Curto com referências e tendências
pró-neoliberal-socialista (socialismo do PS, social-democracia do PSD,
conservadorismo do CDS e umas pitadas do fascista Chega). Quem assina o Curto
de hoje é o senhor diretor, João
Vieira Pereira de seu nome. Leia a boa peça, nem que seja em diagonal.
Alguém caiu de paraquedas e
traçou um plano de recuperação da economia e políticas neoliberais bem à direita radical para a fase covid-19. O sinal, a certeza, é a de que os
portugueses, maioritariamente, vão passar as passas do Algarve (já está a acontecer). Mais do mesmo. Os fortes vão
sair fortalecidos e os fracos vão ter de suportar uma gigantesca anemia. O pai
do plano chama-se António Costa Silva, mais um Ronaldo da economia na baila, que
sem ser ministro nem cousa que o valha, foi convidado para apertar o cinto das
liberdades, direitos e garantias dos trabalhadores portugueses e distribuir a
riqueza pelos do costume. Nanja pelos que realmente produzem. Salvo erro mais
um gestor/economista, este sujeito Costa Silva. Deles estamos fartos. Peritos da austeridade,
que são a maior parte dos profissionais daquela especialidade. A viverem
paredes meias na promiscuidade com os mais poderosos e ricos para também eles
se abastecerem de poderes (nem que sejam ocultos) e de riqueza. Além de
beneficiarem dos elogios e fabricação de imagem positiva pela media tradicional
e oficial, servil do neoliberalismo que desde há longos décadas nos assola e atira para a
pobreza, para os ordenados miseráveis, para as pensões/reformas ainda mais miseráveis, etc.
"Com papas e bolos se enganam os tolos". Sabemos, mas há milhões de cidadãos que se deixam embalar no engano. Esquecem-se de um adágio tão real e evidente.
É certo e sabido que os gestores
que conseguem tais objetivos passam a Ronaldos e a “corajosos” da economia e
finanças… A repressão económica, selvagem, imoral, desumana e intolerável é a
sua pedra de toque para a ascendência de estatuto perante o neoliberalismo
vigente com que imensos órgãos de comunicação social nos intoxicam e nos
pretendem ludibriar.
Claro que estas conclusões e análise
serão consideradas extremistas para os que insistem em levar avante a atual
democracia de mentira com vastos recheios de falsidade. Acautelando a manutenção
da exploração dos que realmente produzem riqueza com o seu sangue e suor,
muitas vezes com a sua própria vida.
Antes foi Centeno – que colhe a
sua recompensa no Banco de Portugal (e em que mais?) e agora eis que do céu cai
um Costa Silva cujas políticas nada têm que ver com o socialismo de facto por
que o partido no governo, dito socialista, se devia reger…
Complicado, todas estas manobras
do mais do mesmo. Mantém-se verdade a frase batida de que quem se lixa é o
mexilhão. Esmagá-lo é objetivo. Mas não demais, porque os escravos da modernidade
são necessários aos esclavagistas, aos grandes empresários, às multinacionais,
aos que roubam aos povos o couro e o cabelo, além de uma vida condigna.
Bom dia. Salvé slave! (do latim)
MM | PG
Leiam os lábios dele
João Vieira Pereira | Expresso
Há várias maneiras de ler o plano
de António Costa Silva. A normal, ou melhor, aquela a que normalmente
estamos habituados, que passa por criticar este ou aquele aspeto do documento
porque sabemos à partida que existe uma probabilidade elevada de ele não
sair do papel.
Ou a positiva, como um documento que não pretende ser a salvação de todos os problemas mas apenas um mapa indicativo por onde devemos ir. Optemos então pela positiva porque não estamos em tempos de pactuar com jogos políticos.
A ameaça não podia ser mais clara: a crise é “inédita”, “muito violenta” e as empresas podem cair em “cascata”. As palavras são do próprio Costa Silva. E deviam ter sido precedidas por um ‘read my lips’. Este plano, sem um consenso político alargado que permita a sua execução sem restrições, vale menos que zero. Até porque a sua existência pode ser apenas a desculpa perfeita para voltarmos a fazer nada.
Este aviso foi já dado na apresentação do plano que ficará agora em consulta pública durante um mês. Apresentação a que o PCP resolveu faltar. Facto relevante mas não determinante, até porque dificilmente veremos a extrema esquerda a aderir às ideias de Costa Silva. Um plano que começa por dizer que ambiciona colocar as empresas no centro da recuperação da economia para que sejam o motor real do crescimento só poder ser aprovado ao centro.
Mas há um alerta mais importante deixado por Costa Silva. A de que este plano não é um boia de salvação, apenas um farol. O tsunami provocado pelo terramoto da crise pandémica ainda está para chegar. A queda do PIB pode afinal chegar aos 12%, (lembra-se como Centeno ministro dizia que nunca chegaria perto dos dois dígitos?), a queda do consumo aos 11%, do investimento aos 26% e o desemprego aos 11,5%. Indicadores que só têm tendência para piorar.
Entre a versão provisória de 5 de julho e a versão apresentada esta semana há dezenas de novas medidas. Novidades que pode ler aqui, entre as quais se destaca um novo programa de criação de emprego, até porque o desemprego “ameaça prolongar-se por vários anos”.
Há novas regras para as empresas acederem a incentivos públicos em que, para além de indicadores financeiros, há uma preocupação com a criação de emprego, com a dimensão do impacto na economia, com a redução do conteúdo importado ou mesmo com substituição de importações. As novidades sucedem-se, desde o financiamento da Segurança Social, a alterações de vulto na gestão e organização dos processos judiciais, passando por promessas de divulgação pública do tempo médio de resolução dos processos por cada tribunal.
