Apesar das avassaladoras vitórias
iniciais, a capacidade de guerra do Japão era muito inferior à capacidade dos
EUA. E a economia norte-americana poderia financiar a guerra por muito mais
tempo.
António Abreu* | opinião
O ataque a Pearl Harbour
Às 7h55 da manhã do domingo de 7
de Dezembro de 1941 (hora de Hawai), 3670 bombardeiros e aviões de combate
japoneses atacaram os navios de guerra norte-americanos fundeados em Pearl
Harbour (Porto das Pérolas) e as respectivas bases, deixando 2330 americanos
mortos ou moribundos.
Pouco antes de atacar os Estados
Unidos, o Japão já havia garantido o controle sobre a Indochina Francesa numa
invasão rápida, que contou com pouca resistência das tropas coloniais da
França. Quando o ataque a Pearl Harbour aconteceu, o governo japonês apresentou-o
à sua população e aos seus aliados do Eixo como uma grande conquista. Entretanto, alguns membros do exército japonês sabiam que as conquistas obtidas
em Pearl Harbour eram mínimas.
No dia seguinte, a 8 de Dezembro,
os EUA e o Reino Unido declararam guerra ao Japão. A 11, os EUA declaram guerra
à Alemanha e Itália, as quais responderam com igual declaração. A Bulgária,
Eslováquia e Croácia procederam da mesma maneira em relação aos EUA e Reino
Unido. A Roménia, que estava em guerra com o Reino Unido, declarou-a também aos
EUA.
A 11 de Dezembro ampliou-se o
anterior pacto militar entre as potências do Eixo, em que a Inglaterra, Itália
e Japão se comprometiam em ir juntas até ao fim das hostilidades, em assinarem
armistício só com o acordo entre as três, e continuarem depois juntas na
construção de uma nova ordem mundial.
A invasão da China e os crimes
dos japoneses
Na China, em 1911, tinha sido
proclamada a República da China, depois do derrube pelo movimento nacionalista
do imperador da dinastia Quing. A também chamada Revolução de Xinhai foi
dirigida por Sun Yat-sen, fundador do Kuomintang e primeiro presidente das
Províncias Unidas da China, em que os comunistas participaram.
Durante a Segunda Guerra Mundial
registou-se uma segunda guerra com o Japão quando este voltou a invadir o
país, que nacionalistas e comunistas derrotaram. Depois da guerra uma deriva de
submissão ao imperialismo ocidental do governo levaria à revolução comunista de
1949.
Em 1931, o Japão ocupa a
Manchúria e no ano seguinte institui o Manchukuo como Estado fantoche,
governado pelo Imperador Puyi, que abdicara em 1912. A actuação de Chiang
Kai-shek, que não oferecera resistência ao invasor, faz crescer a vontade
contrária, dos comunistas, que continuavam a ser militarmente combatidos pelo
generalíssimo.
Enquanto isso, Mao Tse-tung
promovia a distribuição de terras aos camponeses e animava a resistência contra
o Japão, atraindo as simpatias dos chineses.
Em 1936, Chiang Kai-shek foi
aprisionado em Xian, capital de Shaanxi, pelas tropas do General Zhang
Xueliang, no conhecido Incidente de Xi’an. Negociações até hoje mal
conhecidas estabelecem o acordo entre nacionalistas e comunistas, que se
unem na luta contra o Japão, a esta época já senhor absoluto de quase todo o
norte do país.
Os comunistas, liderados por Mao
Tsé-Tung, e os nacionalistas, liderados por Chiang Kai-shek, assinam um acordo
em 22 de Setembro de 1937, pelo qual os comunistas abandonam seu projecto de um
governo revolucionário, renunciando a insurgir-se contra o governo de Chiang
Kai-shek que, pelo seu lado, comprometeu-se a suspender as operações
anticomunistas. Desta maneira forma-se a Segunda Frente Unida.
Apesar da aliança, as forças
chinesas não são fortes o suficiente para lutar contra o Exército Imperial
Japonês e sofrem uma série de desastres no início do conflito.
