O Presidente angolano foi
recebido pelo Papa Francisco esta terça-feira, no Vaticano. João Lourenço diz
que "ninguém persegue minorias em Angola" e o Estado "deve
promover a harmonia entre as religiões".
Dezenas de mesquitas e centenas
de igrejas consideradas ilegais foram
fechadas em Angola, no âmbito da "Operação Resgate". Mas,
questionado se a operação ameaça
a presença das minorias religiosas no país, o Presidente João Lourenço
garante que "ninguém persegue minorias em Angola".
"O Estado é laico e deve
promover a harmonia entre as religiões", afirmou João Lourenço esta
terça-feira (12.11) no Vaticano.
Islão
Entre as minorias religiosas num
país maioritariamente cristão, a religião muçulmana continua a não ser
reconhecida oficialmente pelo Estado e, por isso, é proibida a abertura de
novas mesquitas. Mas há tolerância no país, assegura João Lourenço.
"A tolerância em Angola com
todas as religiões é grande, inclusive com a muçulmana. A religião muçulmana
nunca foi perseguida, nem molestada por ninguém", afirmou o chefe de
Estado.
"Não há casos de detenção,
não há casos de expulsão. Portanto, não sei ao que se referem. Isso é alguma
insinuação, que, pelo facto de não ser concreta, também não posso dar uma
resposta ainda mais concreta como gostaria de fazer", acrescentou.
Angola tem 12,3% de cidadãos que
se declaram ateus, enquanto os muçulmanos representam 0,4% da população. 41,1%
dos cidadãos identificam-se como católicos, segundo dados do Instituto Nacional
de Estatística (INE) referentes ao Censo Geral de 2014.
"É de conhecimento público
que os fiéis muçulmanos em Angola, nos momentos de culto, até fecham as ruas,
impedindo a circulação de pessoas, e nem por isso as autoridades tomam medidas
no sentido de impedir que isso aconteça", afirmou o Presidente angolano à
DW África.
JLo: Reformas são para continuar
João Lourenço foi recebido em
audiência pelo Papa Francisco na manhã desta terça-feira (12.11), no
Vaticano. A reunião teve lugar dois meses depois da assinatura do acordo
bilateral que regula as relações diplomáticas entre a Santa Sé e Luanda.
Em entrevista oficial à Rádio
Vaticano após a audiência com o Papa, o Presidente angolano afirmou que o
acordo trata sobretudo do "campo social".
"A Igreja Católica está
presente em todo o país e, mesmo nos momentos mais difíceis, soube manter as
relações com a autoridade", pontuou João Lourenço.
Ainda aos microfones da emissora
oficial do Vaticano, o chefe de Estado angolano sublinhou que as reformas no
país são para continuar e que o momento é de "apertar os
cintos".
"Chegámos a um ponto de não
retorno com as reformas, e, mesmo com algumas turbulências, temos que seguir em
frente. Enfrentamos mau tempo na realidade económica e a garantia que podemos
dar agora é que o avião chegará ao seu destino em segurança. Temos que apertar
os cintos, mas tenho certeza que o fim da turbulência vai chegar",
declarou Lourenço.
Na tarde desta terça-feira, o
Presidente angolano prestou homenagens póstumas diante do túmulo do primeiro
embaixador do Reino do Congo no Vaticano. Para quarta-feira estão agendadas
visitas do Presidente aos Museus Vaticanos e à Biblioteca Apostólica. O retorno
a Luanda está previsto para quinta-feira (14.11).
Rafael Belincanta (Roma) |
Deutsche Welle
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