Díli, 18 mai 2020 (Lusa) -- A
tensão marcou hoje o início da manhã no parlamento timorense com deputados aos
gritos e aos empurrões devido à tentativa dos dois vice-presidentes realizarem
uma sessão plenária para destituição do presidente do órgão.
Sem incidentes graves, a tensão
começou quando deputados de três bancadas -- Fretilin, PLP e KHUNTO -- que
entre si representam 36 dos 65 lugares no Parlamento Nacional, entraram na sala
do plenário.
Depois de um compasso de espera
os dois vice-presidentes, Angelina Sarmento, do Partido Libertação Popular
(PLP) e Luis Roberto do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO)
tentaram dirigir-se para a zona da mesa do parlamento, apoiados por deputados
desses partidos e da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente
(Fretilin).
Vários deputados do Congresso
Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), segunda força política, subiram à
zona da mesa e impediram o acesso durante alguns minutos, com um deputado a
manter-se 'de guarda' à cadeira do presidente, Arão Noé Amaral.
Os dois vice-presidentes acabaram
por se conseguir sentar nas suas cadeiras com um deputado do CNRT a manter-se,
em pé, a impedir o acesso à cadeira do presidente do parlamento.
Em causa está um requerimento
assinado pelos deputados da maioria que quer votar a destituição de Arão
Amaral e que deveria, segundo o regimento, ter sido debatido no plenário num
prazo de cinco dias.
Esse prazo já passou, mas a
sessão ainda não foi agendada e Arão Noé Amaral voltou hoje a rejeitar a sua
realização, sendo esta a terceira semana consecutiva sem plenários.
Na sexta-feira os três partidos
acusaram Arão Amaral de crimes de "abuso de poder, contra o Estado e de
subversão" por paralisar o funcionamento parlamentar, nomeadamente por não
agendar, como está previsto no regimento, um pedido da sua destituição
apresentado no início de maio.
A maioria pediu à vice-presidente
Angelina Sarmento, que conduza a plenária, tendo Arão Amaral considerado hoje
que esse ato é uma tentativa de assalto ao poder que viola a constituição, a
lei de organização, funcionamento e administração do parlamento, ao código
penal e ao regimento do parlamento", disse.
ASP
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