terça-feira, 21 de abril de 2020

A guerra no Pacífico, a agressão à China e a capitulação do Japão


Apesar das avassaladoras vitórias iniciais, a capacidade de guerra do Japão era muito inferior à capacidade dos EUA. E a economia norte-americana poderia financiar a guerra por muito mais tempo.

António Abreu* | opinião

O ataque a Pearl Harbour

Às 7h55 da manhã do domingo de 7 de Dezembro de 1941 (hora de Hawai), 3670 bombardeiros e aviões de combate japoneses atacaram os navios de guerra norte-americanos fundeados em Pearl Harbour (Porto das Pérolas) e as respectivas bases, deixando 2330 americanos mortos ou moribundos.

Pouco antes de atacar os Estados Unidos, o Japão já havia garantido o controle sobre a Indochina Francesa numa invasão rápida, que contou com pouca resistência das tropas coloniais da França. Quando o ataque a Pearl Harbour aconteceu, o governo japonês apresentou-o à sua população e aos seus aliados do Eixo como uma grande conquista. Entretanto, alguns membros do exército japonês sabiam que as conquistas obtidas em Pearl Harbour eram mínimas.

No dia seguinte, a 8 de Dezembro, os EUA e o Reino Unido declararam guerra ao Japão. A 11, os EUA declaram guerra à Alemanha e Itália, as quais responderam com igual declaração. A Bulgária, Eslováquia e Croácia procederam da mesma maneira em relação aos EUA e Reino Unido. A Roménia, que estava em guerra com o Reino Unido, declarou-a também aos EUA.

A 11 de Dezembro ampliou-se o anterior pacto militar entre as potências do Eixo, em que a Inglaterra, Itália e Japão se comprometiam em ir juntas até ao fim das hostilidades, em assinarem armistício só com o acordo entre as três, e continuarem depois juntas na construção de uma nova ordem mundial.


A invasão da China e os crimes dos japoneses

Na China, em 1911, tinha sido proclamada a República da China, depois do derrube pelo movimento nacionalista do imperador da dinastia Quing. A também chamada Revolução de Xinhai foi dirigida por Sun Yat-sen, fundador do Kuomintang e primeiro presidente das Províncias Unidas da China, em que os comunistas participaram.

Durante a Segunda Guerra Mundial registou-se uma segunda guerra com o Japão quando este voltou a invadir o país, que nacionalistas e comunistas derrotaram. Depois da guerra uma deriva de submissão ao imperialismo ocidental do governo levaria à revolução comunista de 1949.

Em 1931, o Japão ocupa a Manchúria e no ano seguinte institui o Manchukuo como Estado fantoche, governado pelo Imperador Puyi, que abdicara em 1912. A actuação de Chiang Kai-shek, que não oferecera resistência ao invasor, faz crescer a vontade contrária, dos comunistas, que continuavam a ser militarmente combatidos pelo generalíssimo.

Enquanto isso, Mao Tse-tung promovia a distribuição de terras aos camponeses e animava a resistência contra o Japão, atraindo as simpatias dos chineses.

Em 1936, Chiang Kai-shek foi aprisionado em Xian, capital de Shaanxi, pelas tropas do General Zhang Xueliang, no conhecido Incidente de Xi’an. Negociações até hoje mal conhecidas estabelecem o acordo entre nacionalistas e comunistas, que se unem na luta contra o Japão, a esta época já senhor absoluto de quase todo o norte do país.

Os comunistas, liderados por Mao Tsé-Tung, e os nacionalistas, liderados por Chiang Kai-shek, assinam um acordo em 22 de Setembro de 1937, pelo qual os comunistas abandonam seu projecto de um governo revolucionário, renunciando a insurgir-se contra o governo de Chiang Kai-shek que, pelo seu lado, comprometeu-se a suspender as operações anticomunistas. Desta maneira forma-se a Segunda Frente Unida.

