O embaixador da Rússia em
Moçambique recusa comentar se há algum tipo de força armada daquele país a
apoiar o combate a grupos que atacam o Norte do país, pedindo mais cuidado na
gestão da informação.
"Uma das regras
principais" na resposta "ao fenómeno de terrorismo é: quanto menos
souberem os terroristas sobre cooperação ou atuação das forças, melhor",
referiu Alexander Súrikov, na sexta-feira (14.02), em Maputo, citado pelo canal
de televisão STV ao ser questionado sobre a eventual presença russa.
"No nosso mundo
transparente, já é suficiente a transparência" que existe, acrescentou, à
saída de uma audiência concedida pela presidente do parlamento.
O ministro dos Negócios
Estrangeiros moçambicano, José Pacheco, anunciou em outubro que a Rússia
forneceu equipamentos militares a Moçambique para apoiar as forças
governamentais no combate a grupos armados em Cabo Delgado (norte do país), no
que classificou como um "apoio pontual" no âmbito da cooperação com a
Rússia.
Além de equipamentos, fontes
locais e no exterior têm relatado a presença de soldados privados oriundos
daquele país - referenciados também entre as baixas listadas em comunicados do
grupo 'jihadista' Estado Islâmico (EI) ao reivindicar ataques.
Alexander Súrikov referiu que a
Rússia está "pronta para quaisquer formas de apoio e cooperação" que
venham a ser solicitadas por Moçambique. "Há que combater o terrorismo no
início, quando aparece", ou seja, "não esperar" que evolua,
acrescentou.
O diplomata comparou a luta
contra o terrorismo ao combate a um cancro: "se demora demasiado, vai ser
mais difícil e perigoso para a saúde. A atuação tem de ser energética,
rápida", concluiu.
Mais de 350 vítimas mortais
Os ataques armados na província
de Cabo Delgado eclodiram em 2017 protagonizados por residentes, frequentadores
de mesquitas "radicalizadas" por estrangeiros, segundo líderes
islâmicos locais, que primeiro alertaram para atritos entre fiéis.
Nunca houve uma reivindicação da
autoria dos ataques, com exceção para comunicados do grupo 'jihadista' Estado
Islâmico, que desde junho tem vindo a chamar a si alguns deles, com alegadas
imagens das ações, mas cuja presença no terreno especialistas e autoridades
consideram pouco credível.
Os ataques já provocaram pelo
menos 350 mortos e 156.400 pessoas afetadas com perda de bens ou obrigadas a
abandonar casa e terras em busca de locais seguros, numa província rica em gás
natural, com megaprojetos de extração a serem construídos.
Deutsche Welle | Agência Lusa, nn
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