quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Adeus ao dólar: Rússia e Irão reduzem drasticamente uso da moeda em transações


O dirigente do Banco Central iraniano declarou que o país já utiliza moeda local em parte significativa de suas transações comerciais com a Rússia e Turquia.

A Rússia e o Irão firmaram um acordo para efetuar todas suas transações comerciais em moeda local, afirmou nesta quarta-feira (25) o diretor do Banco Central iraniano, Abdol Nasser Hemmati.

Hemmati notou ainda que o comércio entre o Irão e a Turquia já é realizado de 30% a 40% em moeda local. No restante das transações os países optam pelo euro.

"Não comerciamos com estes países [Rússia e Turquia] em dólares", confirmou Abdol Nasser Hemmati, citado pela agência de notícias iraniana IRNA.

Hoje em dia, diversos países optam por utilizar moeda local em suas transações comerciais para evitar a ingerência dos EUA. Esses processos, segundo o diretor, "retiram o dólar do ciclo de intercâmbio".

No contexto da saída dos EUA do acordo nuclear iraniano, o Departamento do Tesouro dos EUA introduziu sanções económicas contra o Banco Nacional do Irã, o Fundo Nacional de Desenvolvimento iraniano e a empresa Etemad Tejarat Pars Co, em 20 de setembro corrente.

Analistas colocam em dúvida a eficácia das medidas adotadas, uma vez que os bancos iranianos já estão fora do sistema financeiro norte-americano.

Governo de Hong Kong estreia diálogo comunitário sob fortes medidas de segurança


Hong Kong, China, 26 set 2019 (Lusa) -- A chefe do Governo de Hong Kong realiza hoje a primeira ação da anunciada plataforma de diálogo, numa resposta à crise política e social, com a polícia antimotim a posicionar-se no local horas antes do evento.

A sessão foi batizada de "Diálogo Comunitário" e vai juntar 150 pessoas numa sessão de duas horas, com início agendado para as 19:00 (12:00 em Lisboa), com Carrie Lam a escrever hoje na rede social Twitter que está "ansiosa" pelo evento, prometendo que o debate "vai continuar no futuro".

A governante sublinhou que aqueles que não puderam participar na sessão marcada para o Estádio Rainha Isabel podem acompanhar a transmissão 'online' assegurada pelo Governo.

Os jornais locais dão conta de que ao início da tarde em Hong Kong a polícia antimotim posicionou-se no local que vai acolher o evento, munida de gás pimenta e garrafas de gás lacrimogéneo, registando-se a retirada de veículos dos parques de estacionamento próximos e com as escolas na vizinhança a encerrarem as atividades mais cedo.

Hong Kong enfrenta, há mais de três meses, a mais grave crise política desde que a administração do ex-território britânico passou para a China, em 1997, com ações e manifestações quase diárias, exigindo reformas democráticas, como eleições livres e um inquérito independente à alegada violência policial.

JMC // FPA

Hong Kong, regressa o Tratado de Nanquim


Manlio Dinucci*

Manifestamente, alguns jovens em Hong Kong adoptaram a cultura britânica - após a entrega à China da sua província especial. Não conhecem a História de seu país e o que devem à China popular. Para os seus bisavós, Londres não trouxe senão a miséria e a desolação, provocando a destruição total do Império do Meio.

Centenas de jovens chineses, em frente ao Consulado Britânico, em Hong Kong, cantam “Deus Salve a Rainha” e gritam “Grã-Bretanha, salva Hong Kong”, apelo reunido em Londres por 130 parlamentares, que pedem para dar a cidadania britânica aos moradores da antiga colónia. Assim, a Grã-Bretanha é apresentada à opinião pública mundial, especialmente aos jovens, como garantia da legalidade e dos direitos humanos. Para fazê-lo, elimina-se a História. Portanto, é necessário, antes de outras considerações, o conhecimento dos acontecimentos históricos que, na primeira metade do século XIX, conduzem o território chinês de Hong Kong ao domínio britânico.

Para penetrar na China, então governada pela dinastia Qing, a Grã-Bretanha recorreu à venda de ópio, que transporta por via marítima da Índia, onde detém o monopólio. O mercado de drogas espalha-se rapidamente no país, provocando graves danos económicos, físicos, morais e sociais que suscitam a reacção das autoridades chinesas. Mas quando elas confiscam, em Cantão, o ópio armazenado e o queimam, as tropas britânicas ocupam, com a primeira Guerra do Ópio, esta e outras cidades costeiras, constrangendo a China a assinar, em 1842, o Tratado de Nanquim.