Apesar da aliança, as forças chinesas não são fortes o suficiente para lutar contra o Exército Imperial Japonês e sofrem uma série de desastres no início do conflito.

O massacre de Nanquim foi um dos actos mais bárbaros dos militares japoneses. 57 mil soldados e civis foram executados. Milhares de mulheres chinesas foram então violentadas e mortas a tiros ou a golpes de baionetas em caso de resistência.

O furor homicida da soldadesca adquirira uma dinâmica própria e o roteiro de roubos, saques, torturas, raptos e estupros seguidos de assassinatos teve continuidade ainda por seis semanas, estendendo-se de 13 de Dezembro de 1937 até os finais Fevereiro de 1938. Os japoneses, como se fossem uma matilha de lobos famintos e desordeiros, percorriam as ruelas e praças da cidade em bandos de seis a doze soldados, disparando ou trespassando a quem quisessem ou desejassem.

Em Julho de 1937, sem declaração de guerra, o Japão inicia as hostilidades. Em menos de noventa dias os japoneses ocuparam a parte oriental do país, sem que o governo nacionalista pudesse impedi-los. Pequim e Tientsin caem em poder dos nipónicos.

A invasão japonesa na China resultou na segunda guerra sino-japonesa (1937-1945), na qual o Japão cometeu inúmeras atrocidades contra a população civil chinesa. As atrocidades do exército japonês foram desde os estupros em massa cometidos contra mulheres chinesas ao uso de bombas biológicas em partes da China e contra pacientes de hospitais, mortos à baioneta nas suas camas.

Depois da queda de Hong Kong, no Natal de 1941, cenas similares ocorreram em Java e Sumatra, as maiores ilhas das Índias Orientais Holandesas. O exército japonês manteve nas suas novas conquistas a tradição de selvajaria, estabelecida na China, em que se destacou o já referido massacre de Nanquim.

Os comunistas estimulavam acções de guerrilha, especialmente no norte da China. Mao Tse-tung queria poupar as suas tropas, tanto quanto possível, e continuou a consolidar as suas forças, para se preparar para uma eventual nova guerra contra as tropas de Chiang Kai-shek, após a derrota japonesa.

A China contou com o apoio americano na guerra após os Estados Unidos serem atacados pelos japoneses em Pearl Harbour, em 1941. Os norte-americanos forneceram armas e suprimentos aos exércitos chineses, principalmente aos nacionalistas liderados por Chiang Kai-shek. A segunda guerra sino-japonesa só acabaria em 1945, quando o Japão se rendeu aos Aliados.

Antes do início da Segunda Guerra Mundial, o Japão, durante a década de 1930, defendia a sua expansão territorial, a partir da força dos seus exércitos, para que fosse desenvolvido um projecto de colonização em todo o Extremo Oriente.

Esse projecto tornou-se evidente com o nacionalismo imperialista japonês, que se desenvolveu a partir da reformulação do ensino durante a Restauração Meiji (1868). O imperialismo japonês manifestou-se antes da Segunda Guerra Mundial, na primeira guerra sino-japonesa (1894-1895) em que o Japão conquistou a península da Coreia, que então pertencia à China. Esse ímpeto imperialista prosseguiu com a conquista da Manchúria e Port Arthur após a guerra russo-japonesa (1904-1905).

A partir de 1933, o Japão invadiu a China com a intenção de anexar a Manchúria oficialmente ao Império do Japão.

Os japoneses acabaram por ser expulsos pela conjugação da acção dos nacionalistas conservadores do Kuomintang, então dirigido por Chiang Kai-Shek, com os comunistas liderados por Mao Tsé-Tung.

A guerra no Pacífico

Depois de Pearl Harbour, atacado em 8 de Dezembro, de 1941, três outras ilhas foram bombardeadas nesse dia, Guam, Wake e Midway, enquanto, nessa mesma manhã, do outro lado do Mar da China, a Segunda Esquadra japonesa escoltava um comboio de navios de transporte de tropas da Indochina para a península da Malásia. Ao mesmo tempo, Singapura era bombardeada pelos japoneses.

