quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

O interior profundo de Portugal a 50 quilómetros de Lisboa!


Duas notas sobre a “visão” que tem caracterizado sucessivos governos. Uma o caso da TAP privatizada, com o Estado a ficar responsável por 50% de empresa e 100% da dívida, mas, se um dia der lucro, o Estado receberá 5%. Outra as preocupações com a “coesão territorial,” com o “interior” quase à beira-mar.


O caderno de Economia do Expresso é um sítio onde sempre se aprendem coisas interessantes e importantes. Há algumas semanas atrás alguém lá revelava a brilhante estratégia nacional para a TAP (aquela empresa que agora é liderada por um engenheiro civil brasileiro, que no mesmo ano em que deu 180 milhões de prejuízo, pagou prémios de desempenho a alguns dos seus visionários e esforçados directores, prémios esses que nalguns casos atingiram 110 mil euros e que convém relembrar saíram do bolso dos contribuintes Portugueses) da seguinte forma: “O Governo conseguiu a notável proeza de ficar responsável por 50% da empresa, por 100% da dívida, caso um dia a TAP venha a dar lucro, terá direito a uns módicos 5% do resultado liquido”.

E ontem um interessantíssimo artigo publicado no referido caderno do Expresso com o título “Incentivos para o interior dão para viver na praia” iniciava-se da seguinte forma:

“Não é preciso rumar em direcção à fronteira com Espanha para beneficiar da dezena de incentivos que a ministra da coesão territorial, Ana Abrunhosa, acaba de lançar para atrair mais empresários e trabalhadores para o interior. A uma família lisboeta, por exemplo, basta descer pouco mais de 50 quilómetros até Setúbal…instalar-se numa das muitas praias da costa Alentejana. Aí já beneficiará de vários subsídios a fundo perdido destinados aos territórios do interior”.


O artigo é complementado com um engraçado mapa, onde até mesmo a zona de Sagres é considerada interior de Portugal! Em face disto eu acho que todas as pessoas do verdadeiro Interior de Portugal, junto a Espanha, deviam ter um rasgo de inteligência e ir viver para as praias Alentejanas, as tais a 50 quilómetros de Lisboa, beneficiando ainda dos acima referidos “vários subsídios a fundo perdido” que incluem 4827 euros para os trabalhadores e também subsídios para empresários, que podem chegar a a 82.000 euros “caso a empresa seja recente, o projecto seja de empreendedorismo social ou o trabalhador contratado tenha algum tipo de incapacidade, venha de uma família monoparental…”

E porque é que o Governo não aplica às pessoas que vivem a menos de 50 km da fronteira com a Espanha, isso sim o verdadeiro Interior profundo (excluindo obviamente a região Algarvia) as mesmas tabelas de IRS que aplica nos Açores? Será que alguém no Governo sabe, quanto é que gasta, unicamente em portagens, um residente de uma localidade junto à fronteira com Espanha, quando pretende ir até Lisboa?

Fonte: https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/02/o-interior-profundo-de-portugal-50-kms.html

*Publicado em O Diário.info

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