O massacre de Nanquim foi um dos
actos mais bárbaros dos militares japoneses. 57 mil soldados e civis foram
executados. Milhares de mulheres chinesas foram então violentadas e mortas a
tiros ou a golpes de baionetas em caso de resistência.
O furor homicida da soldadesca
adquirira uma dinâmica própria e o roteiro de roubos, saques, torturas, raptos
e estupros seguidos de assassinatos teve continuidade ainda por seis semanas,
estendendo-se de 13 de Dezembro de 1937 até os finais Fevereiro de 1938. Os
japoneses, como se fossem uma matilha de lobos famintos e desordeiros,
percorriam as ruelas e praças da cidade em bandos de seis a doze soldados,
disparando ou trespassando a quem quisessem ou desejassem.
Em Julho de 1937, sem declaração
de guerra, o Japão inicia as hostilidades. Em menos de noventa dias os
japoneses ocuparam a parte oriental do país, sem que o governo nacionalista
pudesse impedi-los. Pequim e Tientsin caem em poder dos nipónicos.
A invasão japonesa na China
resultou na segunda guerra sino-japonesa (1937-1945), na qual o Japão cometeu
inúmeras atrocidades contra a população civil chinesa. As atrocidades do
exército japonês foram desde os estupros em massa cometidos contra mulheres
chinesas ao uso de bombas biológicas em partes da China e contra pacientes de
hospitais, mortos à baioneta nas suas camas.
Depois da queda de Hong Kong, no
Natal de 1941, cenas similares ocorreram em Java e Sumatra, as maiores ilhas
das Índias Orientais Holandesas. O exército japonês manteve nas suas novas
conquistas a tradição de selvajaria, estabelecida na China, em que se destacou
o já referido massacre de Nanquim.
Os comunistas estimulavam acções
de guerrilha, especialmente no norte da China. Mao Tse-tung queria poupar as
suas tropas, tanto quanto possível, e continuou a consolidar as suas forças,
para se preparar para uma eventual nova guerra contra as tropas de Chiang
Kai-shek, após a derrota japonesa.
A China contou com o apoio
americano na guerra após os Estados Unidos serem atacados pelos japoneses em
Pearl Harbour, em 1941. Os norte-americanos forneceram armas e suprimentos aos
exércitos chineses, principalmente aos nacionalistas liderados por Chiang
Kai-shek. A segunda guerra sino-japonesa só acabaria em 1945, quando o Japão se
rendeu aos Aliados.
Antes do início da Segunda Guerra
Mundial, o Japão, durante a década de 1930, defendia a sua expansão
territorial, a partir da força dos seus exércitos, para que fosse desenvolvido
um projecto de colonização em todo o Extremo Oriente.
Esse projecto tornou-se evidente
com o nacionalismo imperialista japonês, que se desenvolveu a partir da
reformulação do ensino durante a Restauração Meiji (1868). O imperialismo
japonês manifestou-se antes da Segunda Guerra Mundial, na primeira guerra
sino-japonesa (1894-1895) em que o Japão conquistou a península da Coreia, que
então pertencia à China. Esse ímpeto imperialista prosseguiu com a conquista da
Manchúria e Port Arthur após a guerra russo-japonesa (1904-1905).
A partir de 1933, o Japão invadiu
a China com a intenção de anexar a Manchúria oficialmente ao Império do Japão.
Os japoneses acabaram por ser
expulsos pela conjugação da acção dos nacionalistas conservadores do
Kuomintang, então dirigido por Chiang Kai-Shek, com os comunistas liderados por
Mao Tsé-Tung.
A guerra no Pacífico
Depois de Pearl Harbour, atacado
em 8 de Dezembro, de 1941, três outras ilhas foram bombardeadas nesse dia,
Guam, Wake e Midway, enquanto, nessa mesma manhã, do outro lado do Mar da
China, a Segunda Esquadra japonesa escoltava um comboio de navios de transporte
de tropas da Indochina para a península da Malásia. Ao mesmo tempo, Singapura
era bombardeada pelos japoneses.