No litoral da China, as tropas japonesas capturaram as guarnições americanas de Xangai e Tientsin.

As conquistas japonesas eram impressionantes. No dia 9 de Dezembro, o Japão ocupa Banguecoque e procederam a mais dois desembarques na Malásia, nas cidades costeiras de Singora e Patani. No meio do Pacífico, desembarcaram em Tarawa e Makin, nas Ilhas Gilbertas.

Ao fim de 3 dias de guerra, os japoneses tinham-se assenhoreado do sul do Mar da China e do Oceano Pacífico.

A 11 de Dezembro a Alemanha declarou guerra aos EUA. A 18 de Dezembro, a coberto de um intenso fogo de barragem, as tropas japonesas desembarcaram na ilha de Hong-Kong e no dia 20, desembarcaram na ilha de Mindanau, no arquipélago das Filipinas.

No início do conflito, o Japão conseguiu expandir o seu império de maneira avassaladora, derrotando sucessivamente tropas britânicas, americanas e holandesas instaladas no Sudeste Asiático. Conquistaram a Malásia, Birmânia, Singapura e Hong Kong aos britânicos, as Índias Orientais Holandesas aos holandeses, e as Filipinas aos americanos.

A expansão japonesa previa o confronto contra os Estados Unidos para os expulsar definitivamente da Ásia (os EUA possuíam bases e soldados instalados nas Filipinas). Isso garantiria ao Japão caminho livre para dominar o sudeste asiático e, assim, ter acesso aos recursos naturais dessas regiões.

Mas no ano seguinte, a 7 de agosto de 1942, os americanos lançaram a operação «Watchtower», a primeira contra-ofensiva aliada no Pacífico. A operação começou com o desembarque de 16 mil homens na ilha de Guadalcanal, das Ilhas Salomão. Fuzileiros norte-americanos travaram combates em terra em outras quatro ilhas mais pequenas.

Estalinegrado e Guadalcanal mostraram aos aliados que o Eixo podia ser batido nos campos de batalha.

Apesar das vitórias iniciais, a capacidade de guerra do Japão era muito inferior à capacidade americana. A economia norte-americana era muito superior à do Japão, e poderia financiar a guerra por muito mais tempo. Isso tornou-se claro a partir do segundo semestre, quando os Estados Unidos passaram a reconquistar todos os territórios ocupados pelo Japão entre 1940 e 1942.

Há historiadores que consideram a batalha naval de Midway o grande marco da viragem americana. Nessa batalha, a marinha americana afundou quatro porta-aviões japoneses e impôs outras pesadas perdas materiais à Marinha Imperial Japonesa. Nesse momento, o Japão perdeu boa parte da sua capacidade de guerra pelo mar e, diferentemente dos Estados Unidos após Pearl Harbour, não conseguiu recuperar-se.

O avanço americano, entretanto, aconteceu de maneira lenta. Cada reduto ocupado pelos japoneses era defendido de maneira obstinada, o que impunha pesadas perdas de soldados aos Estados Unidos. Apesar disso, novas vitórias aconteceram progressivamente nas batalhas de Guadalcanal, Tarawa, reconquista das Filipinas, Iwo Jiwa e Okinawa.

No Sudeste Asiático e no Pacífico os japoneses continuavam a dominar uma área enorme, das fronteiras da Índia às ilhas do Alasca: uma área de quase 4 milhões de quilómetros quadrados, com população de cerca de cerca de 150 milhões de pessoas, sem contar com os territórios anteriormente anexados.

Em 22 de Janeiro de 1943, porém, as tropas americanas e australianas desbarataram as últimas bolsas de resistência japonesas a oeste e a sul de Sanananda (Nova Guiné).

