terça-feira, 3 de março de 2020

Torrentes sobre o coronavírus na comunicação social geram confusão e pânico


Bom dia, este é o seu Expresso Curto. Não é já que o vai desfrutar, porque temos dias em que não o publicamos após o "assalto" que fazemos ao Expresso, depois de, a pretexto ou não, impingirmos aos que aqui vêm alguns dos nossos desabafos - com ou sem enfoque sobre temas do Curto do Expresso. 

A seguir a praticar aqui a nossa "abertura" vai ter todo o Curto de hoje. O autor com que vai deparar é uma senhora, empregada do tio Balsemão Bilderberg/Impresa. Cristina Peres, jornalista de internacional. Decerto que por isso o trato de título e abertura relaciona-se com americanices do império ianque. Exatamente as eleições nos EUA, porque, dizem, hoje é super terça-feira por lá. Pois, os ianques são sempre super, até a arrasar países e povos, a desculparem-se com "danos colaterais" que mandam para a morte inocentes ou prováveis terroristas que condenam à morte sem julgamento. Em absoluta violação do direito internacional. São superes, principalmente para o mal.

Avançando e esclarecendo: sobre americanices quase que estamos "tratados". As eleições norte-americanas são de uma complexidade que a maioria dos cidadãos do mundo não entendem. Há até os que dizem que aquilo é uma grande confusão e que os candidatos são todos iguais na obediência às corporações que os compram para que lhes dêem mais lucros e vantagens nas fontes de riqueza saqueadas ou inerentes aos atos de guerras que vão semeando globalmente. Enfim, o império é o império. Está tudo dito.

O coronavírus em Portugal e no mundo é que agora nos preocupa. Vamos a ele.

Um título em vários orgãos de comunicação social referem sobre o malvado vírus: "Bastonário dos Médicos não aconselha viagens em março". Ora, ora. Só agora surgiu uma alminha bondosa que declarou o que é de La Palice? Mas o governo e os serviços de saúde esqueceram-se dessa importante comunicação/esclarecimento? Porquê? E de outras.

"O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, indicou, em entrevista à TVI, que se devem evitar as viagens "que não sejam necessárias". "Se a viagem puder ser evitada, porque é uma viagem de férias que calha agora em março e que é para um país africano ou para um país europeu, para Itália, para Milão, seja o que for, ou até para a China, se calhar vale a pena a pessoa pensar em não fazer férias agora", disse."

Pois foi. Provavelmente esqueceram-se de recomendar o óbvio.

Porque não estamos para aqui só para apontar erros salientemos os esforços e a eficácia da Saúde 24, os seus profissionais. Muitos outros organismos merecem tal reconhecimento. Até o governo. Mas é evidente que muitos andam "às aranhas", baralhados. E mostram-no. Sabemos que a situação é complicada e que uma das melhores posturas é a serenidade que pode ser conseguida com organização por via da sintonia dos vários organismos envolvidos na proteção do contágio e tratamento dos contagiados. Organizem-se.

O que também não está a beneficiar a situação da epidemia ou pandemia global é a comunicação social inundar-nos com excesso de informação às torrentes e entrevistarem tantos "entendidos" a botarem palavras e sapiências, quando até se percebe que sobre o vírus sabem muito pouco ou nada. A aumentar a confusão, as torrentes de suposta informação na imprensa e televisões é declaradamente por demais. Ao estilo "a minha notícia é melhor que a tua". Um abuso que pode aumentar o pânico do mesmo modo que para isso contribuiram as declaração da responsável da Direção Geral de Saúde que afirmou que um milhão de portugueses seria o cenário de infetados que os serviços estimavam. Horas depois desmentido, ou corrigido. A falta de preparação de senhora relativa a comunicar com o público foi evidente. Esperemos que tenha aprendido e que se instrua nessa vertente comunicacional o mais possível, a contento de todos. Dela própria. Ficamos todos a ganhar.

No Curto de hoje encerramos aqui a prosa de desabafo costumeira. Amanhã talvez haja mais. Bem hajam e ajam bem. Saúde.

Bom dia de tarde, porque decerto muitos já almoçaram. Infelizmente houve e há os que não se puderam dar a esse luxo. É a democracia falhada e os direitos que não são para todos os portugueses. É o capitalismo selvagem em que sobrevivemos. Temos de mudar este mau estado de "coisas". Pensem nisso. Organizem-se.

Inté. Curto a seguir. 


MM | PG



Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Lá é Super Terça-Feira. Cá é Dia 2

Cristina Peres | Expresso

Hoje é a Super Terça-Feira, o dia em que a competição para as primárias dos democratas começa a ficar séria quando o maior número de delegados às presidenciais americanas é eleito em 14 estados mais a região americana da Samoa. Consulte aqui a lista completa. O que é a Super terça-Feira? Um 2:59 antecipado explica que é possível não sair dela o candidato democrata que irá desafiar Donald Trump em novembro deste ano.