A ADOLESCÊNCIA DOS CÍNICOS - com vídeo do discurso


Pedro Ivo Carvalho* | Jornal de Notícias | opinião

O evangelismo ambiental, como todas as tentativas de catequização coletiva, serve-se dos exageros próprios de quem tem como missão inculcar o seu mundo na cabeça dos outros.

Descontada esta natural exacerbação, é confrangedor assistir ao que tem sido dito e escrito sobre uma adolescente sueca chamada Greta Thunberg que anda há um ano a propalar aos quatro ventos um chorrilho de verdades sobre a urgência climática. O raciocínio é mais ou menos este: não precisamos que seja uma miúda de 16 anos a dizer-nos o óbvio, mas ficamos incomodados porque há uma miúda de 16 anos que nos diz o óbvio.

Eis outra verdade: Greta não vai mudar o Mundo. Nem ela nem - e isso é mais doloso - os líderes que a receberam calorosamente na cimeira da ONU, afagando-lhe a ousadia juvenil com a mão esquerda e cruzando os dedos da mão direita a bem do crescimento económico dos seus países. Todas as cimeiras precisam de uma coreografia. Ei-la. Agora, diminuir a capacidade de mobilização desta jovem, explorando, inclusivamente, o facto de ter síndrome de Asperger (paternalismo em níveis olímpicos), é um sinal, mais do que tudo, de desorientação. Quando o sábio aponta para a Lua, os tolos só veem o dedo.

É verdade que há nela um lado poético e insolente. E há, sobretudo, uma dimensão que serve a agenda de quem quer continuar a tratar o Ambiente como uma obsessão de miúdos urbanos nascidos em berço de ouro. Aconselhar, como ela fez, os jovens a não ir à escola porque já é tarde de mais para salvar a Terra é uma idiotice. Como são idiotas alguns dos números mediáticos a que Greta se sujeitou, com o alto patrocínio dos progenitores. Mas o poder desta adolescente reside na eficácia e universalidade da sua mensagem.

Ninguém acredita que o estilo de vida do planeta se altere depois das lágrimas que ela derramou em Nova Iorque. Mas sejamos honestos: perdemos mesmo alguma coisa com a obstinação de uma miúda de tranças que, como a própria reconhece, devia estar na escola e não ao lado de chefes de Estado que olham para ela com a mesma candura com que uma criança olha para um peluche fofinho? Pior do que a inconsequência de uma adolescente deslumbrada é o cinismo adolescente de alguns adultos que não cresceram o bastante para perceber o Ambiente que os rodeia. A causa de Greta pode ser muitas coisas. Mas não é uma causa perdida.

*Diretor-adjunto

Portugal | Estado paga contas e banco perdoa dívidas milionárias


O Novo Banco, que já recebeu mais de 7 mil milhões de euros do Estado desde a resolução do BES de Ricardo Salgado, perdoou uma dívida de 25 milhões à Malo Clinic.  

Segundo notícia avançada hoje pelo Jornal de Negócios, a Malo Clinic tinha uma dívida no valor de 51 milhões de euros com o Novo Banco, que aceitou um perdão de 25 milhões de euros, no âmbito do Plano Especial de Revitalização (PER).

Revela o diário que a maior parte da dívida do grupo de medicina dentária é ao banco que resultou da reestruturação do BES, em Agosto de 2014, e a quem o Estado já entregou mais de sete mil milhões de euros. Só em Maio deste ano foram 1149 milhões de euros que o Novo Banco recebeu do Fundo de Resolução. 

Apesar disso, a instituição liderada por António Ramalho registou um prejuízo de 400,1 milhões de euros no primeiro semestre do ano, quase o dobro das perdas em igual período de 2018, que foram de 212,2 milhões, tendo anunciado que teria de pedir, pelo menos, mais 541 milhões de euros ao Fundo de Resolução.

Entretanto, o banco que perdoa dívidas milionárias é o mesmo que tem vindo a reduzir balcões e a cortar pessoal (são mais de 2000 trabalhadores desde a resolução do BES). No passado mês de Agosto, o Governo do PS autorizou o Novo Banco a «alargar o limite quantitativo previsto para cessações de contratos de trabalho por mútuo acordo», perspectivando-se a saída de mais 310 pessoas até 2021. 

O Curto com uma espécie de bicos de papagaio real… e mais


Sem pôr mais na escrita, porque o tempo escasseia, deixamos aqui o habitual Curto do Expresso. A vantagem é que podemos ler numa penada informação que nos escapou ou nos escapa mesmo que a tenhamos à frente dos olhos. É um pouco como aquela de “quanto mais perto menos se vê”. 