Exactamente na altura em que isto ocorria, os alemães eram pela primeira vez desalojados de uma das suas principais conquistas em terra firme no Norte de África. As forças alemãs e italianas do Norte de África foram afastadas de Tripoli e obrigadas a recuar para a Tunísia pela acção militar dirigida por Montgomery.

De 14 a 23 de Janeiro de 1943 realizou-se no norte de África a Conferência de Casablanca entre representantes dos EUA, com F. D. Roosevelt, e do Reino Unido, com Winston Churchill. Nela se decidiu o desembarque na Sicília, tendo-se considerado imprescindível que a União Soviética se incorporasse na luta contra o Japão, uma vez terminada a guerra na Europa. A Conferência concedeu plena responsabilidade política e militar ao Reino Unido nos Balcãs e Médio Oriente e aos Estados Unidos no Norte de África e no Extremo Oriente.

Em 28 de Março de 1943, o 8.º Exército inglês, que se encontrava perto da fronteira líbio-tunisina, renovou a ofensiva. Ao mesmo tempo, as tropas de Eisenhower empreenderam o ataque à parte ocidental de Tunes.

Em 12 de Maio, os soldados e oficiais alemães e italianos depuseram as armas, e com isso terminaram as operações do Norte de África.

Na Conferência de Teerão, realizada de 28 de Novembro a 1 de Dezembro de 1943, com a participação de Roosevelt, Churchill e Stalin, foi discutida a questão do timing das operações militares contra a Alemanha e a possibilidade de se negociar um acordo de paz. Foi também acordada nesta conferência a garantia da independência do Irão e o envio de ajudas económicas no período pós-guerra.

A partir do desembarque das tropas norte-americanas nas Filipinas, em Outubro de 1944, travaram-se as mais importantes batalhas navais da guerra. Os EUA acabaram por as vencer em Abril de 1945.

Aproveitando o momento favorável, o governo inglês apressou-se a desencadear, juntamente com o norte-americano, operações nas ilhas da Indonésia. Os ataques da aviação norte-americana tornaram-se sistemáticos desde Outubro de 1944 e atingiram grande envergadura na Primavera de 1945.

A última operação efectuada no teatro do Pacífico por forças dos Estados Unidos foi o desembarque de tropas norte-americanas em Okinawa em 25 de Março de 1945.

A derrota da Alemanha e a sua capitulação, foram um duro golpe para os nipónicos que viram condenados ao fracasso os seus planos anexionistas.

O governo japonês pensava que poderia manter a guerra durante muito tempo, chegando a tentar um novo conluio anti-soviético com os seus aliados.

O Japão possuía umas forças armadas descomunais. Os efectivos totais das suas tropas ultrapassava os cinco milhões de homens. Com o objectivo de defender as suas empresas dos ataques aéreos, os industriais nipónicos transferiram numerosas fábricas do Japão para a Manchúria, por eles ocupada desde 1932, e organizaram também a sua produção bélica, neste caso na Coreia, também ocupada.

As bombas atómicas

Em 1945, com o fim da guerra na Europa e com o Japão cercado pelas forças americanas, os Aliados reuniram-se em Ialta para debater o mapa da Europa no pós-guerra e os termos da rendição japonesa.

Diziam os representantes dos EUA que a invasão territorial do Japão resultaria em grandes perdas de vidas, mesmo maiores do que as que se tinham verificado na invasão da Normandia, no Dia D.

O Japão estava a ser castigado pelos bombardeamentos americanos sobre as grandes cidades, e estava com a economia falida. Apesar disso, recusou render-se. Os kamikazes lançavam-se sobre objectivos militares dos EUA.

2525 pilotos kamikaze morreram nesses ataques, causando a morte de cerca de 7 000 soldados aliados e deixando mais de 4 mil feridos. O número de navios afundados é controverso. A propaganda japonesa da época divulgou que os ataques teriam conseguido afundar 81 navios e danificar outros 195.

