quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Portugal | A NATO e a dignidade nacional ferida


Na recente cimeira da NATO, em Londres, Portugal alinhou comodamente ao lado de quem manda. O governo português abriga-se em Washington quando a polémica interna da NATO passa pelo meio da União Europeia.

Os exemplos sucedem-se, soltam-se do discurso oficial, passam pela comunicação social sem o menor sobressalto crítico e entranham-se na opinião pública como a mais inócua banalidade. Portugal já não governa os portugueses, o governo português delegou as decisões fulcrais sobre o destino dos portugueses em entidades, interesses e pessoas que não querem saber dos portugueses para nada a não ser como mão-de-obra barata ou membros de destacamentos armados envolvidos em policiamento colonial e guerras imperiais. A dignidade nacional esvaiu-se e chega perversamente a ser confundida com nacionalismo e populismo quando alguém ousa criticar o federalismo e a subserviência aos mecanismos imperiais.

O governo da República Portuguesa teve uma ideia sobre uma coisa tão simples como os critérios para definir as cobranças de energia eléctrica, mas tem de pedir autorização aos organismos não eleitos em Bruxelas para poder passá-la à prática – ou não. Correm-se os olhos sobre a comunicação social e o que está em causa não é a humilhação de ter de pedir permissão para um acto elementar de gestão governativa, mas sim a dúvida sobre o lado para o qual irão cair os humores das cúpulas do federalismo europeu – não assumido, mas em actividade clandestina.

Os últimos dias têm sido animados, e prometem continuar a sê-lo depois do interregno comercial das festas, pela elaboração e aprovação do Orçamento do Estado. Uma coisa levada tão a sério, motivadora de sábios e académicos pareceres de analistas bastante monolíticos no seu pluralismo formal, que quase convence os portugueses de que a palavra final é dada aqui. Nada disso: o verdadeiro Orçamento do Estado Português para 2020 ou qualquer outro ano será aquele que tiver a chancela final dos eurocratas de Bruxelas.

Sendo o Orçamento o instrumento fundamental das decisões políticas e económicas a aplicar nos próximos meses, o seu conteúdo depende de alguém que os portugueses não foram chamados a escolher, que nem sequer conhecem e para quem não passam de números, metas, percentagens, inimigos de gestões correctas e lucrativas até prova em contrário.

Índia vai pedir estatuto de observador na CPLP - António Costa


Nova Deli, 19 dez 2019 (Lusa) - O primeiro-ministro, António Costa, afirmou hoje à agência Lusa que o seu homólogo Narendra Modi lhe comunicou a decisão da Índia requer o estatuto de observador na Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Narendra Modi abordou o tema da CPLP na reunião que teve a sós com António Costa, que durou cerca de uma hora, tendo adiantando ao primeiro-ministro português que a Índia conta iniciar esse processo rapidamente.

O pedido do estatuto de observador da Índia na CPLP constitui mais um passo diplomático que rompe com uma antiga tradição de distância face a Portugal e à língua portuguesa desde a invasão de Goa pelas tropas da União Indiana em 1961.

"Estamos perante uma excelente notícia. Tenho a certeza que todos os países da CPLP irão acolher como muito positivo esse reconhecimento da parte da Índia sobre a importância geo-estratégica, política e cultural de um espaço que percorre todos os continentes e que reúne cerca de 260 milhões de habitantes", declarou o primeiro-ministro.

Moçambique | Terroristas usam equipamento da polícia nos ataques


Um carro patrulha e uniformes policiais roubados estão a ser usados pelos jihadistas islâmicos que têm espalhado a violência nesta província moçambicana

A Polícia de Moçambique admitiu que os terroristas islâmicos que têm espalhado o terror na província de Cabo Delgado, rica em gás natural, roubaram um carro patrulha e uniformes policiais, equipamento que estão a usar nos ataques, noticia a BBC.

Fotos dos insurgentes a pavonearem-se com o carro patrulha e os uniformes foram partilhadas nas redes sociais. Segundo o chefe da polícia, Bernardino Rafael, foi aberto um inquérito para apurar como é que o grupo terrorista teve acesso ao equipamento policial. O responsável avançou que, entretanto, os jihadistas lançaram fogo ao veículo.

