Ministra da Saúde e DGS pedem
tranquilidade aos portugueses e dizem que os riscos serão analisados
diariamente e "caso a caso". Voos provenientes de Itália e da China
estão a ser rastreados, garante ministra, que não especificou de que forma.
Dois homens, um médico que estava de férias em Itália, de 60
anos, e um trabalhador proveniente de Espanha, de 33, são os primeiros casos
confirmados (um deles aguarda nova validação) de infeção por Covid-19 em
Portugal. Não existe um guião geral para lidar com o novo vírus e a
abordagem irá depender da história clínica de quem estiver infetado, são as
linhas fortes da mensagem deixada pelo Ministério da Saúde e Direção-Geral da
Saúde (DGS).
"Vamos analisar caso a caso
e [tentar] perceber com quem estas pessoas estiveram em contacto", disse a
ministra da Saúde, Marta Temido, esta manhã, na conferência de imprensa onde
foram confirmados os primeiros casos positivos no país.
Para quem esteve em contacto com
pessoas infetadas ou que regresse de países como a China e a Itália, as
recomendações do Ministério da Saúde e da DGS é para que as pessoas façam uma
"vigilância ativa" do seu estado de saúde e que contactem a Linha de
Saúde 24 (808 24 24 24) caso tenham sintomas ou mesmo que não os apresentem.
A recomendação é que ninguém se
desloque a uma unidade de saúde se tiver suspeitas de estar infetado ou se
tiver estado em contacto com pessoas infetadas - ou com suspeita de estarem
doentes -, mas que aguardem as indicações dos profissionais de saúde da Linha
SNS 24 - que foi reforçada por causa do Covid-19. Ainda assim, a DGS alerta:
pode haver demora no atendimento.
Marta Temido anunciou que, tal
como tem vindo a acontecer com quem chega a Portugal oriundo da China, os
passageiros de voos provenientes de Itália também serão rastreados, mas não
avançou de que forma.
"Neste momento, foi já
tomada a decisão de aplicar [o rastreamento] aos voos que são provenientes de
áreas afetadas, já o tínhamos feito relativamente aos voos provenientes da
China. Vamos alargar essa medida aos voos provenientes da Itália", disse
Marta Temido, explicando que se trata da "aplicação de uma
rastreabilidade de contactos e também um reforço da informação dos provenientes
dessa região".
Relativamente ao caso da
passageira que seguia no domingo, no comboio internacional Sud Express, as
autoridades de saúde adiantaram que está internada no Hospital Curry Cabral, em
Lisboa, a aguardar os resultados das análises.
Em que fase está Portugal?
"Estamos em fase de
contenção", disse a Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, e voltou a
repeti-lo várias vezes ao longo da conferência de imprensa, onde foi também
pedida "tranquilidade" aos portugueses. O objetivo é evitar ao máximo
que o vírus se espalhe em Portugal, agora que o vírus cá chegou de forma
importada.
O trabalho da DGS é de
"detetive", frisou a responsável, com as autoridades de saúde a
tentarem identificar com quem estiveram em contacto os dois portugueses a quem
foi diagnosticado a infeção por Covid-19.
"A Linha Saúde 24 é a grande
triagem"
Um vírus novo, uma dinâmica que
pode mudar diariamente, lembrou Graça Freitas, garantindo que os procedimentos
a serem tomados não são nem serão estanques, mas vão sendo afinados à medida
que os profissionais de saúde forem conhecendo melhor a doença, sempre
alinhados com o que está a ser feito em outros países.
Duas vertentes são por agora
tidas em conta; pessoas que estiveram em contacto com potenciais infetados mas
que não apresentam sintomas podem ser consideradas de baixo u de alto risco -
"o risco será analisado caso a caso e dia a dia", sublinhou Graça
Freitas.
É melhor não ir trabalhar, à
escola?
Não há qualquer indicação neste
sentido. Marta Temido aconselha os portugueses a falarem com as suas entidades
empregadoras para saberem que plano de contingência existem, e aconselha que o
mesmo seja feito em relação a todas as instituições, que poderão consultar as
recomendações da DGS no site
da instituição, que diariamente publica um boletim sobre o vírus.
Isto não significa que estas
medidas não possam ser tomadas mais tarde, mas por agora, e tendo em conta a
situação portuguesa, nenhuma destas medidas foi adotada ou é recomendada.
"É um vírus completamente
novo. Não temos base de comparação"
"Não sabemos a velocidade do
contágio - estamos em fase de contenção, estamos a contrariar a atividade
normal do vírus. Não conhecemos a dinâmica deste vírus, não podemos
antecipar cenários, [tudo o mais] será especulação", sublinhou Graça
Freitas na conferência de imprensa.
A diretora-geral da Saúde
recordou que as autoridades de saúde costumam trabalhar com base em
conhecimento - como acontece com o vírus da gripe - mas que desta vez estão a
trabalhar com "pouco conhecimento" sobre o Covid-19.
"Os três novos coronavírus
que conhecemos neste século tiveram comportamentos diferentes - o SARS, o vírus
do Médio Oriente, e agora este, que é absolutamente novo. Não temos base de
comparação", disse a responsável, apelando novamente à
"tranquilidade" numa altura em tudo é realmente novo.
"É a primeira vez que
estamos a viver online uma epidemia", reforçou.
Paula Freitas Ferreira | Diário
de Notícias
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