sexta-feira, 26 de junho de 2020

Ronaldo no Banco de Portugal, Benfica no fundo. E Isabel dos Santos?


No Portugal do-mal-o-menos, o vírus covid-19 escolheu pairar com ameaça de segunda vaga pela paisagem de Lisboa. A abordagem de Filipe Garcia, no Curto do Expresso, está a seguir. O artífice espraia-se por muito mais num Curto que apetece ler e ficar a saber.

Temos “desporto” para variar, porque vale assemelhar a uma transferência desportiva a mudança do Ronaldo das Finanças (Centeno) para governador do Banco de Portugal. Nem é novidade e além disso muito mais bem pago, com muito mais mordomias. Talvez seja a compensação devida a Mário Centeno pelos tantos golos que ele conseguiu para a equipa das cinco quinas. Talvez seja desta que aconteça mais e melhor rigor e muito menos conluio entre o governador do BP, os banqueiros e seus associados. Até ver e sentir fiquemos à espera de avançar mais, com elogios ou críticas. Esperemos sentados e sempre com a nuvem negra sobre nós, portugueses, aquela nuvem que nos assinala que afinal “eles” são todos iguais e que quem se lixa é sempre o mexilhão, a plebe, o povinho que paga e não bufa.

Remate: Força, força, camarada Mário, o povo está farto de ser o otário… (ou talvez não)

De desporto propriamente escrito tem no Curto o chamado “afundanço do Benfica”. Pois.

Impende sobre Isabel dos Santos a possibilidade de um mandato de captura? Quem diria! Parece que a galinha dos ovos de ouro lhe fugiu. Bem, mas tudo que se diz pode ser simplesmente ficção… E além disso à a Rússia, que não tem acordos de extradição para a devolver ao ocidente, nem a África… A Rússia ou outros países em vários horizontes. A escapatória está sempre com a porta aberta, para as Isabei$ e os Manei$. Para a velhinha que tirou dois ovos, esparguete, pão e um chocolate é que não há escapatória possível. É o costume para o “mexilhão”. Justiça? Ora, ora.

Há mais no Curto. Ler e ouvir por referência. Tuti-fruti q.b. Vá nessa. Passe um bom dia, sem covid-19, de preferência.

Saúde, sorte e dinheiro para gastos (pequenos)… Porque o dinheiro está caro. Ao desbarato só o encontra entre os banqueiros, os vigaristas de colarinho branco, os gestores de prémios milionários, os corruptores e os corruptos da alta sociedade e finança… Enfim, toda essa chusma imensa de chulo$ parasitário$.

Curto a seguir. Curta.

MM | PG



Bom dia, este é o seu Expresso Curto

Portugal não é Lisboa. O melhor é a paisagem

Filipe Garcia | Expresso

O país continua em Alerta, Lisboa em Contingência, mas em 19 das suas freguesias o estado ainda é de Calamidade. Lá de fora, o coro de elogios tornou-se num nem sempre discreto sussurro, afinal o milagre português ainda está longe de poder ser celebrado. “O Covid não desapareceu. Não vai desaparecer enquanto não houver um remédio ou estarmos todos vacinados”, avisou o primeiro-ministro, também num tom bem diferente do usado em tempos de confinamento. Agora os elogios ao civismo dos portugueses ficaram para segundo plano, agora a mensagem a passar é outra – ou a original. A ordem volta a ser para “ficar em casa sempre que possível”, disse António Costa, negando no entanto que os dias sejam de arranque da temida segunda vaga. Mas as regras vão mesmo mudar.

Entre Lisboa, em particular nas 19 mais desafortunadas freguesias, o controlo será mais apertado a partir do dia 1 de julho. Justiça cósmica, depois de ter entrado em confinamento com números bem melhores que os registados a Norte? Sinal da baixa densidade populacional do país que vive distante das suas duas maiores cidades? Ou um bom indicador da falta de condições de habitação, transportes públicos e condições de trabalho em que vive grande parte da população de Lisboa?

Enquanto dirigentes políticos procuram acertar discurso e passo, tanto o político como o do desconfinamento, enquanto a ciência procura a cura, pelas ruas, empresas e pelos sofás transformados em gabinetes todos procuram novas formas de funcionar. Pequenos prazeres, escapes, que permitam controlar os estragos de uma pandemia cujo fim ainda ninguém arriscar prever. No Expresso, contamos-lhe tudo. Porque em Lisboa a situação é “manifestamente distinta” do resto do país. Só não se sabe porquê, assim como todas as diferentes regras que estarão em vigor no país. Também lhe contamos a dimensão de As mazelas da Covid - Há pessoas que mal conseguem falar, têm exaustão extrema, desequilíbrio e apenas recordações vagas do que aconteceu”. Descanse que logo lhe contaremos com que custos e como se ultrapassou a pandemia. Para já desfazemos o velho ditado alfacinha. Se alguém ainda duvidava, Portugal não é mesmo Lisboa e a verdade é que, como nunca, quanto mais rodeado pela paisagem melhor.