"O carro patrulha foi adquirido por eles em circunstâncias estranhas. O veículo é nosso. Confirmamos que o carro é nosso e foi incendiado em circunstâncias que estamos a investigar", adiantou Bernardino Rafael.

O grupo terrorista é conhecido localmente por al-Shabab e tem realizado ataques esporádicos na região há já dois anos. Não tem qualquer associação com o grupo jihadista baseado na Somália que tem o mesmo nome.

Os ataques têm incluído decapitações, assaltos a esquadras de polícia e incêndios a casas, o que levou muitos habitantes a fugirem das suas aldeias.

Minas antipessoais voltam a causar mortes em Moçambique


País foi considerado livre de minas a partir de 2015, mas sete artefatos já foram localizados na Zambézia neste ano. Duas mortes foram registadas nesta semana na província.

A comunidade de Morrumbala, no sul da província moçambicana da Zambézia, foi surpreendida com a morte de duas adolescentes pela detonação de uma mina antipessoal. As vítimas estavam numa machamba quando o artefato explodiu.

Desde Setembro de 2015, Moçambique é considerado um país livre de minas antipessoais. A desminagem ocorria de forma intensiva desde 1992 com esforços de organizações não governamentais, doadores internacionais e governo. A região sul da Zambézia foi integrada aos projectos de desminagem.

Poucos dias antes da explosão em Morrumbala, a Polícia da República de Moçambique (PRM) já havia desativado duas outras minas em Naciaia, no distrito de Namacurra.

Segundo a PRM, a morte das jovens teria ocorrido devido à explosão de minas morteiro 82mm. "Pelos fragmentos dessa mina, nota-se que foi ativada depois que foi tocada por uma inchada”, esclareceu o porta-voz da PRM, Sidner Lonzo.

A polícia recebeu sete notificações da população sobre o encontro de artefatos neste ano. Os objetos explodem ou são achados pelos camponeses em locais onde nunca houve bases militares durante a guerra civil. "Não existia nenhuma base militar num raio de 500 metros. É uma situação que ainda vai ser apurada”, ressalta Lonzo.

Angola | Grande parte da população de Luanda não tem acesso a água potável


Governador de Luanda aproveitou a visita do Presidente de Angola para alertar sobre a insuficiência da rede de água da província. Chefe de Estado admite "diálogo contínuo" com o Governo regional.

Luanda tem mais de oito milhões de habitantes e é a província angolana com maior densidade populacional. No entanto, a população continua a depender de cisternas para ter acesso a água potável. O dilema foi apresentado ao Presidente da República, João Lourenço, na quarta-feira (18.12) no âmbito de um périplo do Governo por instituições públicas e privadas daquela província angolana.

Segundo o governador da capital, Luther Rescova, apesar de algumas melhorias, o atual nível de fornecimento de água potável, 500 mil metros cúbicos/dia, continua aquém das necessidades da população, que é mais de metade da atual capacidade. "A província precisa de pelo menos mais de um milhão de metros cúbicos para atender à demanda das populações, uma vez que grande parte consome água de cisternas", afirmou o responsável na abertura de uma reunião com o Presidente angolano, João Lourenço.

O chefe de Estado reuniu-se com os membros do Governo da província de Luanda no âmbito de uma visita de trabalho de dois dias à capital do país, estando ainda previsto para esta quinta-feira (19.12) uma reunião do Conselho de Auscultação e Concertação Social.

O Governo angolano admitiu a necessidade de "duplicar significativamente" o fornecimento de água potável em Luanda, afirmando que estão em falta dois novos sistemas de abastecimento. "É preciso duplicar essa capacidade, que se traduz em mais 500 mil metros cúbicos. Para isso faz falta que sejam iniciadas as obras de construção dos dois novos sistemas de abastecimento do Bita e o Quilonga", afirmou o ministro da Energia e Águas angolano, João Baptista Borges, aos jornalistas.

