quarta-feira, 13 de novembro de 2019

João Lourenço assegura que não há perseguição religiosa em Angola


O Presidente angolano foi recebido pelo Papa Francisco esta terça-feira, no Vaticano. João Lourenço diz que "ninguém persegue minorias em Angola" e o Estado "deve promover a harmonia entre as religiões".

Dezenas de mesquitas e centenas de igrejas consideradas ilegais foram fechadas em Angola, no âmbito da "Operação Resgate". Mas, questionado se a operação ameaça a presença das minorias religiosas no país, o Presidente João Lourenço garante que "ninguém persegue minorias em Angola".

"O Estado é laico e deve promover a harmonia entre as religiões", afirmou João Lourenço esta terça-feira (12.11) no Vaticano.

Islão

Entre as minorias religiosas num país maioritariamente cristão, a religião muçulmana continua a não ser reconhecida oficialmente pelo Estado e, por isso, é proibida a abertura de novas mesquitas. Mas há tolerância no país, assegura João Lourenço.

"A tolerância em Angola com todas as religiões é grande, inclusive com a muçulmana. A religião muçulmana nunca foi perseguida, nem molestada por ninguém", afirmou o chefe de Estado.

"Não há casos de detenção, não há casos de expulsão. Portanto, não sei ao que se referem. Isso é alguma insinuação, que, pelo facto de não ser concreta, também não posso dar uma resposta ainda mais concreta como gostaria de fazer", acrescentou.


Angola tem 12,3% de cidadãos que se declaram ateus, enquanto os muçulmanos representam 0,4% da população. 41,1% dos cidadãos identificam-se como católicos, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) referentes ao Censo Geral de 2014. 

"É de conhecimento público que os fiéis muçulmanos em Angola, nos momentos de culto, até fecham as ruas, impedindo a circulação de pessoas, e nem por isso as autoridades tomam medidas no sentido de impedir que isso aconteça", afirmou o Presidente angolano à DW África.

JLo: Reformas são para continuar

João Lourenço foi recebido em audiência pelo Papa Francisco na manhã desta terça-feira (12.11), no Vaticano. A reunião teve lugar dois meses depois da assinatura do acordo bilateral que regula as relações diplomáticas entre a Santa Sé e Luanda.

Em entrevista oficial à Rádio Vaticano após a audiência com o Papa, o Presidente angolano afirmou que o acordo trata sobretudo do "campo social".

"A Igreja Católica está presente em todo o país e, mesmo nos momentos mais difíceis, soube manter as relações com a autoridade", pontuou João Lourenço.

Ainda aos microfones da emissora oficial do Vaticano, o chefe de Estado angolano sublinhou que as reformas no país são para continuar e que o momento é de "apertar os cintos". 

"Chegámos a um ponto de não retorno com as reformas, e, mesmo com algumas turbulências, temos que seguir em frente. Enfrentamos mau tempo na realidade económica e a garantia que podemos dar agora é que o avião chegará ao seu destino em segurança. Temos que apertar os cintos, mas tenho certeza que o fim da turbulência vai chegar", declarou Lourenço.

Na tarde desta terça-feira, o Presidente angolano prestou homenagens póstumas diante do túmulo do primeiro embaixador do Reino do Congo no Vaticano. Para quarta-feira estão agendadas visitas do Presidente aos Museus Vaticanos e à Biblioteca Apostólica. O retorno a Luanda está previsto para quinta-feira (14.11).

Rafael Belincanta (Roma) | Deutsche Welle

Sem comentários:

Mais lidas da semana