Visita de secretário de Estado
dos EUA seria sinal de que "reformas estão a surtir efeito", diz
analista
Mike Pompeo encontra-se esta
segunda-feira com o Presidente João Lourenço e o ministro das Relações
Exteriores Manuel Augusto. Analista acredita que visita demonstra que reformas
“estão a dar frutos”.
A deslocação a Angola, no âmbito
de uma visita de cinco dias a África, do secretário de Estado norte-americano,
Mike Pompeo, acontece numa altura em que as relações comerciais entre os
Estados Unidos e Angola estão em declínio.
Em 2016, as trocas
comerciais atingiram um volume total de 4,2 mil milhões de dólares, 16 mil
milhões a menos do que em 2008 - quando se verificou um volume recorde de 20,1
mil milhões de dólares entre os dois países.
Para o especialista em relações
internacionais, Osvaldo Mboco, esta visita é importante e vai relançar as
relações comerciais entre os dois Estados. "É um sinal, sem sombra de
dúvida, da vontade política e económica de se dar uma nova dinâmica
às relações comerciais e de cooperação entre ambos os Estados. Isto demonstra
claramente que as reformas estão a surtir efeito", comenta.
Mboco lembra que as visitas de
representantes de duas potências económicas em curto espaço de tempo é algo
emblemático para Angola.
"Tivemos cá a chefe da maior
economia da Europa [Angela Merkel]. Teremos agora o secretário de Estado na
maior economia do mundo, e isto é bastante significativo", acrescenta.
Osvaldo Mboco aponta como uma das
causas deste interesse norte-americano a forte presença chinesa em África.
"Isso faz os Estados Unidos quererem colocar-se novamente na linha de
corrida para dinamizar e tentar mitigar os espaços deixados há algum tempo ao
nível do próprio continente africano e também em Angola que é um grande mercado
em termos de escoamento de produtos", acrescenta.
Encontros ao mais alto nível
No princípio deste mês, o
Departamento de Estado norte-americano divulgou que, em Luanda, Mike Pompeo vai
encontrar-se com Presidente João Lourenço e com o ministro das Relações
Exteriores, Manuel Augusto, "para reafirmar o apoio dos Estados Unidos aos
esforços anti-corrupção e democratização".
O secretário de Estado americano
vai também encontrar-se "com parceiros económicos e a comunidade
empresarial para discutir a luta contra a corrupção e as crescentes
oportunidades para o comércio bilateral e investimentos". A visita de Mike
Pompeo acontece quase um mês depois da revelação
do escândalo Luanda Leaks.
Jeremias Benedito, responsável da
associação cívica Lauleno, com sede na província do Moxico, quer ver o
tema dos direitos humanos abordados no encontro entre o Presidente angolano e o
secretário de Estado norte-americano. Segundo o ativista, o Governo
continua a reprimir manifestações em Luanda e Cabinda e há registo de casos de
tortura na região das Lundas.
"[A visita] deve servir para
abordar não somente as relações económicas e comerciais, mas também questões
relacionadas com os direitos humanos. Nós estamos num país que tem estado a
violar constantemente os direitos humanos e os direitos dos cidadãos",
critica.
Manuel Luamba | Deutsche Welle
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