Os EUA explicaram sua razão para
sair do Tratado de Céus Abertos, com conselheiro de Segurança Nacional do país
criticando o suposto foco na militarização da região russa.
Enquanto discutia a retirada dos
EUA do Tratado de Céu Aberto, Robert O'Brien, conselheiro de Segurança Nacional
dos EUA, comparou o exclave russo de Kaliningrado, que faz fronteira com a Polónia e a Lituânia, a um "punhal no coração da Europa".
Em entrevista ao jornal alemão Bild, ele argumentou
que a disposição geográfica da região faz dela um local perfeito para ser um
grande centro de comércio e turismo ligando a Rússia e a Europa, mas, como
O'Brien afirmou, Moscovo transformou-a numa "base militar fechada cheia
de armas e mísseis de alta tecnologia".
"Toda a situação com
Kaliningrado é uma oportunidade perdida para a Rússia e Europa, e isso é uma
verdadeira vergonha", concluiu o conselheiro de Segurança Nacional.
No entanto, o governador de
Kaliningrado, Anton Alikhanov, discordou fortemente de O'Brien.
"Infelizmente, a
administração americana é, como de costume, superficial nos seus julgamentos. A
maioria das suas declarações sobre a região de Kaliningrado estão bem longe da
realidade e revelam a pouca competência desses conselheiros [como
O'Brien]", disse Alikhanov.
O governador de Kaliningrado
também sugeriu que O'Brien pode ter ficado desapontado com a decisão da região
de introduzir os vistos electrónicos, que atraíram muitos turistas da Alemanha e da Polónia,
mas não norte-americanos.
Ele indicou que as afirmações do
conselheiro sobre a região ser uma "base militar fechada" são
obviamente infundadas e apenas provocam um "sorriso triste" pela
"falta de preparação dos conselheiros americanos".
Como exemplo, ele aponta que nos
anos anteriores à pandemia da COVID-19 o número de turistas no aeroporto do
enclave cresceu de 17 a
20% anualmente, com 2019 tendo registado recorde no número de turistas.
Céus Abertos sem EUA por cima de
Kaliningrado
O'Brien levantou a questão de
Kaliningrado enquanto discutia a retirada dos EUA do Tratado de Céus Abertos. Os EUA retiraram-se do acordo citando a suposta recusa
de Moscovo em permitir voos de observação dos EUA sobre o exclave.
O conselheiro de Segurança
Nacional declarou que Washington tem outros meios de monitorizar os mísseis e
armas russos em Kaliningrado que, como ele afirmou, "ameaçam aliados
europeus [dos EUA] e os Estados Bálticos".
A Rússia introduziu limitações em
certos voos sobre Kaliningrado, citando disposições do Tratado de Céus Abertos
que apresentam exigências concretas para os aeródromos de onde se iniciam os
voos de observação.
Ao mesmo tempo, informações dos
serviços de monitoramento de voos sugerem que a missão de observação de Céus
Abertos dos EUA iniciou pela última vez voos sobre Kaliningrado em 2
de agosto de 2019.
Além de Kaliningrado, os EUA
acusaram a Rússia de outras violações, nomeadamente a proibição de um voo de
observação sobre a área das manobras militares russas Tsentr 2019 em setembro
de 2019.
Moscovo indicou, entretanto, que
de acordo com o tratado não poderia permitir um voo se não pudesse garantir sua
segurança, o que aconteceu precisamente no caso destes exercícios, que
envolviam o uso de munições reais.
Tratado em outras regiões
A Rússia também se recusou a
permitir voos de observação perto das fronteiras com a Abkhazia e Ossétia do
Sul, pois os EUA e outros países poderiam assim espionar as duas repúblicas
parcialmente reconhecidas sem seu consentimento.
Moscovo, por sua vez, enviou
repetidamente a Washington suas próprias preocupações sobre o cumprimento do
tratado pelos EUA, que permaneceram sem resposta.
Nomeadamente, os EUA limitaram os
voos de baixa altitude das missões russas em certas áreas, citando regulamentos
nacionais, apesar do tratado proibir explicitamente o uso de preocupações de
segurança nacional e leis nacionais como razões para negar os voos de
observação.
Washington também restringiu a
possibilidade dos aviões russos se aproximarem das ilhas Aleutas, perto do estado
norte-americano de Alasca, para voos de observação.
Sputnik | Imagem: © Sputnik /
Konstantin Chalabov
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