Além disso há como que uma espécie de agenda que nos recorda “águas futuras” – porque as "águas passadas" já assimilámos… ou talvez não. Pule para o Curto, com lavra de Cristina Figueiredo, do burgo Impresa - Balsemão & Ilhargas. Bom dia e boas festas… aos animais quadrúpedes e aos outros. Socialize, neste Portugal socialista de faz-de-conta. A atestar tal afirmação basta reparar no rosa de cor que o enfeita. Isso e algumas patranhas, aliás, como a maioria dos outros chamados e ditos partidos, quebrados na decência e nas promessas eleitorais, além de em muito mais.

Oh, louro, dá cá o pé e o que prometes mas não cumpres.

Redação PG

Bom dia este é o seu Expresso Curto

Campanhas e bicos de papagaio

Cristina Figueiredo | Expresso

Afinal, a acusação de Tancos não traz qualquer referência ao que o Presidente da República sabia ou não sobre o encobrimento do furto das armas daquele paiol, no verão de 2017. Depois de ontem o país ter despertado ao som da garantia de Marcelo Rebelo de Sousa (que falava a partir de Nova Iorque, onde se encontrava a participar na Assembleia Geral da ONU) de que "o Presidente da República não é um criminoso", sabe-se agora que a escuta telefónica divulgada na terça-feira pela TVI - onde Vasco Brazão, um dos arguidos, se refere ao "papagaio-mor do reino" que tudo saberia sobre a operação de alegado encobrimento de Tancos por parte de militares - não consta da acusação, nem o Ministério Público a considerou prova do envolvimento do chefe de Estado. E, no entanto, durante cerca de 24 horas a ideia que ficou foi exatamente a contrária.

O Presidente não escondeu o desagrado com a situação, ao ponto de quebrar a regra protocolar de não falar de assuntos internos quando está no estrangeiro. "Espero que seja a última vez que falo sobre a matéria". Mas ontem, no Expresso Diário (conteúdo exclusivo para assinantes), a Ângela Silva e o Hugo Franco utilizavam mesmo o adjetivo "furioso", para descrever o estado de espírito de Marcelo e davam-nos conta de mais uma mensagem (de fonte não identificada) de Belém para ler com todas as letras: “Isto é uma maneira de fazer uma pré-acusação ao PR antes de haver uma acusação. Nas vésperas da acusação ser conhecida, tentar montar uma pré-acusação é um clássico, mas politicamente é uma grande estupidez política”.

Portugal | O país não precisa de um apeadeiro, mas de um Aeroporto digno desse nome


Paula Santos | Expresso | opinião

Terminou o período de discussão pública do estudo de impacto ambiental sobre a construção do “aeroporto” na Base Aérea - 6 (BA6) no Montijo. Populações, autarquias, a Plataforma não ao aeroporto na BA6, diversas associações ambientais, sindicatos e estruturas dos trabalhadores, comissões de utentes da saúde, corporações de bombeiros e diversas entidades personalidades e técnicos de reconhecido mérito sobre as temáticas em causa deram parecer negativo.

Embora o estudo de impacto ambiental encomendado pela VINCI/ANA e entregue à Agência Portuguesa do Ambiente não consiga esconder os enormes riscos que a opção de construção de um terminal aeroportuário na BA6 no Montijo constitui para a qualidade de vida, saúde e segurança das populações nas zonas sobrevoadas, para a navegação aérea e para o habitat natural do Estuário do Tejo, todo ele foi elaborado tendo como objetivo justificar esta opção.

O estudo de impacto ambiental faz afirmações sem as fundamentar e sem comparar esta opção com outras, nomeadamente com a solução da construção do NAL - Novo Aeroporto de Lisboa no Campo de Tiro de Alcochete, pelo que avançar para a construção desta infraestrutura aeroportuária no Montijo é optar por causar danos profundamente negativos e não mitigáveis ao nível ambiental e colocar em risco a saúde-pública e a segurança e bem-estar das populações.

Portugal | GOVERNOS APOSTAM NA INSEGURANÇA SOCIAL


A falta de noção da realidade do ministro da auto denominada Segurança Social, que configura uma entidade produtora de insegurança social, é de bradar aos céus. Naquele ministério existem certamente uns iluminados encartados com diplomas oferecidos pelo detergente TIDE ou OMO - por troca de rótulos apensos às tampas - que há muito pouco tempo desceram das árvores e são a fonte da brutal desorganização dos serviços que causam toda a espécie de insegurança social aos que estão doentes (mesmo com doenças muito graves), aos que estão reformados, aos que esperam a reforma a que têm direito, assim como classificados com outros retornos de pagamentos dispostos na regulamentação. E o tempo que nos consomem? Tantas vezes para nada!

