Os bispos católicos angolanos
anunciaram hoje que o Presidente João Lourenço assegurou que "em
breve" serão conhecidos os resultados do processo de repatriamento de
capitais ilícitos, considerando que Angola está num contexto de "penúria e
muita delicadeza".
"O contexto sociopolítico do
país é, de facto, de muita delicadeza. Quando há pobreza, há crise, todo mundo
pede, todo mundo chora, mas as repostas tornam-se muito difíceis, porque não
estamos na abundância do passado, mas estamos numa penúria que já nos
leva há mais de sete anos", afirmou hoje o porta-voz da Conferência
Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), Belmiro Chissengueti.
Em declarações, no palácio
presidencial, em Luanda, após os prelados católicos serem recebidos, em
audiência, por João Lourenço, o bispo Belmiro Chissengueti deu conta
que o repatriamento de capitais ilícitos foi um dos pontos abordados.
Sobre o assunto, o também bispo
de Cabinda fez saber que João Lourenço garantiu aos bispos da CEAST,
presentes no encontro, que "brevemente ou a seu tempo" as autoridades
competentes empenhadas nesse processo, nomeadamente a Procuradoria-Geral da
República e o Ministério das Finanças, "darão a informação pontual a
respeito disso".
O "difícil" quadro socioeconómico do
país, "agravado nos últimos dias com a queda do preço do petróleo", o
maior suporte da economia angolana, também constitui preocupação dos bispos
católicos apresentada ao Presidente angolano.
"De maneira que temos de
tomar consciência de tempos de bastante austeridade e dificuldade e que
exigirão a compreensão e colaboração de todos", sustentou.
Para o porta-voz da CEAST,
no quadro de "muita dificuldade" que o país vive, atenção especial
deve ser dada "às franjas mais vulneráveis da população para que não sejam
muito atingidas" pelo flagelo.
"Vimos também a questão da
ordem social que é necessário ajudar a garantir e também outras opções que o
Estado deve tomar para que se possa salvaguardar a paz e a reconciliação
nacional", acrescentou.
No domínio eclesial, frisou,
o Presidente angolano garantiu aos 17 bispos presentes no encontro que, apesar
das limitações conjunturais, a requalificação do santuário da Muxima,
maior centro mariano da África subsaariana, cujas obras foram
adjudicadas em 2018, "é para andar".
O Governo angolano prevê gastar
mais de 260 milhões de euros com a requalificação da via e do
santuário da Muxima, município da Quiçama, em Luanda, empreitadas que
avançam ao fim de 10 anos e que vão envolver as construtoras de origem
portuguesa Somague e Casais.
A informação consta de quatro
despachos assinados por João Lourenço, em 19 de dezembro de 2018, aos
quais a Lusa teve acesso, autorizando a contratação das construtoras para as
empreitadas, nomeadamente a edificação da basílica para 4.600 fiéis.
Hoje, o bispo Belmiro Chissengueti assinalou
ainda que a basílica da Muxima vai contribuir para o turismo
religioso, será um espaço "gerador de empregos diretos e indiretos"
e durante a vida do empreendimento "muitos irão de encontrar ali o seu
ganha-pão".
Este projeto foi
lançado em 2008 pelo então Presidente José Eduardo dos Santos que, cerca de um
ano depois, aquando da visita pastoral de Bento XVI a Angola, mostrou a maqueta
ao papa e ofereceu a futura basílica à Santa Sé.
Notícias ao Minuto | Lusa |
Imagem: © Lusa
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