Embora não exista fome, ela continua a matar as crianças angolanas


Mais de 360 crianças morreram devido a malnutrição este ano na província angolana da Huíla, segundo dados do departamento provincial de saúde pública local. Os dados apontam que de Janeiro à presente data foram registados um total de 3.366 casos, dos quais 364 resultaram em óbitos.

O número, quer de casos quer de óbitos, considerado elevado pelas autoridades sanitárias locais, constituem uma preocupação, pelo que o Ministério da Saúde em parceria com a World Vision e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) estão a realizar um estudo sobre malnutrição em crianças menores de 5 anos.

O estudo está a ser realizado em cinco municípios da província, considerados os mais afectados pela seca, nomeadamente Humpata, Chibia, Matala, Gambos e Quipungo. O desmame precoce e a má alimentação são apontados como as principais causas destes casos de malnutrição.

A má nutrição severa (em português corrente significa “fome”) causou de Janeiro a Maio também a morte de 73 crianças, em 1.341 casos registados, na província do Huambo, divulgaram as autoridades de saúde locais. Comparativamente a igual período do ano passado é um aumento de 30%. Coisa pouca, dirá o MPLA.

De acordo com declarações prestadas no passado dia 8 de Julho à Angop pela supervisora de Nutrição no Planalto Central, Cármen Adelaide Agostinho Mossovela, no período em referência faleceram 73 crianças (embora sejam do Huambo presume-se que sejam… angolanas), por malnutrição severa (fome), de um total de 1.341 doentes atendidos pelas autoridades sanitárias locais.

Angola | Valter Filipe diz que ex-PR é que liderou a transferência dos 500 milhões USD


Ex-governador do Banco Central, coarguido no caso da transferência indevida de 500 milhões de dólares, disse nesta quarta-feira (18.12) em tribunal que toda a operação sigilosa foi liderada por José Eduardo dos Santos.

O ex-governador do banco central angolano, coarguido no processo da suposta transferência indevida de 500 milhões de dólares, disse nesta quarta-feira (18.12) em tribunal que toda a operação ultra sigilosa" foi comandada pelo ex-Presidente do país, José Eduardo dos Santos.

Valter Filipe, 46 anos, começou a ser interrogado pelo Tribunal Supremo nesta quarta-feira (18.12) e propôs fazer um ponto prévio para explicar "passo por passo" muitos factos, que disse não serem do conhecimento do tribunal e por se tratar de um processo que foi complexo e confidencial.

A proposta do coarguido, que acusou o atual governador do Banco Nacional de Angola (BNA), José de Lima Massano, de ter prestado falsas declarações na instrução do processo, foi rejeitada pelo juiz da sessão, João Pitra, que argumentou que o réu terá muito tempo para apresentar os esclarecimentos que considera necessário. O antigo governador do BNA disse que quando foi nomeado, o sistema financeiro do país encontrava-se numa crise profunda, pelo que havia o plano de reestruturação do banco central angolano, da banca privada e pública.

Relativamente ao processo em julgamento, em que é acusado de burla por defraudação, branqueamento de capitais e peculato na forma continuada, Valter Filipe contou que em junho de 2017, depois de uma reunião de Conselho de Ministros foi informado à saída do encontro que o então chefe de Estado angolano pretendia falar consigo e também com o ministro das Finanças na altura, Archer Mangueira.

As pretensões coloniais da União Europeia no Ártico


Conselho Europeu de Negócios Estrangeiros (Relações Exteriores-br) reuniu-se, em 9 de Dezembro de 2019, em Bruxelas, para estatuir sobre a sua política no Ártico.

Descaradamente, o Conselho declarou que «reconhecia a responsabilidade principal dos Países do Ártico no desenvolvimento do Ártico, mas considera igualmente que muitos dos problemas afetando a região são de natureza mundial e são tratados mais eficazmente por meio de uma cooperação regional ou multilateral, em particular o Conselho do Ártico e inclusive via sistema das Nações Unidas» [1] (sic).

Por outras palavras, da mesma maneira que o Presidente Emmanuel Macron havia declarado, durante a Cimeira (Cúpula-br) do G7, em Biarritz, que a sorte da Amazónia não dependia unicamente dos Estados da região, mas também dos membros do G7, o Conselho Europeu põe em causa a soberania dos Países do Ártico.