Diretores, diretorzinhos, chefes, chefinhos, funcionários e funcionáriozinhos andam ao deus-dará e deixam perceber aos utentes/beneficiários que se perdem nos papéis e nos computadores. Isso nota-se, por exemplo, quando solicitamos uma informação que nos dão na hora. Duas horas depois ou menos, se voltarmos a telefonar, a informação já é diferente e quase sempre ainda mais em prejuízo dos beneficiários que vêem os seus direitos distorcidos. Acontece nas baixas médicas, em subsídios, em abonos de família, etc.

Por estes exemplos compreende-se que a estafada mentira da autodenominada segurança social não é mais nem menos que a real insegurança social. Não retornam valores a horas, nem a dias, muitas vezes nem a meses. Tudo digno realmente dos que organizam (?) a dita burocracia, os atendimentos, o famigerado "simplex" que não vai além de um enorme complex... E o ministro não vê, não sabe, não resolve? E o primeiro-ministro - que tanto elogia os serviços da dita (in)segurança - não dá um murro na mesa após quatro anos no cargo? Ou será que a desorganização é organizada exatamente para causarem os atrasos nos pagamentos e até os diminuírem nos valores por ordem do ministério de Centeno?

O que acontece na realidade tem dado ao referido ministério inseguro a primazia nas queixas do correspondente portal. Somemos a isso os que nem se queixam, nem reclamam e seguem a vida espoliados. Perder tempo no Portal da Queixa para quê? Tem dado algum resultado? Pelo visto na notícia que "corre" em baixo a resposta é NÃO!

Os burocratas, esses intencionalmente complicados que complicam imenso a vida dos que sustentam o país e os magotes de parasitas que abundam na política, nas suas faldas e nos "jobs for boys and girls".

No caso é o PS, mas pode ser outro qualquer dos partidos políticos que tem praticado a desbunda e acrescentou o in de negação à Segurança Social.

MM | PG

Segurança Social lidera queixas

Os dados compilados pelo Portal revelam também que a Segurança Social foi o serviço público que motivou mais queixas no período em questão. No total, este setor registou cerca de 8.197 reclamações durante a última legislatura, "o que a coloca no topo das entidades com maior número de queixas". 

O segundo lugar é ocupado pelas autarquias, com 6.759 reclamações, e  o terceiro pelo Centro Nacional de Pensões com um registo de 3.328 reclamações desde o início do mandato de António Costa.

Ao longo dos últimos quatro anos - correspondentes à atual legislatura -, foram registadas 37.225 reclamações no Portal da Queixa referentes a serviços de Administração Pública.

Notícias ao Minuto

O novo cerco a Francisco


A meses do Sínodo para a Amazónia e da conferência sobre nova economia, luta política abala o Vaticano. Papa que quer igreja sensível aos dramas do mundo; conservadores preparam campanha para difamá-lo, já de olho em sua sucessão…

Elena Llorente, no Página12 | Tradução: Rôney Rodrigues

A difícil situação do papado de Francisco, no próximo Sínodo de bispos para a Amazónia que se realizará, em outubro, no Vaticano e a situação da Venezuela, foram os principais temas que os jornalistas estrangeiros se concentraram em um encontro realizado nesta segunda, em Roma, com a máxima autoridade da Ordem dos Jesuítas, o Superior Geral padre Arturo Sosa.

Nascido em Caracas, em 1948, Arturo Marcelino Sosa Abascal foi ordenado sacerdote em 1977. Licenciado em Filosofia e doutor em Ciências Políticas, foi professor em várias universidades venezuelanas. Como jesuíta, entre outras coisas, foi conselheiro do Padre Geral da ordem em Roma. Em 2016, foi o primeiro não-europeu – dos 31 sucessores de Inácio de Loyola que fundou a Companhia de Jesus em 1540 – a ser eleito como “papa negro”, nome que antigamente se dava a maior autoridade dos jesuítas, por seu poder tanto na Igreja quanto fora dela e por se vestir de negro como qualquer sacerdote – e não de branco, como um pontífice.

