sábado, 15 de fevereiro de 2020

2020, UM ANO RADIOGRÁFICO


  
O ano de 2020, um ano eleitoral nos Estados Unidos, será um ano radiográfico para melhor se perceber as cisões internas na aristocracia financeira mundial, com reflexos da sua superstrutura ideológica, na sua infraestrutura de sustentação e nos espectros republicano e democrata no quadro dum eleitorado que se está a tornar cada vez mais esclarecido.
As tensões internas da aristocracia financeira mundial, não acabaram, antes se têm vindo a agudizar, desde os actos eleitorais que levaram à vitória de Donald Trump,…
À escala global este ano de 2020 é propício ao incremento da IIIª Guerra Mundial, com um crescendo de riscos não previsíveis, que podem rapidamente conduzir a escaladas militares e de tensões de toda a ordem.
Recorde-se “O império mexe-se com pés de barro” – 

01- As tensões entre republicanos estão não só a esbater-se no Congresso e no Senado dos Estados Unidos, mas também no largo espectro dos meios de comunicação massivos, assim como nas conjunturas internas dos dois partidos em época eleitoral, desde já na presente fase primária em que há uma enorme base de mobilização popular, comunitária e social.

Até que ponto os poderosos “lobbies” que sustentam a aristocracia financeira mundial, que sustentam os dois partidos, têm a mesma força que antes, em função das tensões típicas das rupturas?

Essa força incide similarmente nas diversificadas comunidades estadounidenses, agrupadas nas culturas anglo-saxónicas e nas de raiz latino-americana e afrodescendente?

Que reflexos as novas conjunturas vão trazer não só para os actos eleitorais, mas também futuramente para o exercício do poder a nível interno e nos relacionamentos internacionais?

Vai-se reforçar um novo quadro para o exercício da globalização segundo critérios neoliberais (a pretexto do protecionismo) visando a hegemonia unipolar, ou vai-se assistir ao esvaimento desse tipo de tendências?



02- Acompanhar radiografando as tensões que se distendem desde o fulcro da aristocracia financeira mundial, permitir-nos-á avaliar o que se vai distender, dentro dos Estados Unidos, mas também por todo o mundo, até por que em relação a essa crucial questão, não será indiferente o manancial das mais de 800 bases militares espalhadas pelo “ultramar”, 500 das quais direccionadas contra a China, o Irão e a Coreia do Norte.

A China parece perfazer, para os dois partidos-de-mão cúmplices do poder dos Estados Unidos, o inimigo a abater, por parte dum estado que tanto necessita de inimigos para se autojustificar e tentar justificar a própria imagem que dissemina nas brasas duma guerra psicológica toda ela artificiosamente montada sobre um longo “conflito de civilizações”…

Mas a China socorre-se de aderências em cadeia, no seguimento do seu próprio programa revolucionário que, se antes era essencialmente vocacionado sobre si mesma, agora ganha as asas da continuidade por via dos arrojados projectos que dão corpo à Nova Rotada da Seda, continente euro-asiático adentro, oceanos circunvizinhos adentro.

O proteccionismo segundo as malhas tecidas pela administração de Donald Trump determina a imposição de 500 bases em trn da República Popular da China, Irão e República Popular e Democrática da Co reia (Coreia d Norte), por que a afirmação dessas potências é encarada com uma ameaça ao carácter hegemónico e unipolar do próprio proteccionismo, incapaz de soluções aferidas às emergências e incapaz de multilateralismo!


03- O quadro das primárias vai-nos já dando a leitura das tendências, também por que os partidos, republicano e democrata, não são cristalizados.

Os republicanos, parecem continuar apostados na ementa proteccionista inaugurada com Donald Trump, pelo que procurarão (assim o estão a indiciar), reforçá-lo no sentido da sua reeleição, até por causa da tipologia humana de sua aderência (importante constatar os estados que os suportam, a fim de recolher dados sobre a psicologia do seu respectivo eleitorado, sobre os objectivos a que se propõem, sobre os processos a que recorrem, etc.).

Os republicanos identificam-se muito mais com linhas indexadas à ainda dominante cultura anglo-saxónica enraizada no eleitorado rural, reforçado com o eleitorado suburbano das cidades onde a decadência tem sido maior (devido às afectações resultantes do fecho de indústrias, ou à drástica redução da sua produtividade).