No entanto, enquanto em Agosto passado, o Presidente do Conselho, Donald Tusk, tinha ignorado a OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazónica), desta vez o Conselho, presidido por Charles Michel, menciona o Conselho do Ártico. Ao contrário da OTCA, o Conselho do Ártico não reúne apenas os Estados que têm uma parte do seu território na região, associa igualmente as populações indígenas.

Apesar desta precaução oratória, este discurso marca claramente um regresso ao passado do período colonial.

Voltaire.net.org | Tradução Alva

Nota:
 [1] “The Council recognises the primary responsibility of the Arctic States for the development of the Arctic but also considers that many of the issues affecting the region are of a global nature and are more effectively addressed through regional or multilateral cooperation in particular the Arctic Council and including via the UN system”. (CFSP/PESC 942)

Número de extremistas de direita na Alemanha aumenta um terço em 2019


Autoridades revelam que país conta pelo menos 32.200 extremistas de direita, contra 24.100 em 2018. Aumento tem relação com nova classificação, que passou a incluir alas do partido Alternativa para a Alemanha (AfD).

O número de extremistas de direita ativos na Alemanha aumentou significativamente em 2019, aponta um levantamento divulgado pelo jornal Tagesspiegel nesta segunda-feira (16/12).

O Departamento de Proteção à Constituição da Alemanha (BfV), agência de inteligência doméstica do país, e os serviços estaduais identificaram um total de, no mínimo, 32.200 extremistas de direita. O número cresceu um terço, em comparação com o levantamento de 2018, quando as autoridades contabilizaram 24.100 envolvidos em redes extremistas de direita.

Uma das principais razões para o aumento se deve a o BfV ter passado a incluir, pela primeira vez, grupos afiliados ao partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) em sua contagem de extremistas de direita. Em janeiro deste ano, o BfV voltou a atenção para uma facção radical do AfD conhecida como Der Flügel (A Ala), assim como para a ala Junge Alternative (Alternativa Jovem), por suspeita de extremismo.

Portugal | Os que pagam mas não são donos disto tudo


Anselmo Crespo | TSF | opinião

 “Quem paga o excedente orçamental são os contribuintes." A frase é de Mário Centeno, durante a apresentação do Orçamento do Estado para 2020. Num misto de enfado e indignação, o ministro das Finanças responde com a honestidade possível aos que o criticam por aplicar ao país uma das maiores cargas fiscais de sempre, enquanto deixa ao Estado uma almofada financeira de 0,2%. Quem se atreve a questionar tamanho feito se esta é a primeira vez, em democracia, que Portugal alcança um superavit? Quem são os ingratos que não valorizam e se sentem orgulhosos por partilharem a mesma nacionalidade do CR7 das Finanças?

Os orçamentos, tal como a vida, fazem-se de opções. E, no Orçamento do próximo ano, o Governo fez três grandes opções: investir nos transportes públicos, atirar uma mão cheia de dinheiro para a saúde - que, antes das eleições, não tinha um problema de suborçamentação, mas agora já tem - e ficar na história como o primeiro executivo a alcançar um excedente orçamental. É difícil compreender como é que um país que tem uma dívida pública tão elevada e uma carga fiscal superior a 35% do PIB opta, ainda assim, por ter um excedente orçamental. É por isso que, se estas escolhas são legítimas, as críticas também o são - e La Palice nunca nos falha nestas alturas: se é verdade que Roma e Pavia não se fizeram num dia, não é menos verdade que nunca se consegue agradar a gregos e a troianos.

Portugal | Utentes lutam contra a degradação do SNS


Em Albergaria-a-Velha, no distrito de Aveiro, exige-se a reabertura de centros de saúde. Na extensão de São Bartolomeu de Messines, em Silves, existe apenas um médico para 9000 utentes.

A Comissão de Utentes da Saúde do Concelho de Albergaria e o Movimento de Utentes de Serviços Públicos (MUSP) de Aveiro concentraram-se ontem à tarde em frente ao Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Baixo Vouga pelo reforço do Serviço Nacional de Saúde (SNS) no distrito. 