Em seus anos de trabalho na Venezuela não era muito famoso. Mas na década de 1990, mais precisamente em 1992, seu nome começou a ganhar projeção quando os autores de uma tentativa de golpe contra o presidente Carlos Andrés Pérez – entre eles, aquele que mais tarde seria presidente da Venezuela, Hugo Chávez – pediram que o padre Sosa atuasse como mediador. Os militares que tentaram o golpe logo se renderam e seriam conduzidos para a prisão, mas se temia por suas vidas. Essa mediação fez que alguns setores o acusassem de ser um “filo-chavista”.

Boris desafia oposição a avançar com "moção de censura contra Governo"


O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, desafiou hoje a oposição a avançar com uma moção de censura contra o Governo para forçar eleições antecipadas e enfrentar o "dia do juízo final" com os eleitores.

"Acho que as pessoas deste país estão fartas. Este Parlamento deve colocar-se de lado e deixar que o Governo conclua o 'Brexit', ou propor uma moção de censura e, finalmente, enfrentar o dia do juízo final com os eleitores", afirmou, numa intervenção na Câmara dos Comuns, que retomou hoje os trabalhos depois de uma decisão do Supremo Tribunal.

Boris Johnson deu até ao final da sessão para ser apresentada uma moção de cesura, para ser debatida e votada na quinta-feira.

"Será que eles têm a coragem de agir ou vão recusar-se a assumir a responsabilidade e não vão fazer nada senão hesitar e adiar", questionou, referindo-se à oposição.

Na resposta, o líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn, renovou o apelo à demissão do primeiro-ministro na sequência da decisão do Supremo Tribunal, que anulou a suspensão do parlamento ordenada por Boris Johnson.

"Eu quero umas eleições nacionais. É muito simples: se ele quer umas eleições, garanta uma extensão [do Brexit] e vamos para eleições", disse.

Golpe avassalador para Boris Johnson


Ao considerar ilegal a suspensão forçada do Parlamento, Suprema Corte britânica infligiu uma derrota esmagadora ao primeiro-ministro. Johnson, que pensava estar acima da lei, deveria agora renunciar, opina Barbara Wesel*.

A vaidade precede o ocaso. Isso vale para o desrespeito às regras constitucionais que substituem uma Constituição escrita no Reino Unido. Aplica-se ao desrespeito às leis e à independência judicial. E também se refere ao desrespeito ao Parlamento e a seus direitos e responsabilidades.

Boris Johnson achou que poderia desprezar tudo isso e impor sua ideia para o Brexit como um governante autoritário. O veredito da Suprema Corte britânica cai como um machado afiado sobre as ambições antidemocráticas do primeiro-ministro.

Os juízes da mais alta corte do Reino Unido decidiram por unanimidade o que ninguém esperava: eles declararam o processo de suspensão do Parlamento ilegal desde o início. Uma hora depois, os primeiros parlamentares voltaram simbolicamente aos bancos da Câmara dos Comuns.

A única coisa de que Boris Johnson foi poupado pelo tribunal foi a constatação direta de que ele mentiu para a rainha Elizabeth 2ª quando a aconselhou a colocar o Parlamento em recesso forçado. Mas o raciocínio da corte aponta para essa mentira.

Os malditos populistas


Um brasileiro enviado por Deus, um americano brigão e um britânico que enganou o povo e a rainha: esta semana nos mostrou como a democracia está ameaçada em muitos países. E por populistas eleitos, opina Martin Muno*.

Mas que dia! No início desta terça-feira (24/09), o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, sofreu uma derrota na Suprema Corte que teria sido considerada devastadora em tempos normais do passado. Por unanimidade, o tribunal considerou "ilegal, nula e sem efeito" a imposição – iniciada pelo primeiro-ministro – de uma pausa obrigatória ao Parlamento britânico.

Em tempos anteriores, esse veredito teria significado o fim de qualquer chefe de governo britânico, incluindo o homem que acabou de tomar posse e que tentou, de uma forma escrúpula, dobrar a Constituição tácita, trair a rainha e silenciar o poder soberano – isso é, o Parlamento eleito pelo povo. Mas os tempos são diferentes. Johnson quer permanecer no cargo, e ele – conforme profetizado – permanecerá como PM por enquanto.

Outra coisa impensável há alguns anos seria a aparição de um presidente eleito que se apresenta como um quase enviado por Deus. No início de seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, Jair Bolsonaro agradeceu a Deus pela oportunidade de "restabelecer a verdade". Ele explicou imediatamente o que entende por isso: "Nossa Amazónia permanece praticamente intocada" e "é um equívoco afirmar que a nossa floresta é o pulmão do mundo". No entanto, há algumas semanas o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) anunciou que a destruição da floresta tropical na Amazônia quase dobrou em um ano.

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