segunda-feira, 13 de abril de 2020

O FRÁGIL EQUILÍBRIO ENTRE INCERTEZA E ESPERANÇA


Martim Silva | Expresso

Bom dia,

Hoje é segunda-feira, dia 13 de Abril. Dia do regresso depois da Páscoa mais bizarra das nossas vidas. Véspera de um regresso às aulas para o 3º período, mas que não é um regresso às escolas. Este é o início de mais uma semana com o país em estado de emergência (que deve ser renovado 15 dias, até final do mês e depois se verá).

Venha daí comigo

Este título remete para uma frase da ministra da Saúde dita este domingo, mas remete também muito para a forma como tantos de nós vivem nesta altura o que se passa. E as notícias reflectem isso mesmo.

Ora estamos à beira de ter uma vacina, ora esta ainda vai demorar imenso. Ora a taxa de crescimento de infectados é a maior desde o início da crise, ora no dia seguinte é a menor. Ora vemos luz ao fundo do túnel, ora percebemos que é um comboio. Ora acreditamos, ora não sabemos em que acreditar.

Comecemos precisamente por olhar para os números dos últimos dias.

Depois de dados esperançosos ao longo da última semana, a sexta-feira trouxe-nos novamente de volta à terra, como números assustadores de novos infectados em Portugal. Sábado e domingo, no entanto, voltaram a dar-nos esperança.

Estamos em Portugal com uma taxa de mortalidade de cerca de 3 por cento. Com cerca de 500 mortes e mais de 15 mil doentes confirmados. Ainda não morreu ninguém abaixo dos 40 anos em Portugal. A nossa taxa de mortalidade é de cerca de metade da registada à escala global

Sabemos que estamos no 15º lugar dos países mundiais com mais casos. E se ajustarmos o número de infectados à população de cada estado, o nosso caso piora ligeiramente: Estamos em 8.º na lista de casos por habitante, um valor equiparado ao dos Estados Unidos.

Apesar de ser francamente difícil sorrir com estes números, há quem nos considere uma espécie de ‘suecos do sul’ no sucesso ao combate à pandemia.

Dados de domingo: Mais 598 casos confirmados em Portugal. O equilíbrio entre a esperança e a incerteza. "Estamos de facto num tempo de incerteza, mas também num tempo de esperança porque também é Páscoa. É num equilíbrio entre incerteza e esperança que temos que nos mover", declarou Marta Temido.

Incerteza e esperança também no que toca à investigação científica.

Com uma nunca vista corrida científica em busca de uma vacina ou outro tratamento, o mais rápido possível, para a covid 19, sucedem-se as notícias dando conta de avanços nesta ou naquela área.

Veja-se:

Incerteza e esperança ainda quando à medida que vamos sabendo mais descobrimos que não será tão rápido assim um regresso à normalidade para todos.

Em vários países, inclusivamente por cá, vai colhendo a ideia de que o levantar das medidas restritivas não deverá ser para todos ao mesmo tempo, e que por exemplo os mais idosos ou mais frágeis podem ver as medidas de isolamento mantidas por mais tempo, nomeadamente enquanto a vacina não for uma realidade.

OUTRAS NOTÍCIAS

Luís Pitarma. Assim se chama o jovem português de 29 anos, enfermeiro em Londres, que de um momento para o outro se tornou acima uma espécie de celebridade instantânea, ao ser nomeado por Boris Johnson, que agradeceu e elogiou os seus esforços e dedicação na recuperação do primeiro-ministro britânico, que esteve a semana passada internado numa unidade de cuidados intensivos. (Sim, até Marcelo já falou com Luís).

Preocupação para muitos, e um tema que tende a tornar-se mais candente, é saber o que fazer às mensalidades de creches e infantários. Como não há uma directiva ou política única para estes casos, eles resolvem-se de forma diversa. E merecem queixas e protestos.

Marques Mendes criticou os que diabolizam os banqueiros nesta altura. E disse que António Costa está a acumular popularidade, de que vai precisar mais adiante.

As cerimónicas e celebrações pascais também se adaptam aos tempos. Aqui lhe deixo imagens de uma procissão em Matosinhos, e aqui se vê como o isolamento deixou Jerusalém praticamente às moscas.

Os dias de isolamento de um bombeiro, infectado, que está há 15 dias numa autocaravana.

Os países produtores de petróleo chegaram a um acordo para tentar travar a derrocada no preço do crude, que passa por um corte na produção de cerca de 9 milhões de barris por dia.

Turistas que violaram o confinamento na Índia foram obrigados a escrever 500 vezes "desculpe"

Há muitos anos que não se respirava tão bem na Avenida da Liberdade

DESPORTO

Sabe o que têm em comum Taiwan, Tajiquistão, Burundi, Nicarágua e Bielorússia? Esta é para queijinho… São os escassos países do mundo em que os campeonatos de futebol não foram interrompidos.

Morreu Stirling Moss, o melhor piloto que nunca foi campeão.

Sporting é o primeiro dos grandes a chegar a um acordo interno para uma redução salarial generalizada.

O QUE ANDO A LER

Há uns dias estava sentado no refeitório da Impresa, a almoçar e a ler ao mesmo tempo. Tinha nas mãos “Testamentos”, da canadiana Margaret Atwood, a continuação de “História de uma Serva”. Ouvi do Ricardo Costa o divertido comentário “vivemos uma distopia e tu andas a ler sobre uma distopia”.

É isso mesmo. O livro saiu há uns meses e agora chegou cá a tradução portuguesa. Quando não tenho a cabeça no que se passa neste mundo de pernas para o ar, mergulho no mundo de pernas para no regime autocrático e fascista de Gileade.

Sobre Atwood escrevemos nesta última edição do Expresso. “Como é que o mundo inteiro se desmoronou tão depressa? Margaret Atwood deve ter feito esta pergunta muito antes de nós a colocarmos, inventando mundos que já não nos parecem ser distopias”

Tenha uma semana positiva e cuide-se. Nós estaremos sempre por aqui, a acompanhar tudo o que se passa. Entre a incerteza e a esperança, procurando levar-lhe a melhor informação.

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