O lastro do partido democrata vai pouco a pouco espraiando-se com suporte em culturas de origem latino-americanas e afrodescendentes, mais cosmopolita e menos tradicional, abarcando os estados mais produtivos industrialmente e onde a concentração da riqueza é maior, agora com a novidade duma muito maior atenção e vocação sobre as questões sociais.

Para qualquer deles e para o exercício do poder de turno, é necessário não esquecer o domínio da aristocracia financeira mundial, ciosa de sustentáculos aprimorados na e pela vocação do papel-moeda (dólar), nos circuitos internacionais, nos títulos de tesouro (em função da colossal dívida que não cessa de crescer), nos poderosos “lobbies” da energia, do armamento, ou dos minerais, fluentes da colossal indústria dos Estados Unidos.

É em subordinação a esse poder da aristocracia financeira mundial que as ementas de uns ou de outros se vão ter de posicionar “representativamente”, pelo que também aí será interessante avaliar a maior ou menor flexibilidade, o seu grau de variabilidade e as aptidões na busca de diálogo, ou de consensos, sabendo-se que está-se longe de participação e de protagonismos.


04- Até ao final do ano o exercício republicano de Donad Trump a nível internacional continuará a ser tão fascista, ou anda mais fascista do que tem sido, com sinais evidentes em regiões tão sensíveis como a Europa do Leste, o Médio Oriente Alargado e o sudeste da Ásia, tendo em conta a antítese forjada que abarca a China, o Irão e a Coreia do Norte.

A Turquia está agora a preencher um papel de “gendarme” em “desespero de causa”, quer nas suas implicações na direcção da Síria, quer naquelas em direcção à Ásia Central e Ucrânia.

A gestão sobre os resíduos da Al Qaeda na minguante bolsa de Idlib, a nordeste da Síria, uma bolsa que poderá desaparecer durante o primeiro semestre deste ano, assim com as implicações da Turquia na Líbia e na Ucrânia, são todos eles sinais de desespero tanto no quadro da NATO, como no quadro do Pentágono, no que às suas distensões artificiosas diz respeito.

Essas distensões fluem da Irmandade Islâmica de que faz parte o clã Erdogan, com financiamentos e inspirações ideológicas fundamentalistas provenientes das monarquias arábicas wahabitas-sunitas e ainda com o “guarda-chuva” inteligente do sionismo de Israel.

Todo esse “sistema em rede” actua sob os auspícios da hegemonia unipolar e o petróleo das monarquias arábicas, são mesmo o esteio do dólar enquanto papel-moeda, assim como do carácter do suporte dos “lbbies” da energia e d0 armamento nos Estados Unidos, em particular nos vínculos de sustentação d partido republicano.

Se o poder nos Estados Unidos está sob prognóstico reservado nos termos do seu bárbaro carácter e conteúdo, ainda mais sob reserva estão os parâmetros assimétricos e de geometria variável das implicações no exercício sulfuroso da hegemonia unipolar (IIIª Guerra Mundial)!

Toda a atenção é pouca em 2020, na radiografia do que se passa por dentro e em torno do poder da aristocracia financeira mundial nos Estados Unidos!

Martinho Júnior -- Luanda, 13 de Fevereiro de 2020.

Imagens:
01- Amostra actualizada da tendência de voto nos Estados Unidos, pondo a nu a polarização existente;
02- A presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, rasga cópia do discurso sobre o estado da nação, do Presidente Donald Trump, a 4 de Fevereiro de 2020;
03- Os candidatos democratas, Bernie Sanders e Joe Biden e o candidato republicano, Donald Trump.
04- Trump continuará a ser tão fascista, ou anda mais fascista do que tem sido.

Consultas:
01- Se cierne una gran tormenta sobre EEUU: ¿El fin de la era Trump? (I) – http://www.cubadebate.cu/opinion/2020/02/03/se-cierne-una-gran-tormenta-sobre-eeuu-el-fin-de-la-era-trump-i/#.XjvgKyZCdjo;
05- CONSTANTE NECESSIDADE DE RADIOGRAFAR O IMPÉRIO – https://paginaglobal.blogspot.com/2020/01/constante-necessidade-de-radiografar-o.html

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