No litoral da China, as tropas
japonesas capturaram as guarnições americanas de Xangai e Tientsin.
As conquistas japonesas eram
impressionantes. No dia 9 de Dezembro, o Japão ocupa Banguecoque e procederam a
mais dois desembarques na Malásia, nas cidades costeiras de Singora e Patani.
No meio do Pacífico, desembarcaram em Tarawa e Makin, nas Ilhas Gilbertas.
Ao fim de 3 dias de guerra, os
japoneses tinham-se assenhoreado do sul do Mar da China e do Oceano Pacífico.
A 11 de Dezembro a Alemanha
declarou guerra aos EUA. A 18 de Dezembro, a coberto de um intenso fogo de
barragem, as tropas japonesas desembarcaram na ilha de Hong-Kong e no dia 20,
desembarcaram na ilha de Mindanau, no arquipélago das Filipinas.
No início do conflito, o Japão
conseguiu expandir o seu império de maneira avassaladora, derrotando
sucessivamente tropas britânicas, americanas e holandesas instaladas no Sudeste
Asiático. Conquistaram a Malásia, Birmânia, Singapura e Hong Kong aos
britânicos, as Índias Orientais Holandesas aos holandeses, e as Filipinas aos
americanos.
A expansão japonesa previa o
confronto contra os Estados Unidos para os expulsar definitivamente da Ásia (os
EUA possuíam bases e soldados instalados nas Filipinas). Isso garantiria ao
Japão caminho livre para dominar o sudeste asiático e, assim, ter acesso aos
recursos naturais dessas regiões.
Mas no ano seguinte, a 7 de
agosto de 1942, os americanos lançaram a operação «Watchtower», a primeira
contra-ofensiva aliada no Pacífico. A operação começou com o desembarque de 16
mil homens na ilha de Guadalcanal, das Ilhas Salomão. Fuzileiros
norte-americanos travaram combates em terra em outras quatro ilhas mais
pequenas.
Estalinegrado e Guadalcanal
mostraram aos aliados que o Eixo podia ser batido nos campos de batalha.
Apesar das vitórias iniciais, a
capacidade de guerra do Japão era muito inferior à capacidade americana. A
economia norte-americana era muito superior à do Japão, e poderia financiar a
guerra por muito mais tempo. Isso tornou-se claro a partir do segundo semestre,
quando os Estados Unidos passaram a reconquistar todos os territórios ocupados
pelo Japão entre 1940 e 1942.
Há historiadores que consideram a
batalha naval de Midway o grande marco da viragem americana. Nessa batalha, a
marinha americana afundou quatro porta-aviões japoneses e impôs outras pesadas
perdas materiais à Marinha Imperial Japonesa. Nesse momento, o Japão perdeu boa
parte da sua capacidade de guerra pelo mar e, diferentemente dos Estados Unidos
após Pearl Harbour, não conseguiu recuperar-se.
O avanço americano, entretanto,
aconteceu de maneira lenta. Cada reduto ocupado pelos japoneses era defendido
de maneira obstinada, o que impunha pesadas perdas de soldados aos Estados
Unidos. Apesar disso, novas vitórias aconteceram progressivamente nas batalhas
de Guadalcanal, Tarawa, reconquista das Filipinas, Iwo Jiwa e Okinawa.
No Sudeste Asiático e no Pacífico
os japoneses continuavam a dominar uma área enorme, das fronteiras da Índia às
ilhas do Alasca: uma área de quase 4 milhões de quilómetros quadrados, com
população de cerca de cerca de 150 milhões de pessoas, sem contar com os
territórios anteriormente anexados.
Em 22 de Janeiro de 1943, porém,
as tropas americanas e australianas desbarataram as últimas bolsas de
resistência japonesas a oeste e a sul de Sanananda (Nova Guiné).
