O primeiro-ministro da
Guiné-Bissau, Aristides Gomes, afirmou hoje que o país está a assistir a uma
"expansão da violência" e que há um "bloqueio total" do
país com investidas contra membros do Governo.
"O ponto da situação da
Guiné-Bissau é caracterizado por uma expansão da violência. Da violência
institucional, da violência contra as instituições, que está a ser concretizada
pela ocupação do espaço governamental e do Estado", disse aos jornalistas
na sua residência, em Bissau, Aristides Gomes.
Segundo o primeiro-ministro, o
Palácio do Governo está ocupado por militares, bem como vários ministérios
localizados no centro da cidade, o Supremo Tribunal, e a Assembleia Nacional
Popular.
"Estamos face a uma situação
de bloqueio total. Agora há uma segunda fase caracterizada por investidas
contra membros do Governo, pessoal, sob pretexto de confiscação de viaturas do
Estado", afirmou.
O primeiro-ministro denunciou
também aos jornalistas que elementos do Ministério do Interior estiveram hoje
em sua casa a confiscar duas viaturas utilizadas pela sua guarda pessoa.
"Esta manhã apareceram cá
indivíduos que disseram que vinham com ordens do Ministério do Interior para
levarem as duas viaturas que os meus guardas nacionais utilizam, depois disso
estão a ameaçar prender e neutralizar os meus guardas nacionais, pelo que sei,
aconteceu a mesma coisa com o presidente da Assembleia Nacional", afirmou.
Cipriano Cassamá que
tinha sido nomeado sexta-feira Presidente interino do país renunciou hoje
aquela função por razões de segurança e para defender os interesses dos guineenses
e do país.
"Estamos face a uma situação
que tem o defeito de fazer acordar os demónios e os fantasmas da violência no
nosso país e infelizmente para a nossa população, porque as pessoas que vivem
na Guiné-Bissau, tanto os nacionais, como os estrangeiros, aspiram a uma maior
qualidade de vida, sem violência", salientou.
Aristides Gomes afirmou também
que "seria desejável" que todos estivessem compenetrados naquele
imperativo e de "agir no sentido da pacificação" das ações individuais
e coletivas.
A Guiné-Bissau vive mais um
momento de especial tensão política, depois de Umaro Sissoco Embaló ter
demitido na sexta-feira Aristides Gomes do cargo de primeiro-ministro e nomeado
Nuno Nabian, que tomou posse no sábado.
Umaro Sissoco Embaló,
dado como vencedor da segunda volta das presidenciais da Guiné-Bissau pela
Comissão Nacional de Eleições, tomou posse simbolicamente como Presidente
guineense na quinta-feira, numa altura em que o Supremo Tribunal de Justiça
ainda analisa um recurso de contencioso eleitoral interposto pela candidatura
de Domingos Simões Pereira.
Após estas decisões,
registaram-se movimentações militares, com os militares a ocuparem várias
instituições de Estado, incluindo a rádio e a televisão públicas, de onde os
funcionários foram retirados e cujas emissões foram suspensas.
Cipriano Cassamá tinha
tomado posse na sexta-feira como Presidente interino, com base no artigo da
Constituição que prevê que a segunda figura do Estado tome posse em caso de vacatura na
chefia do Estado.
Notícias ao Minuto | Lusa |
Imagem: © Lusa
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