Autoridades revelam que país
conta pelo menos 32.200 extremistas de direita, contra 24.100 em 2018. Aumento
tem relação com nova classificação, que passou a incluir alas do partido
Alternativa para a Alemanha (AfD).
O número de extremistas de
direita ativos na Alemanha aumentou significativamente em 2019, aponta um
levantamento divulgado pelo jornal Tagesspiegel nesta segunda-feira
(16/12).
O Departamento de Proteção à
Constituição da Alemanha (BfV), agência de inteligência doméstica do país, e os
serviços estaduais identificaram um total de, no mínimo, 32.200 extremistas de
direita. O número cresceu um terço, em comparação com o levantamento de 2018,
quando as autoridades contabilizaram 24.100 envolvidos em redes extremistas de
direita.
Uma das principais razões para o
aumento se deve a o BfV ter passado a incluir, pela primeira vez, grupos
afiliados ao partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) em
sua contagem de extremistas de direita. Em janeiro deste ano, o BfV voltou a
atenção para uma facção radical do AfD conhecida como Der Flügel (A Ala), assim
como para a ala Junge Alternative (Alternativa Jovem), por suspeita de
extremismo.
Segundo o Tagesspiegel, as
autoridades incluíram 7 mil membros da Der Flügel em sua
contagem, bem como mil membros da Junge Alternative. Em janeiro, o BfV declarou
ambos os grupos afiliados à AfD como "casos suspeitos" de extremismo
de direita, ampliando sua observação para investigar se representam uma ameaça
à ordem constitucional.
A designação significa que o BfV
pode registrar dados pessoais de membros dos grupos e usar informantes
disfarçados e outros métodos de inteligência para coletar informações. O BfV
parou de classificar toda a AfD como "caso de teste" para aumentar
seus esforços de observação, depois de um tribunal decidir que as autoridades
não conseguiram justificar legalmente a designação.
Conhecido por suas posições
anti-imigração e eurocéticas, a AfD é repetidamente criticada na Alemanha por
suspeita de promover uma atmosfera de ódio no país, resultando em violência
política.
Em 2019, ocorreram vários
episódios de violência envolvendo extremistas de direita na Alemanha, incluindo
um ataque perto de uma sinagoga na cidade de Halle, que fez duas vítimas em outubro.
Em junho, o político conservador Walter Lübcke foi assassinado. O extremista de
direita Stephan Ernst, de 45 anos, confessou
o crime, alegando que resolvera matar o chefe do conselho administrativo do
distrito de Kassel devido a seu posicionamento simpático a imigrantes e
refugiados.
Uma pesquisa divulgada
em julho pela rede de TV ARD apontou que 71% dos alemães consideram alto ou
muito alto o perigo de ataques terroristas por parte de militantes de extrema
direita, entre eles, os neonazistas. A porcentagem superou o temor associado a
islâmicos radicais – 60% –, assim como o perigo de ataques de militantes de
extrema esquerda, confirmado por 41%.
A pesquisa foi elaborada quatro
semanas após o assassinato de Walter Lübcke. O último ataque de envergadura
cometido por jihadistas na Alemanha ocorreu em dezembro de 2016, quando um
tunisiano que jurara lealdade ao grupo extremista "Estado Islâmico"
(EI) matou 12 pessoas.
A pesquisa também mostrou que 66%
dos alemães consideraram o Estado tolerante demais com neonazistas e radicais
de extrema direita. E 65% são a favor de os serviços de segurança estatais
receberem poderes adicionais para monitorar comunicações e redes sociais na
internet, a fim de combater o extremismo.
Deutsche Welle | JPS/dpa/dw
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