A transferência de Ronaldo

Bastaram cinco anos para Mário Centeno passar de ministro de quem a oposição se ria a regulador da banca nacional. António Costa e João Leão, seu sucessor na pasta das Finanças, formalizaram ontem junto do Presidente da Assembleia da República o nome de Centeno como próximo governador do Banco de Portugal. Quase em simultâneo, pela Europa, apresentavam-se Uma espanhola, um irlandês e um luxemburguês na corrida à cadeira deixada por Centeno como candidatos à presidência do Eurogrupo. E se o Ronaldo das Finanças está habituado aos holofotes, ontem também houve quem estranhasse estar mal informado. “Agradeço à comunicação social por o ter transmitido, mas não vou comentar”, e mais não disse Marcelo Rebelo de Sousa. Terá sido suficiente para ter sido ouvido em São Bento?

O afundanço do Benfica?

Sobre o Benfica não têm faltado notícias, mas nenhuma sobre o lado bom do Futebol. Em campo a sequência de resultados está entre as piores de sempre, o treinador campeão perto da saída e os adeptos cada vez mais descontentes. Na Luz, por estes dias, não é difícil adivinhar que não faltará quem esteja grato pelas bancadas vazias, mas assim livres dos tão expectáveis como desagradáveis lenços brancos e assobios. Ontem, com a “Operação Sem Rosto”, entrou em campo a PSP, e a bola acabou novamente posta de lado. O resultado voltou a não ser favorável ao Benfica: na posse de armas, pirotecnia e adereços da claque, bilhetes para jogos da primeira liga e uma lista com nomes e moradas de jornalistas e comentadores desportivos, acabaram detidos sete membros dos No Name Boys.

Vermelho, mas em bem melhor forma. O Liverpool voltou ontem a sagrar-se campeão inglês. Um título histórico, não só porque quebrou um jejum de trinta anos, mas também porque dificilmente poderia ter sido conseguido em melhor consonância com os tempos de pandemia – foi do sofá que Jurgen Klopp e os seus rapazes viram o Chelsea derrotar o Manchester City e determinar o desfecho da época. Mas pode um campeonato de futebol terminar sem ajuntamentos? A festa dos adeptos foi socialmente pouco distante. Poder ver AQUI.

Uma nova fase no processo de Isabel dos Santos?

A emissão de um mandado de captura para Isabel dos Santos é mesmo uma possibilidade. Algumas das suas contas e bens já foram arrestados, a empresária já fez saber que pode recorrer ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, mas ontem Hélder Pitta Grós, PGR angolano, confirmou que, em conjunto com as autoridades portuguesas, pode mesmo dar ordem de captura à empresária. Nunca é demais lembrar quem deu a ordem de partida ao processo: foi em janeiro que o Consórcio Internacional de Jornalismo divulgou os Luanda Leaks.

Outros títulos

Pandemia calou vítimas de violência doméstica – Jornal de Notícias.

Aeroporto de Lisboa. Mais denúncias, menos polícias e esquadras degradadas – Diário de Notícias

Inflação de notas baixas na maioria dos colégios privados sob vigilância - Público

É ilegal. Faria Costa supreendido com pedido de suspensão de funções de Mexia - Jornal I

Governo espera retoma rápida mas crise deverá ser estrutural - Jornal de Negócios

Frases

"De todas as declarações que foram feitas, a mais incompreensível é a do Presidente da República",

Nuno Morais Sarmento, sobre as declarações de Marcelo Rebelo de Sousa relativas à passagem de Mário Centeno do Ministério das Finanças para o Banco de Portugal

Robert Donaldson, professor de Ciência Política da Universidade de Tulsa, ao Expresso

O que ando a ler

A genialidade e o humor da escrita podiam fazer de "Discursos", de Mark Twain, um antidepressivo merecedor de comparticipação estatal. Por sua vez, a humildade com que até de si troça podia ser recomendação para aspirantes a génios, mas, entre piadas, há mais nos discursos do autor que Ricardo Araújo editou na sua coleção de literatura de humor na Tinta da China. Foi por lá que li que "a grandeza de uma nação advém do seu sistema de ensino público" e que registei o alerta de um "velho lavrador" citado por Twain, num discurso em Nova Iorque em 1900 sobre ensino, a lembrar que "cada vez que fechavam uma escola tinham de abrir uma prisão". Mau negócio, portanto. Também por lá, li "Sermão a um Leigo", que volta a provar que há mesmo temas desesperantemente recorrentes nas sociedades ocidentais. Não se discute por estes dias o direito às manifestações? "É a cidadania que faz uma República; as monarquias passam bem sem ela. O que mantém uma República de pé é o exercício responsável da cidadania", disse no Majestic Theater, em Nova Iorque, há 114 anos.

O que ando a ouvir

Ainda não tínhamos recebido a ordem para desconfinar quando os encomendei. Agora, quando já discutimos a possibilidade de ter de voltar a recolher, chegaram-me "Inter-fusion", de Shuggie Otis, e "Estudando o Samba", de Tom Zé. De um lado, Shuggie Otis, veterano guitarrista e compositor que em 2018 interrompeu uma pausa de 44 anos na carreira com "Inter-Fusion", um disco que a ser engavetado num género teria de o ser entre o rock-fusão e os blues. Do outro, "Estudando o Samba", disco de 1976, uma arriscada reinterpretação do tradicional samba, à época mal recebido pela crítica, hoje visto como um dos melhores discos do genial Tom Zé. Suspeito que ficarei uns bons dias por estes discos.

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