Stephen Lendman* | Global Research,
January 12, 2020
A relatora especial da ONU sobre
execuções extra judiciais, sumárias ou arbitrárias, Agnès Callamard,
criticou o assassínio perpetrado pelo regime Trump, do General iraniano
Soleimani, do Vice Presidente iraquiano da PMU, Abu Mahdi al-Muhandis e
de outros que estavam com eles, twittando o seguinte:
“Os homicídios de Qasem Soleiman
e Abu Mahdi Al-Muhandis são muito provavelmente ilegais e violam o Direito
Internacional sobre os Direitos Humanos”.
“Fora do contexto das
hostilidades activas, o uso de drones ou de outros meios para matar alvos,
quase nunca é legal.”
“Outro grande problema com as
mortes extra-territoriais é a falta de supervisão”.
“Os poderes executivos decidem
quem pode ser morto sem o devido processo judicial, quando é que agem em
legítima defesa, contra quem e como. Sem a aprovação dos respectivos
parlamentos.”
Pompeo comentou o assassínio de
Soleimani com uma ladainha de Grandes Mentiras, dizendo:
O regime Trump “decidiu eliminar
Soleimani em resposta a ameaças iminentes à vida de cidadãos americanos (sic).
“A nossa obrigação foi evitar a
escalada (sic).”
Assassinar Soleimani foi uma
“acção defensiva destinada a combater as ameaças agressivas utilizadas pela
Força Iraniana Quds (sic)”.
Ele “estava a conspirar
activamente na região para levar a cabo acções … que colocariam em risco
dezenas senão centenas de vidas de americanos(sic)”.
Tudo o que foi mencionado acima é
puro lixo e ninguém que compreenda como os EUA agem acredita nessas
afirmações, isto é, eles agem de acordo com as suas próprias regras e extra judicialmente,
a fim de alcançar os seus objectivos imperiais.
Matar Soleimani, Muhandis e os
que os acompanhavam, foi um assassinato a sangue frio dos EUA, um crime
hediondo e injustificável.
O Pentágono desculpou
ilegitimamente o seu acto criminoso, dizendo o seguinte:
“Sob a direcção de (Trump), as
forças armadas dos EUA tomaram medidas defensivas decisivas para proteger o
pessoal americano no estrangeiro, matando-os” – uma Grande Mentira, seguida de
mais mentiras, afirmando falaciosamente:
Soleimani “comandou ataques a
bases da coligação no Iraque, nos últimos meses (sic)”.
“Este ataque teve como objectivo
impedir futuros planos de ataque iranianos.”
“Os Estados Unidos continuarão a
tomar todas as medidas necessárias para proteger o nosso povo e os nossos
interesses onde quer que estejam, em todo o mundo (sic).”
A agressão levada a cabo pelo
regime Trump e pelos seus mais recentes predecessores transformou centenas
de milhões de muçulmanos em inimigos dos EUA, além de inúmeros outros, em todo
o mundo – tornando os EUA o país mais insultado do mundo.
Em toda a História da República
Islâmica, desde 1979, as autoridades e chefias militares nunca ordenaram
um ataque a outra nação ou aos respectivos oficiais.
Pompeo não apresentou provas que
apoiassem as suas acusações absurdas porque não existem.
Sempre que António Guterres
comenta incidentes como o assassínio de Soleimani e outras acções hostis dos
EUA, da NATO e de Israel, ele apela sempre a todos os lados para mostrarem
contenção – deixando de evidenciar a culpa onde ela pertence.
Depois de não dizer nada durante
horas após a agressão patrocinada pelo regime de Trump contra Soleimani e
os que o acompanhavam, o seu porta-voz emitiu a sua observação pré-escrita,
dizendo:
“O Secretário Geral tem defendido
consistentemente a não escalada no Golfo (sic). Está profundamente preocupado
com a recente escalada (sic).”
“Este é o momento em que os
líderes devem exercer a máxima restrição (sic). O mundo não pode permitir que
haja outra guerra no Golfo (sic).”
“O mundo” precisa de um Chefe da
Organização mundial com coragem moral, e não de um boneco pró-ocidental covarde
– manipulado pelos poderes mais influentes em Washington, Bruxelas e Tel Aviv.
O líder do Hezbollah, Sayyed
Hassan Nasrallah, pediu “a punição dos assassinos criminosos do regime Trump”,
acrescentando:
É “o dever e a responsabilidade
de todos os combatentes da resistência em todo o mundo”.
“Nós, que ficamos ao lado de
Soleimani, seguiremos os seus passos e esforçar-nos-emos, dia e noite, para
alcançar os seus objectivos.”
“Levaremos uma bandeira em todos
os campos de batalha e em todas as frentes e intensificaremos as vitórias do
‘eixo da resistência’ com a bênção do seu sangue puro.”
O Ministério dos Negócios
Estrangeiros da Síria condenou as agressões e os assassinatos dos EUA,
designando as suas acções como “uma escalada séria … um acto covarde
de agressão … que fortalece a nossa determinação de seguir o caminho dos
líderes martirizados da resistência”.
Na sexta-feira, centenas de
milhares de iranianos foram às ruas para condenar o regime de Trump.
A longo prazo, as políticas dos
EUA são auto-destrutivas, o extremismo típico de uma nação em declínio.
Quanto maiores são as suas acções
hostis em todo o mundo, mais inimigos eles adquirem.
Comentando o assassínio de
Soleimani, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia,
Maria Zakharova, diz o seguinte:
O “ataque com mísseis do
Pentágono (que matou Soleimani e os outros) foi um acto que não está em
consonância com o Direito Internacional … o cúmulo do cinismo” levado a cabo
por um Estado imoral.
O objectivo de Washington tem
tudo a ver com fazer valer o Poder sobre o Direito, procurando “alterar o
equilíbrio de poder na região”.
“Não resultará em nada a não ser
escalar tensões crescentes na região, o que, certamente, irá afectar milhões de
pessoas”.
A acção do regime Trump “não
escapará às Nações Unidas”, o Conselho de Segurança irá abordá-lo: o poder de
veto dos EUA/Reino Unido/França impedirá a condenação oficial.
Matar Soleimani e o Vice
Presidente da PMU do Iraque, Abu Mahdi al-Muhandis e os restantes que os
acompanhavam, só irá desestabilizar ainda mais a região.
As suas mortes nada tinham a ver
com a protecção de vidas de cidadãos americanos, mas sim, tudo a ver com o
avanço do Império Americano.
Foi um acto imprudente e
auto-destrutivo que lhes saiu gorado, não conseguindo nada senão uma raiva
popular ainda maior contra os EUA.
Também conduz os parlamentares
iraquianos a aprovar uma legislação que ordene a saída das forças americanas do
país, o que pode acontecer.
*Stephen Lendman | Global Research
| Original em inglês | Tradutora: Maria
Luísa de Vasconcellos
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