No decorrer da concentração, uma delegação da comissão de utentes reuniu-se com a direcção do ACES e entregou um abaixo-assinado, que recolheu cerca de 1300 assinaturas no último mês, onde se coloca a exigência do reforço do SNS.

Os utentes reclamam melhores condições de funcionamento do Centro de Saúde de Albergaria-a-Velha, ao mesmo tempo que denunciam a falta de médicos, enfermeiros e de pessoal administrativo. Mas não apenas. 

Numa altura em que se perspectiva a manutenção de unidades de saúde familiar em apenas três freguesias (Angeja, Albergaria-a-Velha e Branca), o documento reclama a reabertura das extensões de saúde por todo o concelho, «com pessoal administrativo e um corpo clínico capaz de garantir médicos e enfermeiros de família para todos». 

A grande explosão do negócio privado da saúde em Portugal


Entre 2007 e 2017 o número de hospitais privados aumentou de 99 para 114, representando neste último ano já  50,7% do número total de hospitais existentes no país.

O grande problema é que é a saúde publica que está a financiar isto tudo.

É ao nível dos grandes grupos de saúde, alguns deles já controlados por entidades estrangeiras, (Grupos Luz, José Mello Saúde, Lusíadas, Trofa, grupo Hospitais Privados do Algarve) que se tem verificado o maior crescimento que tem engolido os pequenos e médios hospitais, assim como as velhas policlínicas, tornando os consultórios de médicos cada vez mais uma recordação do passado, e transformando a maioria dos médicos e outros profissionais de saúde (incluindo os que trabalham também  no setor publico)  em autênticos “proletários descartáveis” aos quais pagam uma percentagem do preço que cobram ao doente, ou por peça (ex. por cada operação que fazem), sem qualquer vinculo de trabalho permanente.

Morte anunciada da ADSE e SNS

Esta explosão do negócio da saúde em Portugal, tem sido feita fundamentalmente à custa do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e das suas dificuldades e dos subsistemas públicos de saúde, nomeadamente da ADSE, que os financiam.

O próprio SNS tem financiado em larga escala o setor privado da saúde e fornecido trabalhadores altamente qualificados (médicos e enfermeiros) a preços baratos sem encargos adicionais para os grupos privados de saúde.

Os subsistemas públicos de saúde, em particular a ADSE, têm tido também um papel fundamental na promoção dos grandes grupos privados de saúde, na medida que lhes concedem um tratamento preferencial em prejuízo dos médios e pequenos prestadores que muito dificilmente conseguem assinar uma convenção com a ADSE e que são engolidos pelos grandes grupos.

Recorde-se que só os Hospitais PPP custaram ao SNS 444 milhões em 2018 e, em 2019, essa fatura passada pelos grandes grupos de saúde ao SNS subirá para 474 milhões de euros, ou seja, um crescimento de 6,8%, o que é 7,6 vezes superior ao aumento percentual dos rendimentos do SNS em 2019 que foi apenas de 0,9%.

As mentiras que nos contam a propósito das guerras e de outras “boas” ações


O que estivemos lá a fazer e as mentiras que nos contaram a propósito?

Carlos Matos Gomes* | opinião

A pergunta podia ser feita a propósito de muitas situações pessoais e das sociedades ao longo da história da humanidade.

A História tenta responder à pergunta e desmistificar as mentiras da época. Infelizmente aprendemos pouco com a História, repetimos os mesmos erros e deixamo-nos aldrabar pelos mesmos velhos truques.

Este texto é uma adaptação pessoal e traduzido do artigo Peter Beaumant, publicado em 14 dez 2019 no jornal Observer, que pode ser lido em Afghanistan papers detail US dysfunction: ‘We did not know what we were doing’.

O artigo comenta documentos desclassificados pelas autoridades americanas a propósito da intervenção no Afeganistão. Mas podia ser a propósito da guerra colonial portuguesa, ou das invasões americanas do Iraque, ou da Síria, ou da Líbia, ou das primaveras árabes, ou das revoluções de veludo, ou do Brexit…

Os Documentos do Afeganistão revelam que o público dos EUA foi enganado sobre uma guerra invencível (Já tinha sido enganado sobre a Coreia, o Vietname, e seria sobre o Irão-Iraque, o Irão, a Síria, a Líbia, a Somália, como antes sobre Cuba, Nicarágua e depois a Ucrânia… e continuará a ser…sobre a Venezuela, o Chile, a Bolívia, o Brasil…)  

Em Portugal o engano mais recente e mais risível é o de um fascista júnior declarar ter vergonha do regime democrático!

