No
Portugal do-mal-o-menos, o vírus covid-19 escolheu pairar com ameaça de segunda
vaga pela paisagem de Lisboa. A abordagem de Filipe Garcia, no Curto do
Expresso, está a seguir. O artífice espraia-se por muito mais num Curto que
apetece ler e ficar a saber.
Temos
“desporto” para variar, porque vale assemelhar a uma transferência desportiva a
mudança do Ronaldo das Finanças (Centeno) para governador do Banco de Portugal.
Nem é novidade e além disso muito mais bem pago, com muito mais mordomias.
Talvez seja a compensação devida a Mário Centeno pelos tantos golos que ele
conseguiu para a equipa das cinco quinas. Talvez seja desta que aconteça mais e
melhor rigor e muito menos conluio entre o governador do BP, os banqueiros e
seus associados. Até ver e sentir fiquemos à espera de avançar mais, com
elogios ou críticas. Esperemos sentados e sempre com a nuvem negra sobre nós,
portugueses, aquela nuvem que nos assinala que afinal “eles” são todos iguais e
que quem se lixa é sempre o mexilhão, a plebe, o povinho que paga e não bufa.
Remate:
Força, força, camarada Mário, o povo está farto de ser o otário… (ou talvez não)
De
desporto propriamente escrito tem no Curto o chamado “afundanço do Benfica”.
Pois.
Impende
sobre Isabel dos Santos a possibilidade de um mandato de captura? Quem diria!
Parece que a galinha dos ovos de ouro lhe fugiu. Bem, mas tudo que se diz pode
ser simplesmente ficção… E além disso à a Rússia, que não tem acordos de
extradição para a devolver ao ocidente, nem a África… A Rússia ou outros países
em vários horizontes. A escapatória está sempre com a porta aberta, para as Isabei$
e os Manei$. Para a velhinha que tirou dois ovos, esparguete, pão e um
chocolate é que não há escapatória possível. É o costume para o “mexilhão”.
Justiça? Ora, ora.
Há
mais no Curto. Ler e ouvir por referência. Tuti-fruti q.b. Vá nessa. Passe um
bom dia, sem covid-19, de preferência.
Saúde,
sorte e dinheiro para gastos (pequenos)… Porque o dinheiro está caro. Ao
desbarato só o encontra entre os banqueiros, os vigaristas de colarinho branco,
os gestores de prémios milionários, os corruptores e os corruptos da alta
sociedade e finança… Enfim, toda essa chusma imensa de chulo$ parasitário$.
Curto
a seguir. Curta.
MM
| PG
Bom
dia, este é o seu Expresso Curto
Portugal
não é Lisboa. O melhor é a paisagem
Filipe
Garcia | Expresso
O
país continua em Alerta, Lisboa em Contingência, mas em 19 das suas freguesias
o estado ainda é de Calamidade. Lá de fora, o coro de elogios tornou-se num nem
sempre discreto sussurro, afinal o milagre português ainda está longe de poder
ser celebrado. “O Covid não desapareceu. Não vai desaparecer enquanto não
houver um remédio ou estarmos todos vacinados”, avisou o primeiro-ministro,
também num tom bem diferente do usado em tempos de confinamento. Agora os
elogios ao civismo dos portugueses ficaram para segundo plano, agora a mensagem
a passar é outra – ou a original. A ordem volta a ser para “ficar em casa
sempre que possível”, disse António Costa, negando no entanto que os dias sejam
de arranque da temida segunda vaga. Mas as regras vão mesmo mudar.
Entre
Lisboa, em particular nas 19 mais desafortunadas freguesias, o controlo será
mais apertado a partir do dia 1 de julho. Justiça cósmica, depois de ter
entrado em confinamento com números bem melhores que os registados a Norte?
Sinal da baixa densidade populacional do país que vive distante das suas duas
maiores cidades? Ou um bom indicador da falta de condições de habitação,
transportes públicos e condições de trabalho em que vive grande parte da
população de Lisboa?
Enquanto
dirigentes políticos procuram acertar discurso e passo, tanto o político como o
do desconfinamento, enquanto a ciência procura a cura, pelas ruas, empresas e
pelos sofás transformados em gabinetes todos procuram novas formas de
funcionar. Pequenos prazeres, escapes, que permitam controlar os estragos de
uma pandemia cujo fim ainda ninguém arriscar prever. No Expresso, contamos-lhe tudo. Porque em
Lisboa a situação é “manifestamente distinta” do resto do país. Só não se sabe
porquê, assim como todas
as diferentes regras que estarão em vigor no país. Também lhe contamos
a dimensão de As
mazelas da Covid - Há pessoas que mal conseguem falar, têm exaustão extrema, desequilíbrio
e apenas recordações vagas do que aconteceu”. Descanse que logo lhe
contaremos com que custos e como se ultrapassou a pandemia. Para já desfazemos
o velho ditado alfacinha. Se alguém ainda duvidava, Portugal não é mesmo Lisboa
e a verdade é que, como nunca, quanto mais rodeado pela paisagem melhor.
