Manuel Molinos* | Jornal
de Notícias | opinião
Nestes dias que ficamos em casa
já sabemos que, depois de abrirmos a porta, o Mundo não será o mesmo. A
economia, o trabalho, as nossas relações sociais.
Porém, a memória coletiva é
sempre curta e, portanto, convém guardar algumas frases para que não se percam
nos feeds das redes sociais e para que sirvam como o melhor tratamento e
terapia para a pós-pandemia.
Que ninguém as esqueça. Umas
porque foram levianas, imprudentes, atentatórias da vida. Outras porque nos
enchem de orgulho. Das que nem vale a pena transcrever, como as inúmeras
proferidas por Jair Bolsonaro, Donald Trump e Boris Johnson, que só nos fazem
pensar como é que o Mundo está entregue a esta gente, até às do general Ramalho
Eanes, que, do alto da sua imagem rígida e quase sem expressão, diz que
"nós, os velhos, vamos ser os primeiros a dar o exemplo, se for necessário
oferecemos o nosso ventilador ao homem que tem mulher e filhos". Não
esqueceremos também o "puxão de orelhas" que António Costa deu ao
ministro das Finanças holandês. Há muito tempo que não nos sentíamos tão
orgulhosamente portugueses.
No fim desta crise, seremos
aquilo em que nos transformamos, na certeza de que os exemplos nacionais que
temos tido não nos envergonham. As medidas ontem anunciadas, que aumentam o confinamento
dos portugueses no âmbito da renovação do estado de emergência, são duras, mas
necessárias. A Páscoa será mais triste, sobretudo para os nossos emigrantes que
regressariam para ver a família. Mas só com este esforço será possível ter toda
a família reunida no próximo Natal. E também nos devemos orgulhar disso. No
termo desta etapa, seremos ainda mais maduros. Mais nobres e mais generosos,
porque finalmente todos percebemos que éramos felizes e não sabíamos.
* Diretor-adjunto
Sem comentários:
Enviar um comentário