Na província de Manica, mais de
24 mil idosos beneficiários do programa de subsídio social básico estão há
cerca de quatro meses sem receber os seus valores. A falta de auxílio faz com
que muitos deles passem fome.
O Instituto Nacional de Ação
Social (INAS) alega não ter dinheiro para pagar aos idosos beneficiários do
programa de subsídio social básico em Manica, centro de Moçambique. A diretora
provincial de Género, Criança e Ação Social, Lurdes Daniel, não quis gravar
entrevista, mas explicou à DW áfrica que a dívida provém do défice orçamental.
O valor só chegou para pagar os subsídios até outubro de 2019.
São exatamente 24.074 idosos
beneficiários do subsídio social básico. Um grupo expressivo de pessoas oriundo
de oito distritos, nomeadamente, Chimoio, Mossurize, Machaze, Gondola,
Sussundenga, Macate, Vanduzi e Manica.
Um grupo de idosos, que prefere
manter o anonimato, disse à DW África depende desses subsídios para viver e
descreveu as dificuldades que enfrenta devido à falta do subsídio. Desde
novembro, estes idosos sobrevivem de apoios de pessoas singulares. A situação
faz com que muitos busquem ajuda de desconhecidos pelas artérias da cidade,
passando de loja em loja a pedir esmolas para poder colocar comida na mesa.
"Estamos a passar muito
mal"
"São quatros meses sem
subsídios, a partir de novembro, dezembro, janeiro e fevereiro. Nós estamos a
passar muito mal, porque não temos o que comer e não temos outra forma de
sobreviver", contam os beneficiários do programa, que falam sob anonimato
por medo de represálias. E caso deixe de haver subsídios, os idosos deixam um
apelo: "É melhor que nos informem para ficarmos a saber e sem
alimentar esperanças."
"E com essa época chuvosa,
as casas estão a desabar e não temos o que fazer. O Estado prometeu ajudar-nos,
mas não está a ajudar, se calhar já nos esqueceu", disse um dos idosos
ouvidos pela DW África.
Outro entrevistado, que também
não se identificou por medo de represálias, contou ainda que os seus filhos não
possuem material escolar por falta daquele subsídio. "A esperança é a
última coisa a morrer. Nada podemos fazer pois as nossas ideias já acabaram, o
que nos resta é pedir ajuda nas lojas e pessoas de boa-fé. E paulatinamente
vamos aguardando com serenidade e calma", relata.
O secretário do Estado na
província de Manica, Edson da Graça Macuácua, que na semana passada efetuou uma
visita de trabalho ao INAS, espera que o problema seja resolvido em breve.
"Está-se trabalhar para isso, falamos da revisão de todos os
procedimentos, que é para garantir que haja uma recessão com a necessária
regularidade. E quando não há regularidade é necessário esclarecimento",
declarou.
O governante promete continuar a
"garantir que os cidadãos que carecem deste apoio do Estado possam receber
subsídios e outros apoios que o Estado canaliza com a necessária celeridade."
Bernardo Jequete (Manica) |
Deutsche Welle
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