quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Número de extremistas de direita na Alemanha aumenta um terço em 2019


Autoridades revelam que país conta pelo menos 32.200 extremistas de direita, contra 24.100 em 2018. Aumento tem relação com nova classificação, que passou a incluir alas do partido Alternativa para a Alemanha (AfD).

O número de extremistas de direita ativos na Alemanha aumentou significativamente em 2019, aponta um levantamento divulgado pelo jornal Tagesspiegel nesta segunda-feira (16/12).

O Departamento de Proteção à Constituição da Alemanha (BfV), agência de inteligência doméstica do país, e os serviços estaduais identificaram um total de, no mínimo, 32.200 extremistas de direita. O número cresceu um terço, em comparação com o levantamento de 2018, quando as autoridades contabilizaram 24.100 envolvidos em redes extremistas de direita.

Uma das principais razões para o aumento se deve a o BfV ter passado a incluir, pela primeira vez, grupos afiliados ao partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) em sua contagem de extremistas de direita. Em janeiro deste ano, o BfV voltou a atenção para uma facção radical do AfD conhecida como Der Flügel (A Ala), assim como para a ala Junge Alternative (Alternativa Jovem), por suspeita de extremismo.


Segundo o Tagesspiegel, as autoridades incluíram 7 mil membros da Der Flügel em sua contagem, bem como mil membros da Junge Alternative. Em janeiro, o BfV declarou ambos os grupos afiliados à AfD como "casos suspeitos" de extremismo de direita, ampliando sua observação para investigar se representam uma ameaça à ordem constitucional.

A designação significa que o BfV pode registrar dados pessoais de membros dos grupos e usar informantes disfarçados e outros métodos de inteligência para coletar informações. O BfV parou de classificar toda a AfD como "caso de teste" para aumentar seus esforços de observação, depois de um tribunal decidir que as autoridades não conseguiram justificar legalmente a designação.

Conhecido por suas posições anti-imigração e eurocéticas, a AfD é repetidamente criticada na Alemanha por suspeita de promover uma atmosfera de ódio no país, resultando em violência política.

Em 2019, ocorreram vários episódios de violência envolvendo extremistas de direita na Alemanha, incluindo um ataque perto de uma sinagoga na cidade de Halle, que fez duas vítimas em outubro. Em junho, o político conservador Walter Lübcke foi assassinado. O extremista de direita Stephan Ernst, de 45 anos, confessou o crime, alegando que resolvera matar o chefe do conselho administrativo do distrito de Kassel devido a seu posicionamento simpático a imigrantes e refugiados.

Uma pesquisa divulgada em julho pela rede de TV ARD apontou que 71% dos alemães consideram alto ou muito alto o perigo de ataques terroristas por parte de militantes de extrema direita, entre eles, os neonazistas. A porcentagem superou o temor associado a islâmicos radicais – 60% –, assim como o perigo de ataques de militantes de extrema esquerda, confirmado por 41%.

A pesquisa foi elaborada quatro semanas após o assassinato de Walter Lübcke. O último ataque de envergadura cometido por jihadistas na Alemanha ocorreu em dezembro de 2016, quando um tunisiano que jurara lealdade ao grupo extremista "Estado Islâmico" (EI) matou 12 pessoas.

A pesquisa também mostrou que 66% dos alemães consideraram o Estado tolerante demais com neonazistas e radicais de extrema direita. E 65% são a favor de os serviços de segurança estatais receberem poderes adicionais para monitorar comunicações e redes sociais na internet, a fim de combater o extremismo.

Deutsche Welle | JPS/dpa/dw

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