terça-feira, 17 de março de 2020

Covid-19. A mudança de estratégia do Reino Unido influenciada por previsões alarmistas


Na segunda-feira à noite, Boris Johnson pediu à população que evitasse o contacto social, entre outras medidas. Uma mudança de planos, até aqui sem a tomada de medidas mais restritivas, que coincide com a divulgação de um estudo que aponta para mais de 250 mil mortes no Reino Unido, caso persistisse a estratégia tomada até agora.

As medidas preconizadas pelo primeiro-ministro Boris Johnson vão no sentido da população evitar qualquer contacto e deslocação “não essencial” e recomendou às pessoas idosas que se isolem durante três meses.

São medidas menos radicais que as adotadas pelos países vizinhos, não prevendo o encerramento de escolas, restaurantes ou salas de espetáculos, nem mesmo a interdição de eventos. São, no entanto, uma mudança face ao comportamento controverso adotado até aqui, dizem os analistas. Até aqui, a estratégia era de isolar quem apresentava sintomas ou que vinha de zonas de risco para aligeirar a pressão sobre os serviços e favorecendo a emergência de uma “imunidade coletiva”.

De acordo com a imprensa britânica, a mudança prende-se em partiular com um relatório do Imperial College of London, apresentado também esta segunda-feira.

Os dados são dramáticos. No cenário de nada ser feito, estimava-se que até agosto o vírus infetasse 81% da população e provocaria 510.000 mortos.

Com uma resposta das autoridades em linha do que tinha sido a estratégia até segunda-feira pelo Governo, os investigadores estimam que o Reino Unido arriscaria ter até 260.000 mortos, fruto de um “naufrágio” do sistema de saúde e num cenário de “epidemia catastrófica”.

Com medidas mais fortes de redução de contactos, semelhantes aos anunciados na segunda-feira, esses números poderiam ser reduzidos a “alguns milhares ou dezenas de milhares” o número de mortos.

O facto de França ter também adotado medidas muito restritivas terá pesado ainda na mudança de atitude, refere o jornal Le Monde.

O relatório conclui que a “supressão é a única estratégia viável no momento atual”.

De acordo com o Imperial College, a principal dificuldade da nova estratégia será o tempo em que terá de estar implementada, até que esteja disponível uma vacina, o que pode demorar 18 meses.


O último balanço apontava para 55 mortos no Reino Unido e 1.543 casos. As autoridades reconheceram que o número de casos real pode ser muito superior.

RTP | c/agência France Presse

Sem comentários:

Mais lidas da semana