Exactamente na altura em que isto
ocorria, os alemães eram pela primeira vez desalojados de uma das suas
principais conquistas em terra firme no Norte de África. As forças alemãs e
italianas do Norte de África foram afastadas de Tripoli e obrigadas a recuar
para a Tunísia pela acção militar dirigida por Montgomery.
De 14 a 23 de Janeiro de 1943
realizou-se no norte de África a Conferência de Casablanca entre representantes
dos EUA, com F. D. Roosevelt, e do Reino Unido, com Winston Churchill. Nela se
decidiu o desembarque na Sicília, tendo-se considerado imprescindível que a
União Soviética se incorporasse na luta contra o Japão, uma vez terminada a
guerra na Europa. A Conferência concedeu plena responsabilidade política e
militar ao Reino Unido nos Balcãs e Médio Oriente e aos Estados Unidos no Norte
de África e no Extremo Oriente.
Em 28 de Março de 1943, o 8.º
Exército inglês, que se encontrava perto da fronteira líbio-tunisina, renovou a
ofensiva. Ao mesmo tempo, as tropas de Eisenhower empreenderam o ataque à parte
ocidental de Tunes.
Em 12 de Maio, os soldados e
oficiais alemães e italianos depuseram as armas, e com isso terminaram as
operações do Norte de África.
Na Conferência de Teerão,
realizada de 28 de Novembro a 1 de Dezembro de 1943, com a participação de
Roosevelt, Churchill e Stalin, foi discutida a questão do timing das
operações militares contra a Alemanha e a possibilidade de se negociar um
acordo de paz. Foi também acordada nesta conferência a garantia da independência
do Irão e o envio de ajudas económicas no período pós-guerra.
A partir do desembarque das
tropas norte-americanas nas Filipinas, em Outubro de 1944, travaram-se as mais
importantes batalhas navais da guerra. Os EUA acabaram por as vencer em Abril
de 1945.
Aproveitando o momento favorável,
o governo inglês apressou-se a desencadear, juntamente com o norte-americano,
operações nas ilhas da Indonésia. Os ataques da aviação norte-americana
tornaram-se sistemáticos desde Outubro de 1944 e atingiram grande envergadura
na Primavera de 1945.
A última operação efectuada no
teatro do Pacífico por forças dos Estados Unidos foi o desembarque de tropas
norte-americanas em Okinawa em 25 de Março de 1945.
A derrota da Alemanha e a sua
capitulação, foram um duro golpe para os nipónicos que viram condenados ao
fracasso os seus planos anexionistas.
O governo japonês pensava que
poderia manter a guerra durante muito tempo, chegando a tentar um novo conluio
anti-soviético com os seus aliados.
O Japão possuía umas forças armadas
descomunais. Os efectivos totais das suas tropas ultrapassava os cinco milhões
de homens. Com o objectivo de defender as suas empresas dos ataques aéreos, os
industriais nipónicos transferiram numerosas fábricas do Japão para a
Manchúria, por eles ocupada desde 1932, e organizaram também a sua produção
bélica, neste caso na Coreia, também ocupada.
As bombas atómicas
Em 1945, com o fim da guerra na
Europa e com o Japão cercado pelas forças americanas, os Aliados reuniram-se em
Ialta para debater o mapa da Europa no pós-guerra e os termos da rendição
japonesa.
Diziam os representantes dos EUA
que a invasão territorial do Japão resultaria em grandes perdas de vidas, mesmo
maiores do que as que se tinham verificado na invasão da Normandia, no Dia D.
O Japão estava a ser castigado
pelos bombardeamentos americanos sobre as grandes cidades, e estava com a
economia falida. Apesar disso, recusou render-se. Os kamikazes lançavam-se
sobre objectivos militares dos EUA.
2525 pilotos kamikaze morreram
nesses ataques, causando a morte de cerca de 7 000 soldados aliados e deixando
mais de 4 mil feridos. O número de navios afundados é controverso. A propaganda
japonesa da época divulgou que os ataques teriam conseguido afundar 81 navios e
danificar outros 195.