A Vox explica neste vídeo o dia em que os democratas escolhem de mais de um terço dos delegados à convenção que vai eleger o nomeado pelo partido. O facto de a Califórnia, que tem 416 delegados, quase tantos quantos os eleitos até agora, votar pela primeira vez na Super Terça-Feira, acrescenta excitação ao momento. Depois de algumas desistências, prevê-se daqui para a frente um duelo entre Joe Biden, vice-presidente de Barack Obama, e Bernie Sanders. “Se não nomearmos um candidato forte, corremos o risco de ter mais quatro anos de Donald Trump. O país não resistirá”, diz Kathleen Sullivan, ex-presidente do partido democrata no estado americano de New Hampshire. Tem aqui outra versão das seis coisas que tem de saber sobre o dia de hoje.

O mundo está vidrado no noticiário sobre a evolução do Covid-19, e hoje é o segundo dia desde que há dois casos confirmados de Coronavírus em Portugal. As manchetes do dia no país dão conta disso: “Covid-19: Nepal, Sri Lanka, Rússia e Bélgica conseguiram conter o vírus. Portugal tem dois casos”, DN; “Coronavírus, Portugal reforça medidas”, JN; “Coronavírus: Portugal põe em ação plano de contingência”, i; “Privados discriminados na baixa do vírus da China”, CM; “Três juízes na mira disciplinar do Conselho Superior de Magistratura”, Público; “Coronavírus já chegou a Portugal”, Destak.

Marcelo diz que já se esperava e se deve evitar alarmismos e António Costa garante que o SNS está preparado para lidar com o assunto. “Uma epidemia de escala global teria de passar por Portugal”, disse o primeiro-ministro, que apelou ao recurso ao Saúde 24 antes de se correr aos serviços de saúde. E pediu às pessoas com sintomas que fiquem em casa. Os voos vindos de Itália vão ter controlo mais apertado.

A disfunção em todo o mundo afetado é sensível, há concertos, inaugurações, eventos desportivos e viagens a serem cancelados por toda a parte. O Expresso tem seguido os acontecimentos ao minuto. No final do dia de ontem as ações subiram perante o empenho dos bancos centrais em combater a pandemia.

O paciente zero do Covid-19 ainda não foi encontrado. Identificar a primeira pessoa infetada é importante para prever a evolução e a disseminação da doença. Identificar primeiros casos de contaminação local pode ser ainda mais crucial.

Espera-se que os números sobre a economia da zona euro a lançar hoje mostrem que a inflação se manteve baixa em fevereiro e o desemprego próximo dos valores pré-crise de janeiro. A grande questão será o que vai acontecer a seguir à medida que o Covid-19 se espalha. As cadeias de fornecimento de exportação foram as primeiras a sofrer quando as fábricas na China, fontes de peças, fecharam. As pessoas em quarentena gastam menos e a chegada do vírus ao norte de Itália, um centro de produção e manufatura, reduziu ainda mais o fornecimento geral. Muito vai depender da velocidade a que o vírus se vai espalhar e do tempo que a pandemia durar. <

Pela sua parte, a Amazon tem estado a armazenar produtos chineses que já foram enviados para os EUA enquanto a Apple e a Microsoft baixaram as previsões de expectativa de vendas dadas as dificuldades em fazer stocks. A pandemia na China já está a desacelerar e o país já está a tentar retomar a produção.

OUTRAS NOTÍCIAS

Israel. Os primeiros resultados do escrutínio davam ao Likud, liderado por Benjamin Netanyahu, 36-37 assentos, uma vantagem sobre o Azul e Branco de Benny Gantz, que obteve 32-33 assentos. O conjunto dos outros partidos soma 50-51 assentos. Chamam-lhe uma vitória clara de Netanyahu, o homem que mais tempo governou Israel, o mesmo que, no dia 17, poderá ser condenado em julgamento e ir parar à prisão. As eleições de ontem foram as terceiras no prazo de um ano após as votações anteriores terem acabado sem que nenhum dos principais partidos conseguisse formar governo.

Uma criança morreu e outra está hospitalizada depois de um barco carregado de refugiados ter naufragado ao largo de Lesbos, Grécia. Outras 46 foram resgatadas. É a primeira vítima mortal desde que o Presidente da Turquia “abriu os portões”. O debate na Europa sobre o acolhimento de refugiados continua em aberto e sem solução à vista. Novo desastre humanitário para dez mil pessoas encurraladas entre a Turquia e o sonhos europeu. A história desta fronteira aqui.

Sadiq Kahn lança-se hoje na corrida à reeleição como mayor de Londres com um argumento de peso: será um referendo à promessa de conseguir garantir do Governo rendas mais baixas na capital britânica.

Morreu Jack Welsh, o homem que transformou a General Electric na segunda maior empresa dos Estados Unidos. Chamavam-lhe o “gestor do século”, tinha 84 anos.

A Guiné-Bissau vive nova crise política na saída das últimas presidenciais de 29 de dezembro de 2019. Uma cronologia dos acontecimentos.