Apesar de, em desespero, os japoneses terem recorrido aos kamikazes, a deflagração de duas bombas atómicas contra seres humanos constituíram um grave crime contra a Humanidade.

Os EUA não queriam ir acabar a guerra no terreno, como defenderam em Ialta, para poupar a vida aos seus militares. Optaram, unilateralmente, por lançar as bombas atómicas sobre Hiroshima, provocando cerca de 247 mil mortos, e sobre Nagasaki, três dias depois, provocando cerca de 200 mil mortos e feridos, na sua grande parte civis. Pouparam em vidas militares, optaram por matar os civis.

Claro que essa horrível decisão dos EUA precipitou a rendição japonesa, mas a decisão americana de lançar bombas atómicas sobre civis foi considerada um crime de guerra e a anterior «confidência» de Truman, a Staline, de que os EUA dispunham «de uma nova arma com uma invulgar força destrutiva», serviu também para tentar assustar a URSS e conter a progressão das forças de esquerda nos territórios libertados no Ocidente e no Leste europeus. Antes disto, Churchill, conhecido pelas suas atitudes racistas, consideraria a possibilidade de utilizar gás venenoso em civis alemães, depois dos bombardeamentos a Londres pelo Terceiro Reich, contrariando as regras internacionais da guerra nessa altura.

Após o fim da guerra, o comando-geral do Japão foi entregue ao general americano Douglas MacArthur, e o território japonês foi ocupado pelos Estados Unidos até 1952.

Os Aliados também organizaram o Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente, no qual juristas de diferentes nações aliadas julgaram os crimes de guerra cometidos por decisão das lideranças japonesas.

Conferência de Ialta e a possibilidade de uma nova ordem de paz no pós-Guerra na Europa
Como referimos, quando a vitória na Segunda Guerra Mundial já parecia certa, os Aliados reuniram-se de 4 a 11 de Fevereiro de 1945 em Ialta, na Crimeia. Churchill, Roosevelt e Stalin decidiram sobre fronteiras e esboçaram uma nova ordem de paz no pós-Guerra.

Foi aprovada uma declaração sobre a Europa libertada e discutiram-se várias questões, cuja solução não poderia ignorar que os soviéticos estavam às margens do rio Oder, no Leste alemão, e os americanos, na fronteira oeste da Alemanha.

Praticamente ocupada, a Alemanha já não estava em condições de resistir por muitas semanas. A Itália rendera-se, mas o Japão ainda resistia.

A Conferência de Ialta, nas margens do Mar Negro, foi uma das três grandes conferências que determinaram o futuro da Europa e do mundo no pós-Guerra (além da de Teerão, em 1943, e da de Potsdam, em meados de 1945).

Apesar da influência da URSS na viragem da guerra, a Guerra Fria já começara e a questão da Polónia viria a ser motivo de acesa discussão na conferência. Depois da libertação pelos soviéticos, na Polónia já tinha sido constituído um governo que Roosevelt e Churchill queriam ignorar para impor um processo eleitoral. Acabaram por decidir que fossem incluídos no governo já formado alguns membros apontados por ambos.

Em relação à Organização das Nações Unidas, que viria a ser criada, decidiu-se a composição de um Conselho de Segurança com direito de veto. Quanto à Alemanha, as potências aliadas resolveram exigir a «capitulação incondicional» e o país ficou dividido em zonas de ocupação. A conferência decidiu sobre reparações e a desmontagem das instalações industriais do país. E foi consagrada a deslocação da fronteira soviética para ocidente, ficando a fronteira oriental da Alemanha ao longo dos rios Oder e Neisse.

A nova linha divisória viria a delimitar o que mais tarde foi designado em 1946 como Cortina de Ferro por Churchill que justificou, com essa linguagem, a divisão do mundo, transformando as relações futuras que deveriam ser pacíficas em quase 50 anos de Guerra Fria.

