O Presidente interino da
Guiné-Bissau, Cipriano Cassamá, renunciou hoje ao cargo, alegando que os
interesses dos guineenses são superiores aos seus e por razões de segurança.
Numa declaração lida aos
jornalistas, Cipriano Cassamá explica que depois de ter tomado posse como
Presidente interino "tem havido fortes ameaças à integridade física do
corpo de segurança" que lhe foi afeto por homens fortemente armados e que
também põe em perigo a sua segurança e da sua família.
"Em decorrência destas
fortes evidentes ameaças renuncio ao cargo de Presidente interino para que fui
investido com todos os efeitos legais em salvaguarda de interesses maiores e
voltar ao exercício pleno do cargo de presidente da assembleia", afirmou
Cipriano Cassamá na sua residência em Bissau, onde era visível um forte
dispositivo de segurança.
Cipriano Cassamá afirmou também
que a Guiné-Bissau "não pode estar em confrontações entre as forças vivas
e forças militares e para salvaguardar isso e salvar os guineenses das
perturbações evidentes, que possam advir, decidi assumir esta responsabilidade
para a consolidação da paz e da estabilidade que o povo sempre almejou".
"O povo sofreu muito e
continua a sofrer, e o interesse do povo está acima dos meus interesses",
salientou.
Cipriano Cassamá pediu também
desculpa aos militantes do seu partido, o Partido Africano para a Independência
da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), liderado por Domingos Simões Pereira que
apresentou um recurso de contencioso eleitoral, alegando graves irregularidades
eleitorais, e ao povo guineense.
A Guiné-Bissau vive mais um
momento de especial tensão política, depois de Umaro Sissoco Embaló ter
demitido na sexta-feira Aristides Gomes do cargo de primeiro-ministro e nomeado
Nuno Nabian, que tomou posse no sábado.
Umaro Sissoco Embaló, dado como
vencedor da segunda volta das presidenciais da Guiné-Bissau pela Comissão
Nacional de Eleições, tomou posse simbolicamente como Presidente guineense na
quinta-feira, numa altura em que o Supremo Tribunal de Justiça ainda analisa um
recurso de contencioso eleitoral interposto pela candidatura de Domingos Simões
Pereira.
Após estas decisões,
registaram-se movimentações militares, com os militares a ocuparem várias
instituições de Estado, incluindo a rádio e a televisão públicas, de onde os
funcionários foram retirados e cujas emissões foram suspensas.
Cipriano Cassamá tinha tomado
posse na sexta-feira como Presidente interino, com base no artigo da
Constituição que prevê que a segunda figura do Estado tome posse em caso de
vacatura na chefia do Estado.
Expresso | Lusa
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