O primeiro secretário do MPLA no
Cuanza-Sul, Job Capapinha, afirma que “não há corruptos do MPLA, mas sim no
MPLA, na UNITA e provavelmente em outros partidos políticos”. Por outras
palavras, a criatura acha que todos os angolanos são corruptos. Então como
explicar que os corruptos conhecidos sejam todos, todos, do MPLA?
Falando num acto de massas, no
Sumbe, que serviu para o lançamento, na província, da bajuladora e
propagandística Agenda Política do MPLA para 2020, Job Capapinha reconheceu que
“existem alguns angolanos corruptos, como os há em todo mundo, independentemente
da condição política, partidária, ideológica ou religiosa”.
O dirigente exortou os restantes
partidos políticos a seguirem o exemplo do MPLA no combate à corrupção,
moralização no seio de cada partido da oposição e dos angolanos corruptos.
Exemplo que, desde 1975, fez com que o MPLA seja o partido que ocupa o primeiro
lugar no ranking mundial dos mais corruptos “per capita” dos seus dirigentes e
filiados.
Job Pedro Castelo Capapinha
nasceu no dia 9 de Maio de 1962 na Província de Luanda e é, segundo o site do
Governo, Licenciado em Filosofia e Mestrado em Ciências Políticas e
Administração Pública (2002/2008). Para se aquilatar da honorabilidade
(supostamente) à prova de bala deste governador do MPLA (são todos deste
partido), vejamos o seu curriculum:
Chefe de Secção do Comité
Provincial da JMPLA, Chefe de Secção do Comité Nacional da JMPLA, Chefe de
Departamento Produtivo e Social do Comité Nacional da JMPLA, Director do
Departamento de Cultura Recreação e Desportos do Comité Nacional da JMPLA. Director do Gabinete de Intercâmbio Internacional da ex-Secretaria de Estado da
Cultura.
Foi ainda Vice-Presidente da
Brigada Manguxi da Canção Política; Secretário-Geral do CNOJ – Conselho
Nacional das Organizações Juvenis e Fundador do CNJ – Conselho Nacional da Juventude,
Presidente da Associação dos Amigos e Naturais do Município do Kilamba Kiaxi,
Vice-Presidente do MNE – Movimento Nacional Espontâneo, Presidente do MNE —
Movimento Nacional Espontâneo.
E também Vice-Ministro da
Juventude e Desportos, Coordenador da Comissão de Gestão do Governo da
Província de Luanda (até Dezembro de 2003), Governador da Província de Luanda
(2004/2008), Vice-Presidente da UCCLA – União das Cidades Capitais Lusófonas (com
sede em Lisboa)., Vice-Presidente do Comité Executivo da WECP – Organização das
Cidades Capitais Produtoras de Petróleo (com sede em Houston — EUA).
Isto para além de Deputado à
Assembleia Nacional, Vice-Ministro da Juventude e Desportos, Fundador e Presidente
da Amangola – União das Associações Locais de Angola, Membro do Comité Central
do MPLA, Membro do Comité Nacional da JMPLA, Membro da Comissão de Gestão do
Governo da Província de Luanda (até Junho de 2003). Em matéria de idiomas, o
curriculum oficial de Job Pedro Castelo Capapinha revela que fala e escreve…
português. É obra!
Dezembro de 2006. O então
governador da província de Luanda, Job Castelo Capapinha, defendeu o
estabelecimento de um pacto com a população para que coopere no combate à
anarquia e restabelecimento da ordem pública. Se é dito por Capapinha deve ser
verdade, pensaram os luandenses ou não tivesse ele sido escolhido por… José
Eduardo dos Santos.
Job Capapinha discursava na
cerimónia de cumprimentos de fim de ano, à qual assistiram membros do comité
provincial do MPLA, oficiais superiores da polícia, membros do Conselho e da
comissão executiva eleitoral, delegados e directores provinciais,
administradores municipais, adjuntos e comunais, entre outros convidados.
Para o governador, a população
devia participar na organização da cidade, denunciar a danificação de bens
públicos, atitudes que forçavam o governo a investir nas mesmas coisas. Se é
dito por Capapinha deve ser verdade.
Falou também da necessidade de
maior cooperação com a forças da ordem para se identificarem e responsabilizar
os que danificam bens públicos, como a iluminação pública, cabos eléctricos,
chafarizes, demolição de muros e prejudicam a higiene das paredes.
Na época, disse o Governador, a
criminalidade e delinquência tinham aumentado, apesar do esforço da polícia,
mas a população deve participar denunciando os malfeitores, para garantir a
estabilidade política e social de meio. Se é dito por Capapinha deve ser
verdade.
Assim, Capapinha esperava para o
ano 2007 organizar um certame, envolvendo as autoridades municipais e a
sociedade civil para debater com frontalidade o problema da criminalidade e
delinquência na capital, para devolver a tranquilidade e para protecção dos
bens públicos.
Job Capapinha declarou que em
2007 continuaria a melhorar a relação entre governantes e governados, regulando
as actividades dos cidadãos, evitando contravenções a ordem e as normas
instituídas, e elevando o respeito às autoridades. Há consciência na
necessidade de sobrevivência dos cidadãos, mas há que disciplinar o exercício
de qualquer actividade para se organizar a cidade, indicando os locais de
venda, explicando como proceder para construir casa própria ou realizar
qualquer acção que incida sobre a cidade.
O Governador afirmou também que
os servidores públicos devem ser exemplares para serem respeitados e aumentar a
credibilidade do governo, porque, como disse, vai-se ganhar autoridade por
aquilo que se for capaz de fazer pela população e por esta reconhecer os seus
esforços. Se é dito por Capapinha deve ser verdade.
Março de 2020. Um grupo de oito
crianças, entre os 7 e os 10 anos, foram apanhadas a tentar furtar acessórios
de uma cabine de electricidade, no bairro do Kilamba, em Luanda. O uso de
crianças para o furto de barras de cobre de cabines de electricidade, com
linhas de média tensão, é um novo método aplicado por adultos para este tipo de
crime.
Segundo o porta-voz da Empresa
Nacional de Distribuição de Electricidade (ENDE), Pedro Pinto Bila, citado pela
agência noticiosa angolana, Angop, as crianças foram encaminhadas para a
esquadra da polícia local, depois de os moradores frustrarem a tentativa de
furto.
Este tipo de equipamento está
avaliado em aproximadamente um milhão de dólares (872 mil euros) e pode
beneficiar mais de mil clientes, informou o porta-voz da ENDE.
Entre as teses de Job Capapinha e
a realidade de hoje passaram 14 anos. Como ponto comum, inalterado e
emblemático, registe-se que desde 1975 todos os governadores foram e são do
MPLA.
Folha 8
Sem comentários:
Enviar um comentário