Câmara dos Representantes dos EUA vota pela destituição de Trump


Falta o julgamento do Senado

Os dois artigos que sustentam o processo de destituição de Donald Trump foram aprovados pela maioria democrata. Segue-se a votação no Senado, onde os republicanos dispõem de maioria, facto que vai tornar difícil a obtenção de dois terços de votos necessários para afastar o Presidente da Casa Branca

A Câmara dos Representantes aprovou nesta quarta-feira [madrugada de quinta-feira em Portugal] os dois artigos em que se baseia o atual processo de destituição de Donald Trump. Após mais de seis horas de debate, os representantes procederam à votação dos artigos que acusam o Presidente dos Estados Unidos de abuso de poder e de obstrução à justiça e os resultados foram ao encontro das previsões. A maioria democrata deu voto favorável às duas acusações e o caso segue agora para o Senado, onde a concretização do afastamento de Trump necessita de dois terços dos votos, uma tarefa difícil de concretizar, já que os republicanos detêm uma maioria que deverá manter-se ao lado do Presidente.

Os democratas consideram que Trump abusou do cargo que ocupa ao pedir a Kiev para investigar Joe Biden, um dos candidatos mais bem posicionados para conseguir a nomeação democrata nas eleições de 2020. A acusação de obstrução baseia-se em parte nas diretivas da Casa Branca para que os seus funcionários não cooperassem com o inquérito à destituição presidencial.

NUNCA VI O MUNDO TÃO FRAGMENTADO!



É impressionante a facilidade com que o império ocidental está a conseguir destruir os países “rebeldes” que estão no seu caminho, sem que haja resistência.

Trabalho em todos os cantos do planeta, onde os “conflitos” kafkianos forem desencadeados por Washington, Londres ou Paris.

O que vejo e descrevo, não são apenas aqueles horrores que estão a acontecer à minha volta; horrores que estão a arruinar vidas humanas, a destruir aldeias, cidades e países inteiros. O que tento perceber é que, nas telas da televisão e nas páginas dos jornais e da Internet, os crimes monstruosos contra a Humanidade são descritos até certo ponto, mas as informações são distorcidas e manipuladas de tal forma que os leitores e os espectadores de todas as partes do mundo, acabam por não saber quase nada sobre o seu próprio sofrimento e/ou o sofrimento dos outros.

Por exemplo, em 2015 e em 2019, tentei reunir-me e argumentar com os manifestantes de Hong Kong. Foi uma experiência verdadeiramente reveladora! Eles não sabiam nada, absolutamente nada sobre os crimes que o Ocidente cometeu em lugares como o Afeganistão, Síria ou Líbia. Quando tentei explicar-lhes quantas democracias latino-americanas Washington tinha derrubado, pensaram que eu era um lunático. Como é que o Ocidente, bom, terno e “democrático”, tinha matado milhões de pessoas e mergulhado continentes inteiros em sangue? Não foi o que nos ensinaram nas universidades. Não foi o que a BBC, a CNN ou mesmo o que o China Morning Post disseram e escreveram.

Olhem, estou a falar a sério. Mostrei-lhes fotografias do Afeganistão e da Síria; fotos armazenadas no meu telefone. Eles deviam ter compreender que  era algo genuíno, em primeira mão. Ainda assim, eles observavam, mas os seus cérebros não eram capazes de processar o que lhes estava a ser mostrado. Imagens e palavras; essas pessoas estavam condicionadas a não compreender certos tipos de informações.

Mas isto não está a acontecer só em Hong Kong, uma antiga colónia britânica.