Apesar de, em desespero, os
japoneses terem recorrido aos kamikazes, a deflagração de duas bombas
atómicas contra seres humanos constituíram um grave crime contra a Humanidade.
Os EUA não queriam ir acabar a
guerra no terreno, como defenderam em Ialta, para poupar a vida aos seus
militares. Optaram, unilateralmente, por lançar as bombas atómicas sobre
Hiroshima, provocando cerca de 247 mil mortos, e sobre Nagasaki, três dias
depois, provocando cerca de 200 mil mortos e feridos, na sua grande parte
civis. Pouparam em vidas militares, optaram por matar os civis.
Claro que essa horrível decisão
dos EUA precipitou a rendição japonesa, mas a decisão americana de lançar
bombas atómicas sobre civis foi considerada um crime de guerra e a anterior
«confidência» de Truman, a Staline, de que os EUA dispunham «de uma nova arma
com uma invulgar força destrutiva», serviu também para tentar assustar a URSS e
conter a progressão das forças de esquerda nos territórios libertados no
Ocidente e no Leste europeus. Antes disto, Churchill, conhecido pelas suas
atitudes racistas, consideraria a possibilidade de utilizar gás venenoso em
civis alemães, depois dos bombardeamentos a Londres pelo Terceiro Reich,
contrariando as regras internacionais da guerra nessa altura.
Após o fim da guerra, o
comando-geral do Japão foi entregue ao general americano Douglas MacArthur, e o
território japonês foi ocupado pelos Estados Unidos até 1952.
Os Aliados também organizaram o
Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente, no qual juristas de
diferentes nações aliadas julgaram os crimes de guerra cometidos por decisão
das lideranças japonesas.
Conferência de Ialta e a
possibilidade de uma nova ordem de paz no pós-Guerra na Europa
Como referimos, quando a vitória
na Segunda Guerra Mundial já parecia certa, os Aliados reuniram-se de 4 a 11 de
Fevereiro de 1945 em Ialta, na Crimeia. Churchill, Roosevelt e Stalin decidiram
sobre fronteiras e esboçaram uma nova ordem de paz no pós-Guerra.
Foi aprovada uma declaração sobre
a Europa libertada e discutiram-se várias questões, cuja solução não poderia
ignorar que os soviéticos estavam às margens do rio Oder, no Leste alemão, e os
americanos, na fronteira oeste da Alemanha.
Praticamente ocupada, a Alemanha
já não estava em condições de resistir por muitas semanas. A Itália rendera-se,
mas o Japão ainda resistia.
A Conferência de Ialta, nas
margens do Mar Negro, foi uma das três grandes conferências que determinaram o
futuro da Europa e do mundo no pós-Guerra (além da de Teerão, em 1943, e da de
Potsdam, em meados de 1945).
Apesar da influência da URSS na
viragem da guerra, a Guerra Fria já começara e a questão da Polónia viria a ser
motivo de acesa discussão na conferência. Depois da libertação pelos
soviéticos, na Polónia já tinha sido constituído um governo que Roosevelt e
Churchill queriam ignorar para impor um processo eleitoral. Acabaram por
decidir que fossem incluídos no governo já formado alguns membros apontados por
ambos.
Em relação à Organização das
Nações Unidas, que viria a ser criada, decidiu-se a composição de um Conselho
de Segurança com direito de veto. Quanto à Alemanha, as potências aliadas
resolveram exigir a «capitulação incondicional» e o país ficou dividido em
zonas de ocupação. A conferência decidiu sobre reparações e a desmontagem das
instalações industriais do país. E foi consagrada a deslocação da fronteira
soviética para ocidente, ficando a fronteira oriental da Alemanha ao longo dos
rios Oder e Neisse.
A nova linha divisória viria a
delimitar o que mais tarde foi designado em 1946 como Cortina de Ferro por
Churchill que justificou, com essa linguagem, a divisão do mundo, transformando
as relações futuras que deveriam ser pacíficas em quase 50 anos de Guerra Fria.
