A vinda de Xi Jinping a Macau não
servirá apenas para dar posse ao Governo de Ho Iat Seng. De acordo com a
agência Reuters, o Presidente chinês traz um pacote de medidas financeiras para
ajudar Macau a diversificar a economia e vai anunciar a cedência de mais
terrenos em Hengqin
O Natal está à porta e também a
vinda do Presidente Xi Jinping a Macau para dar posse ao Executivo liderado por
Ho Iat Seng e celebrar o 20º aniversário da RAEM. O líder chinês traz na
bagagem algumas prendas para o território. Xi irá anunciar um pacote de medidas
financeiras destinadas a servir o objectivo da diversificação económica, de
acordo com mais de uma dúzia fontes ouvidas pela agência Reuters, entre
dirigentes políticos e empresários.
As medidas foram interpretadas
pelas fontes ouvidas pela Reuters como recompensas pela forma como Macau evitou
protestos anti-Governo, como os que têm paralisado Hong Kong há mais de meio
ano.
Deverá ser anunciado o
estabelecimento de uma bolsa de valores em moeda chinesa, assim como um centro
de liquidação de renminbi, que já está a ser preparado, além da atribuição de
mais terrenos em Hengqin. A mesma fonte informativa refere que, depois de muita
especulação, as medidas já foram aprovadas pelo Governo Central.
Um oficial chinês citado pela
Reuters, na condição de anonimato, contextualizou referindo que “o sector
financeiro costumava ser uma ideia reservada para Hong Kong, para onde eram
dirigidas todas as políticas favoráveis, mas agora é preciso diversificar”.
A viagem de Xi para a celebração
dos 20 anos da RAEM acontece numa altura em que Pequim tem elogiado Macau na
aplicação do princípio “Um País, Dois Sistemas”, pilar da governação das
regiões administrativas especiais. Uma postura que contrasta com a posição do
Governo Central face a Hong Kong.
CENTRO FINANCEIRO
Segundo a Reuters, Pequim já
instruiu alguns bancos públicos e empresas a estabelecerem infra-estruturas em
Macau de forma a serem instrumentais na diversificação económica, uma das metas
para Macau estabelecidas nas linhas mestras do projecto de integração regional
da Grande Baía.
Aliás, foi noticiado também que
dois dos mentores que ajudaram a estabelecer a bolsa de valores de Xangai
vieram para Macau este ano para ajudar à fundação da bolsa de valores em moeda
chinesa.
Segundo fontes ligadas à banca da
região vizinha, esta aposta no desenvolvimento de infra-estruturas financeiras
em Macau faz parte de um plano para evitar que disrupções de larga escala no
mercado de Hong Kong afectem negócios de empresas chinesas. Este pacote de
medidas não pretende fazer com que Macau substitua Hong Kong, mas que funcione
como uma espécie de “plano b” caso a situação política na região vizinha não
melhore.
A bolsa de valores terá
inicialmente um foco na negociação de obrigações, para encorajar empresas
locais e chinesas a emitirem títulos de dívida em Macau. Além disso, será
também dirigida a start-ups e empresas de países de língua portuguesa, para
assegurar que não entra em conflito e competição com o mercado de Shenzhen.
Também serão atribuídos mais
terrenos na Ilha da Montanha, destinados ao desenvolvimento de infra-estruturas
ligadas à saúde e educação.
Ouvido pela Reuters, o comentador
político Larry So trocou por miúdos as medidas que vão ser anunciadas. “Estes
são os doces que Hong Kong não quis aceitar. Além disso, são prendas para
premiar Macau, que se tem portado muito bem”.
JOÃO LUZ | Hoje Macau
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