China | A CIA e os jiadistas uigures


Os «Xinjiang papers», publicados, a 16 de Novembro de 2019, pelo New York Times, foram interpretados no Ocidente como um plano de repressão da cultura uigur na China [1]. Estes documentos, redigidos em chinês, continuam a ser de difícil acesso para os Ocidentais. Na realidade, a China protege a cultura uigur, tolera a religião muçulmana, mas combate o terrorismo e o separatismo do World Uyghur Congress (WUC) («Congresso Mundial Uigur-ndT»).

A China publicou já inúmeros estudos [2] justificando a sua política.

Os documentos revelados pelo New York Times atestam a vontade do governo chinês em manter a paz civil por todos os meios. o Presidente Xi convidou as Forças da ordem a mostrarem-se «absolutamente sem piedade» com os terroristas. Com efeito, ele faz face a uma poderosa organização, o World Uyghur Congress, criado pela CIA durante a Guerra Fria, que o quotidiano norte-americano finge crer pacífico.

Ora, o World Uyghur Congress, sediado em Munique (Alemanha), reivindica inúmeros atentados mortais na China. Por outro lado, esta organização enviou milhares de combatentes para se treinarem na Síria com a ajuda da Turquia [3].

Assim, mais de 18. 000 jiadistas uigures atacaram a cidade de al-Zanbaki (província de Idlib) onde beneficiam da logística alimentar e sanitária de O«NG»s alemãs e francesas.

Os jiadistas uigures dispõem agora de muitos apoios na Europa. Assim, um seminário de três dias reuniu lobistas à porta fechada em Bruxelas, de 7 a 9 de Dezembro de 2019, depois realizou-se uma conferência no Parlamento Europeu sob a presidência do deputado europeu francês, Raphaël Glucksmann, e do presidente do World Uyghur Congress, Dolkun Isa, em 10 de Dezembro.

Voltaire.net.org | Tradução Alva

Imagem: O presidente do World Uyghur Congress, Dolkun Isa, e o Primeiro-ministro turco Binali Yıldırım, em 16 de Fevereiro de 2018, em Munique.

Notas:
[1] “‘Absolutely No Mercy’: Leaked Files Expose How China Organized Mass Detentions of Muslims”, Austin Ramzy and Chris Buckley, The New York Times, November 16, 2019
[3] “A CIA utiliza a Turquia para fazer pressão sobre a China”, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede Voltaire, 19 de Fevereiro de 2019.

China | Assuntos internos


David Chan* | opinião

Porque é que outros países têm repetidamente interferido em assuntos internos chineses, especialmente os EUA? Uma razão óbvia é o facto de a China estar a crescer acima das expectativas ocidentais. É um crescimento incomum, deixando-os preocupados, ansiosos e até ameaçados, por isso estão a interferir para tentar bloquear este crescimento

Não parece existir solução para tal e, entretanto, a China continua a sofrer. Este sofrimento terá de durar até quando? É difícil de responder, dependerá do crescimento chinês. Porém, estes fatores externos não são as únicas razões que alimentam esta situação. Existem também alguns fatores internos que oferecem oportunidades para que existam tais interferências: A China apesar de possuir soberania nominal sobre Taiwan, não governa a região, e sobre Hong Kong possui soberania, mas não controlo, ou controlo e administração totais, fazendo com que forças exteriores consigam interferir nestas regiões. Por isso Taiwan e Hong Kong têm sido sempre os locais afetados. Em segundo lugar, a China segue o princípio de não interferência em assuntos internos de outros, mas este princípio não é adotado a nível internacional, com alguns países ocidentais a continuarem com interferências. À decisão chinesa de não interferir em assuntos de outras nações, não há reciprocidade. Pelo contrário, ao adotar este princípio, países que queiram interferir com a China não precisam de se preocupar com a possibilidade de o país fazer o mesmo em resposta, o que apenas os incentiva ainda mais. Em terceiro lugar, a resposta chinesa a países que se envolvem nos respetivos assuntos internos, mesmo aqueles que o fazem repetidamente, é muitas vezes fraca. Em recentes anos as medidas usadas foram sobretudo cortes de relações temporárias, com um dano reduzido. Muitas vezes estas nações acabam por interferir em assuntos internos chineses completamente a custo zero, sem qualquer reação da parte da China. 

Mais lidas da semana