A Samidoun lança um apelo à
participação na Semana de Luta Palestiniana, de 15 a 22 de Maio, lembrando o
significado que esta semana possui, há décadas: «solidariedade, resistência e
luta».
«Nestes dias, evocamos a Nakba
[catástrofe], o roubo da terra palestiniana e a expulsão do povo palestiniano.
Em simultâneo, celebramos, afirmamos e prometemos continuar os mais de 72 anos
de resistência palestiniana pela libertação e pelo regresso», afirma no seu portal a Samidoun (rede de solidariedade
com os presos palestinianos), ao instar organizações, activistas e movimentos a
juntarem-se-lhe na Semana de Luta Palestiniana.
No site, é possível verificar as iniciativas já agendadas (on-line ou
na rua) e entrar em contacto com o organismo solidário tanto para anunciar uma
actividade como para declarar o apoio à Semana e, desse modo, manifestar o
apoio ao povo palestiniano na sua «luta contra o sionismo, o imperialismo e a
reacção».
Uma longa luta de resistência
No texto de apresentação da
Semana, a Samidoun sublinha que o movimento popular palestiniano assinala, há
décadas, o dia 15 de Maio [Dia da Nakba] e a semana seguinte como «uma semana
de solidariedade, resistência e luta». Trata-se de assinalar «a luta
palestiniana, árabe e internacional pela justiça e libertação». «Tal como a
Nakba continua, a resistência persiste!», frisa.
O texto lembra que a projecto
sionista de limpeza étnica não começou a 15 de Maio de 1948 – então, essa
«missão» já tinha sido alcançada em 78% da Palestina histórica, depois de ter
sido lançada em Dezembro de 1947 e depois de décadas de escalada militar, de
colonialismo europeu na região e, em particular, após o mandato britânico e a
Declaração Balfour.
Segundo a Samidoun, há hoje mais
de sete milhões de refugiados palestinianos e mais de 13 milhões no exílio e na
diáspora. «A implementação do direito de retorno», como direito colectivo e
individual, «está no cerne da libertação da Palestina» e, em anos recentes, tem
sido cada vez mais atacado, «culminando no chamado "Acordo do
Século"».
Luta anti-imperialista
A Semana de Luta Palestiniana irá
também espelhar a dimensão anti-imperialista da luta pela libertação da
Palestina, denunciando a tentativa de imposição do «Acordo do Século» pelos
EUA, bem como as medidas repressivas a que as potências imperialistas estão a
recorrer para condicionar a luta dos palestinianos dentro das suas fronteiras,
nomeadamente nos EUA, na Alemanha ou em França.
Os promotores dão particular
ênfase ao bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza – pelo qual
responsabilizam também os EUA, os países europeus e os «regimes árabes
reaccionários» –, sublinhando a necessidade de pôr fim às sanções imperialistas
no mundo.
Em simultâneo, a Samidoun lembra
que Israel «não é a única colónia de colonos racistas erigida sobre a expulsão
de povos originários e a extracção dos seus recursos», e afirma a sua defesa de
«todos os povos oprimidos e movimentos indígenas que defendem as suas terras do
capitalismo colonianista».
Estudantes, mulheres, presos,
trabalhadores... na linha da frente
Desafiando qualquer tentativa de
«normalizar o colonialismo», a Samidoun afirma o direito inalienável do povo
palestiniano «a resistir à ocupação e à opressão». A juventude e os estudantes
têm estado sempre na linha da frente da resistência, geração após geração,
neste caminho de 72 anos, salienta o organismo solidário.
Do mesmo modo, são destacadas as
mulheres, que «têm defendido a terra, educado gerações de lutadores e
participado inteiramente na liderança da luta», ao nível da organização
política e da luta popular e armada.
Também os operários e o
campesinato têm «lutado para defender a sua terra e resistir à exploração e à
opressão sob todas as formas», afirma a Samidoun, sublinhando os sacrifícios a
que os trabalhadores têm sido sujeitos na Palestina e destacando o papel das
camadas populares na liderança do movimento revolucionário de libertação.
Os presos palestinianos – que
foram sempre um recurso do projecto colonialista na Palestina para manter a
ocupação, o apartheid e a opressão – não são esquecidos no texto e não o serão
nesta Semana, pois «os palestinianos atrás das grades continuam a estar no
coração da resistência».
Na imagem: Em 2019, milhares de
palestinianos assinalaram em Gaza o 71.º aniversário da Nakba // MPPM
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