Luanda Leaks. Ação principal contra Isabel dos Santos deu entrada no tribunal de Luanda.

O presidente do Tribunal da Relação demitiu-se ontem na sequência de uma investigação sobre distribuição de processos. “Não levo nada”, disse ao despedir-se.

Diferendo de €200 milhões entre o Novo Banco e Fundo de Resolução só estará resolvido no final do ano.

Metade das praias em todo o mundo está ameaçada pelas alterações climáticas e pela subida do nível das águas dos oceanos.

O maior vulcão ativo da Indonésia, o Monte Merapi, cuspiu uma gigantesca nuvem de fumo compacto a 6000 metros de altitude obrigando a encerrar o aeroporto.

O Vaticano tornou público o arquivo de Pio XII sobre a II Guerra Mundial, passando a ser mais provável daqui para a frente compreender a relação do Vaticano com o holocausto. O Papa Francisco aproveitou para dizer que “a Igreja não teme a História”.

Há menos de um mês, o Benfica tinha sete pontos de vantagem no campeonato e dependia apenas do que fizesse. Agora, está em segundo lugar e tem menos um que o FC Porto.

FRASES

“Espero que Portugal seja mais parecido com a França e com a Alemanha do que com Itália”, Ricardo Mexia, presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública ao i defendendo que a informação tem de ser mais clara para não entupir o Saúde 24

“Pá, dependiamos só de nós”, Andreas Samaris, jogador do Benfica

“O aumento do número de chegadas é significativo, passámos de uma média de 200 a 300 pessoas na semana passada para 500 a 800 nos últimos dias”, Manos Logothetis, secretário de Estado grego responsável pela pasta dos pedidos de asilo

“Em vez de combater as redes de traficantes de ser humanos a Turquia está a tornar-se traficante”, Stelios Petsas, porta-voz do Governo grego alegando que Ancara incita passadores a testarem as fronteiras gregas, citado pela Al Jazeera

O QUE ANDO A LER

Acordo de paz assinado entre os Estados Unidos os talibãs no passado fim de semana. Fim da guerra mais longa em que os americanos já participaram? Apesar de o conceito hoje em dia fazer parte da normalidade mais normal, “seguir” alguém (num jornal, Twitter…) é coisa que faço com parcimónia. Ainda assim, comecei a seguir o jornalista britânico Jason Burke há muitos anos… Fiquei atenta para sempre desde que escreveu “The 9/11 Wars” (Allen Lane, 2011), ainda que ele já tivesse granjeado fama de jornalista-repórter-escritor com um livro anterior, “Al-Qaeda - the true story of radical Islam” (I.B. Taurus, 2004). Burke é um veterano de assuntos que, de repente, parecem pré-história. A primeira edição de “9/11 Wars” é de 2011, Burke era então correspondente do jornal britânico “The Guardian” no Sul da Ásia, e, apesar de ter o volume de mais de 700 páginas à minha frente (com a erosão da leitura e de pelo menos duas mudanças de casa), já não sei exatamente em que capítulo, introdução ou nota de rodapé li o que me ligou ao livro para sempre. O plural d’As Guerras retrata o tipo de observação que só um jornalista com larga experiência de terreno descreveria: há a guerra entre Estados ao mesmo tempo que há uma guerra na região e outra que é a guerra de credos, mais a que acontece nas frentes de batalha, e as outras, nas traseiras, todas coincidentes, em que estão envolvidas pessoas, soldados, milícias, rebeldes, civis, vizinhos, familiares que andam nas estradas, carregam equipamentos, armamento, comem ou não, têm filhos, morrem, sobrevivem. E de tudo isto a acontecer ao mesmo tempo, o repórter olha, está (cada vez mais provavelmente) embedded e, quanto muito, vê à vez a rua, o bairro, ouve explosões ao longe ou ao perto, ouve falar, vê o que tem ali à frente. Para desenhar as linhas da grande angular e o resto viaja como pode, fala com fontes e fontes e fontes. Regresso pois ao livro que me fez olhar para a reportagem de guerra com outros olhos e não perder muitas oportunidades de ler os takes do Jason Burke.

Para quem ainda tenha paciência, a oitava e última temporada de Homeland/Segurança Nacional é precisamente sobre o fim da guerra no Afeganistão e o bruxedo de dificuldade de não dar cabo dos processos de paz com tantos interesses instituídos a atender. Amanhã, quarta, dá na FOX o quarto de oito episódios. Uma virtude a série sempre teve: a atualidade dos guiões. Os paquistaneses avisam os americanos de que devem ter cuidado com quem possa querer dar cabo do acordo. Não sou eu quem o diz, é a Al Jazeera.

Por hoje é tudo. Deixo-o com ligação direta à redação do Expresso em www.expresso.pt, sugiro que nos siga por tantas razões como o total das secções em que damos o nosso melhor. Tenha uma Super Terça-Feira!

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