«De Sczecin, no Mar Báltico, até
Trieste, no Mar Adriático, transcorre uma cortina de ferro pelo continente. Por
trás desta linha estão todas as capitais da Europa Central e do Leste Europeu.
Todas as cidades e suas populações estão sob influência soviética. Os acertos
feitos em Ialta foram vantajosos demais para os soviéticos».
Entretanto ainda se realizaria a
Conferência de Potsdam, de 17 de Julho a 2 de Agosto de 1945, em que
participaram o norte americano Harry S. Truman, que sucedera a T.D. Roosevelt
por morte deste, José Stalin e o britânico Clement Attlee, que derrotara
Churchill em eleições. A conferência esteve virada para o período do
pós-guerra, decidindo:
1. as indemnizações a pagar pela Alemanha
às potências vencedoras;
2. a reversão das anexações
realizadas pela Alemanha desde antes da guerra;
3. os objectivos comuns imediatos
das potências ocupantes da Alemanha (desmilitarização, desnazificação,
democratização e descartelização);
4. a divisão da Alemanha e da
Áustria em zonas de ocupação, como anteriormente decidido na Conferência de
Ialta, e idêntica divisão de Berlim e Viena em quatro zonas (americana,
britânica, francesa e soviética). Posteriormente, em 1961, a zona aliada (americana,
britânica, francesa) em Berlim seria isolada do resto da Alemanha Oriental, na
sequência de incidentes contra a parte sob a administração da URSS, pelo Muro
de Berlim, que completou a fronteira interna alemã;
5. o julgamento dos criminosos de
guerra nazis em Nuremberg;
6. o estabelecimento da fronteira
da Alemanha com a Polónia nos rios Oder e Neisse lLinha Oder-Neisse);
7. os termos da futura rendição
do Japão.
A capitulação do Japão
A 9 de Agosto de 1945 o governo
soviético, cumprindo os seus deveres de aliado, assumido na conferência de
Ialta, na Crimeia, de Fevereiro de 1945, declarou guerra ao Japão e iniciou
contra este uma operação em todas as frentes.
O exército soviético desembarcou
nas ilhas Curilhas, entrou nas cidades de Harbin, Kirin, Chang-chung, Mukden,
no Porto Artur e em Daire.
Na Manchúria as tropas japonesas
entregaram-se e em duas semanas mais seriam libertados a Manchúria no seu todo,
o norte da Coreia, o sul da ilha de Sacalina e as ilhas Curilhas.
Num mês, as forças armadas soviéticas
aniquilaram o Exército de Kuangtung, a base das forças armadas do Japão.
Em 28 de Agosto começou o
desembarque das tropas americanas no Japão.
Em 2 de Setembro de 1945, às
10h30, a bordo do navio de guerra norte-americano Missouri, fundeado na barra de
Tóquio, foi assinada a acta de capitulação incondicional do Japão.
Este facto assinalava o fim da
Segunda Guerra Mundial.
Ao leitor:
Este é o quarto de uma série de
seis artigos que, entre Março e Maio de 2020, o autor consagra à celebração do
75.º aniversário da Vitória, sob a designação comum de «Lembrar o fim da
Segunda Guerra Mundial sem reescrever a História». Foram anteriormente publicados A ascensão do nazismo aos ombros do capital, As agressões nazis, da ocupação da Renânia à batalha de Moscovo e Da supremacia soviética ao fim da guerra na Europa.
Na imagem: Um navio de guerra
norte-americano afunda-se após ter sido atingido por bombas japonesas, durante
o ataque à base naval de Pearl Harbor, no Hawai, EUA, a 7 de Dezembro de 1941,
que marcou a entrada dos dois países na Segunda Guerra Mundial. CréditosEnciclopédia
Britânica / National Archives
Leia em AbrilAbril:
Os promotores desta contestação
não se insurgem contra os moldes em que se realizará a cerimónia de celebração
do 25 de Abril, mas sim contra a revolução e as conquistas que ela permitiu.
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