«De Sczecin, no Mar Báltico, até Trieste, no Mar Adriático, transcorre uma cortina de ferro pelo continente. Por trás desta linha estão todas as capitais da Europa Central e do Leste Europeu. Todas as cidades e suas populações estão sob influência soviética. Os acertos feitos em Ialta foram vantajosos demais para os soviéticos».

Entretanto ainda se realizaria a Conferência de Potsdam, de 17 de Julho a 2 de Agosto de 1945, em que participaram o norte americano Harry S. Truman, que sucedera a T.D. Roosevelt por morte deste, José Stalin e o britânico Clement Attlee, que derrotara Churchill em eleições. A conferência esteve virada para o período do pós-guerra, decidindo:

1. as indemnizações a pagar pela Alemanha às potências vencedoras;
2. a reversão das anexações realizadas pela Alemanha desde antes da guerra;
3. os objectivos comuns imediatos das potências ocupantes da Alemanha (desmilitarização, desnazificação, democratização e descartelização);
4. a divisão da Alemanha e da Áustria em zonas de ocupação, como anteriormente decidido na Conferência de Ialta, e idêntica divisão de Berlim e Viena em quatro zonas (americana, britânica, francesa e soviética). Posteriormente, em 1961, a zona aliada (americana, britânica, francesa) em Berlim seria isolada do resto da Alemanha Oriental, na sequência de incidentes contra a parte sob a administração da URSS, pelo Muro de Berlim, que completou a fronteira interna alemã;
5. o julgamento dos criminosos de guerra nazis em Nuremberg;
6. o estabelecimento da fronteira da Alemanha com a Polónia nos rios Oder e Neisse lLinha Oder-Neisse);

7. os termos da futura rendição do Japão.

A capitulação do Japão

A 9 de Agosto de 1945 o governo soviético, cumprindo os seus deveres de aliado, assumido na conferência de Ialta, na Crimeia, de Fevereiro de 1945, declarou guerra ao Japão e iniciou contra este uma operação em todas as frentes.

O exército soviético desembarcou nas ilhas Curilhas, entrou nas cidades de Harbin, Kirin, Chang-chung, Mukden, no Porto Artur e em Daire.

Na Manchúria as tropas japonesas entregaram-se e em duas semanas mais seriam libertados a Manchúria no seu todo, o norte da Coreia, o sul da ilha de Sacalina e as ilhas Curilhas.

Num mês, as forças armadas soviéticas aniquilaram o Exército de Kuangtung, a base das forças armadas do Japão.

Em 28 de Agosto começou o desembarque das tropas americanas no Japão.

Em 2 de Setembro de 1945, às 10h30, a bordo do navio de guerra norte-americano Missouri, fundeado na barra de Tóquio, foi assinada a acta de capitulação incondicional do Japão.

Este facto assinalava o fim da Segunda Guerra Mundial.

Ao leitor:
Este é o quarto de uma série de seis artigos que, entre Março e Maio de 2020, o autor consagra à celebração do 75.º aniversário da Vitória, sob a designação comum de «Lembrar o fim da Segunda Guerra Mundial sem reescrever a História». Foram anteriormente publicados A ascensão do nazismo aos ombros do capitalAs agressões nazis, da ocupação da Renânia à batalha de Moscovo e Da supremacia soviética ao fim da guerra na Europa.


Na imagem: Um navio de guerra norte-americano afunda-se após ter sido atingido por bombas japonesas, durante o ataque à base naval de Pearl Harbor, no Hawai, EUA, a 7 de Dezembro de 1941, que marcou a entrada dos dois países na Segunda Guerra Mundial. CréditosEnciclopédia Britânica / National Archives

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Os promotores desta contestação não se insurgem contra os moldes em que se realizará a cerimónia de celebração do 25 de Abril, mas sim contra a revolução e as conquistas que ela permitiu.

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