os políticos pró-Pequim.
As semanas que antecederam as
eleições de domingo foram marcadas por episódios violentos que levantaram
dúvidas sobre se estas iriam ou não avançar, sobretudo após o cerco policial à
Universidade Politécnica.
Já com um prometido reforço
policial, as eleições de domingo serão as primeiras desde que os protestos em
massa irromperam na antiga colónia britânica, que vive agora a maior crise
social e política desde a transferência de soberania para a China.
As manifestações tiveram início
em junho, na sequência de uma controversa proposta de alterações à lei de
extradição - já retirada pelo Governo local - mas transformaram-se num
movimento que exige a melhoria dos mecanismos democráticos e que se opõe à
crescente interferência de Pequim.
Após ter recuperado a soberania
do território das mãos britânicas, em 1997, sob a fórmula "um país, dois
sistemas", o Governo chinês comprometeu-se a manter a autonomia de Hong
Kong e a respeitar até 2047 uma série de liberdades de que os cidadãos da China
continental não gozam.
FST // ZO
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