A
transferência de Ronaldo
Bastaram
cinco anos para Mário Centeno passar de ministro de quem a oposição se ria a
regulador da banca nacional. António
Costa e João Leão, seu sucessor na pasta das Finanças, formalizaram ontem junto
do Presidente da Assembleia da República o nome de Centeno como próximo
governador do Banco de Portugal. Quase em simultâneo, pela Europa,
apresentavam-se Uma
espanhola, um irlandês e um luxemburguês na corrida à cadeira deixada por
Centeno como candidatos à presidência do Eurogrupo. E se o Ronaldo das
Finanças está habituado aos holofotes, ontem também houve quem estranhasse
estar mal informado. “Agradeço
à comunicação social por o ter transmitido, mas não vou comentar”, e mais
não disse Marcelo Rebelo de Sousa. Terá sido suficiente para ter sido ouvido em São Bento ?
O afundanço do Benfica?
Sobre
o Benfica não têm faltado notícias, mas nenhuma sobre o lado bom do Futebol. Em
campo a sequência
de resultados está entre as piores de sempre, o treinador campeão perto da
saída e os adeptos cada vez mais descontentes. Na Luz, por estes dias,
não é difícil adivinhar que não faltará quem esteja grato pelas bancadas
vazias, mas assim livres dos tão expectáveis como desagradáveis lenços brancos
e assobios. Ontem, com a “Operação Sem Rosto”, entrou em campo a PSP, e a
bola acabou novamente posta de lado. O resultado voltou a não ser favorável ao
Benfica: na
posse de armas, pirotecnia e adereços da claque, bilhetes para jogos da
primeira liga e uma lista com nomes e moradas de jornalistas e comentadores
desportivos, acabaram detidos sete membros dos No Name Boys.
Vermelho, mas em bem melhor forma. O Liverpool voltou ontem a sagrar-se campeão inglês. Um título histórico, não só porque quebrou um jejum de trinta anos, mas também porque dificilmente poderia ter sido conseguido em melhor consonância com os tempos de pandemia – foi do sofá que Jurgen Klopp e os seus rapazes viram o Chelsea derrotar o Manchester City e determinar o desfecho da época. Mas pode um campeonato de futebol terminar sem ajuntamentos? A festa dos adeptos foi socialmente pouco distante. Poder ver AQUI.
Uma nova fase no processo de Isabel dos Santos?
A
emissão de um mandado
de captura para Isabel dos Santos é mesmo uma possibilidade. Algumas
das suas contas e bens já foram arrestados, a empresária já fez saber que pode
recorrer ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, mas ontem Hélder Pitta
Grós, PGR angolano, confirmou que, em conjunto com as autoridades portuguesas,
pode mesmo dar ordem de captura à empresária. Nunca é demais lembrar quem deu a
ordem de partida ao processo: foi em janeiro que o Consórcio Internacional de
Jornalismo divulgou os Luanda Leaks.
Outros títulos
Pandemia
calou vítimas de violência doméstica – Jornal
de Notícias.
Aeroporto
de Lisboa. Mais denúncias, menos polícias e esquadras degradadas – Diário de Notícias
Inflação
de notas baixas na maioria dos colégios privados sob vigilância - Público
É
ilegal. Faria Costa supreendido com pedido de suspensão de funções de Mexia - Jornal I
Governo
espera retoma rápida mas crise deverá ser estrutural - Jornal de Negócios
Frases
"De
todas as declarações que foram feitas, a mais incompreensível é a do Presidente
da República",
Nuno
Morais Sarmento, sobre as declarações de Marcelo Rebelo de Sousa relativas
à passagem de Mário Centeno do Ministério das Finanças para o Banco de Portugal
Robert
Donaldson, professor de Ciência Política da Universidade de Tulsa, ao Expresso
O que ando a ler
A
genialidade e o humor da escrita podiam fazer de "Discursos", de Mark
Twain, um antidepressivo merecedor de comparticipação estatal. Por sua vez, a
humildade com que até de si troça podia ser recomendação para aspirantes a
génios, mas, entre piadas, há mais nos discursos do autor que Ricardo Araújo
editou na sua coleção de literatura de humor na Tinta da China. Foi por lá que
li que "a grandeza de uma nação advém do seu sistema de ensino público"
e que registei o alerta de um "velho lavrador" citado por Twain, num
discurso em Nova Iorque
em 1900 sobre ensino, a lembrar que "cada vez que fechavam uma escola
tinham de abrir uma prisão". Mau negócio, portanto. Também por lá, li
"Sermão a um Leigo", que volta a provar que há mesmo temas
desesperantemente recorrentes nas sociedades ocidentais. Não se discute por
estes dias o direito às manifestações? "É a cidadania que faz uma
República; as monarquias passam bem sem ela. O que mantém uma República de pé é
o exercício responsável da cidadania", disse no Majestic Theater, em Nova Iorque , há 114
anos.
O
que ando a ouvir
Ainda
não tínhamos recebido a ordem para desconfinar quando os encomendei. Agora,
quando já discutimos a possibilidade de ter de voltar a recolher, chegaram-me
"Inter-fusion", de Shuggie Otis, e "Estudando o Samba", de
Tom Zé. De um lado, Shuggie Otis, veterano guitarrista e compositor que em 2018
interrompeu uma pausa de 44 anos na carreira com "Inter-Fusion", um
disco que a ser engavetado num género teria de o ser entre o rock-fusão e os
blues. Do outro, "Estudando o Samba", disco de 1976, uma arriscada
reinterpretação do tradicional samba, à época mal recebido pela crítica, hoje
visto como um dos melhores discos do genial Tom Zé. Suspeito que ficarei uns
bons dias por estes discos.
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