Europa Depois de quatro dias e quatro noites de cimeira, a Europa ainda está a tentar perceber o que saiu daquela maratona. Para já, todos reclamam vitória, algo já banal na política europeia. Duvide sempre desta unanimidade. O melhor é tirar as suas conclusões depois de ler este guia imprescindível para perceber a cimeira histórica. Já agora, espreite aqui a descrição deliciosa feita pela Bloomberg das negociações e a crítica menos abonatória à pessoa de António Costa (desnecessária naquele contexto).
Por cá, a esquerda, diz que o acordo é “frustrante” e traz “nuvens negras” para o futuro. Já a direita, diz que é potencialmente bom. Ambos concordam que falta ao Governo provar que sabe o que fazer com tanto dinheiro. Prefiro olhar para os aspetos positivos da resultado final, como estes realçados por Rui Tavares.
Ou a positiva, como um documento que não pretende ser a salvação de todos os problemas mas apenas um mapa indicativo por onde devemos ir. Optemos então pela positiva porque não estamos em tempos de pactuar com jogos políticos.
A ameaça não podia ser mais clara: a crise é “inédita”, “muito violenta” e as empresas podem cair em “cascata”. As palavras são do próprio Costa Silva. E deviam ter sido precedidas por um ‘read my lips’. Este plano, sem um consenso político alargado que permita a sua execução sem restrições, vale menos que zero. Até porque a sua existência pode ser apenas a desculpa perfeita para voltarmos a fazer nada.
Este aviso foi já dado na apresentação do plano que ficará agora em consulta pública durante um mês. Apresentação a que o PCP resolveu faltar. Facto relevante mas não determinante, até porque dificilmente veremos a extrema esquerda a aderir às ideias de Costa Silva. Um plano que começa por dizer que ambiciona colocar as empresas no centro da recuperação da economia para que sejam o motor real do crescimento só poder ser aprovado ao centro.
Mas há um alerta mais importante deixado por Costa Silva. A de que este plano não é um boia de salvação, apenas um farol. O tsunami provocado pelo terramoto da crise pandémica ainda está para chegar. A queda do PIB pode afinal chegar aos 12%, (lembra-se como Centeno ministro dizia que nunca chegaria perto dos dois dígitos?), a queda do consumo aos 11%, do investimento aos 26% e o desemprego aos 11,5%. Indicadores que só têm tendência para piorar.
Entre a versão provisória de 5 de julho e a versão apresentada esta semana há dezenas de novas medidas. Novidades que pode ler aqui, entre as quais se destaca um novo programa de criação de emprego, até porque o desemprego “ameaça prolongar-se por vários anos”.
Há novas regras para as empresas acederem a incentivos públicos em que, para além de indicadores financeiros, há uma preocupação com a criação de emprego, com a dimensão do impacto na economia, com a redução do conteúdo importado ou mesmo com substituição de importações. As novidades sucedem-se, desde o financiamento da Segurança Social, a alterações de vulto na gestão e organização dos processos judiciais, passando por promessas de divulgação pública do tempo médio de resolução dos processos por cada tribunal.
Europa Depois de quatro dias e quatro noites de cimeira, a Europa ainda está a tentar perceber o que saiu daquela maratona. Para já, todos reclamam vitória, algo já banal na política europeia. Duvide sempre desta unanimidade. O melhor é tirar as suas conclusões depois de ler este guia imprescindível para perceber a cimeira histórica. Já agora, espreite aqui a descrição deliciosa feita pela Bloomberg das negociações e a crítica menos abonatória à pessoa de António Costa (desnecessária naquele contexto).
Por cá, a esquerda, diz que o acordo é “frustrante” e traz “nuvens negras” para o futuro. Já a direita, diz que é potencialmente bom. Ambos concordam que falta ao Governo provar que sabe o que fazer com tanto dinheiro. Prefiro olhar para os aspetos positivos da resultado final, como estes realçados por Rui Tavares.
OUTRAS NOTÍCIAS
Revolução parlamentar Afinal em setembro muda o quê? Já sabíamos que Rui Rio achava que António Costa devia era trabalhar em vez de prestar contas quinzenais ao Parlamento. Mas à exceção desta, as novas regras da Assembleia da República, que entram em vigor a partir de setembro, baseiam-se nas propostas dos socialistas.
Máscaras para todos O Ministério da Educação vai garantir a distribuição gratuita de máscaras no regresso às aulas em setembro. A garantia é de Tiago Brandão Rodrigues.
Albarda-se o burro à vontade do freguês “Como não há alteração das posições dos municípios, resta-nos um único caminho, que é alteração da lei.” As palavras são de Pedro Nuno Santos ao confirmar que o Seixal e a Moita mantêm a oposição à construção de um aeroporto no Montijo. A possibilidade de alterar a lei para contornar o chumbo dos municípios volta a estar em cima da mesa.
Um Farol para migrantes Uma embarcação com 21 migrantes foi intercetada na praia da Ilha do Farol, em Faro.
Balanço covid-19 O último boletim da DGS volta a registar um número mais baixo de infetados (127) no país. Seis pessoas morreram e 222 foram dadas como curadas. Há agora registo em Portugal de 48.898 pessoas infetadas, 33.769 recuperadas e 1697 mortos por covid-19. Há quase dois meses que não havia dois dias consecutivos com menos de 200 casos. Somos agora o 10º país em número de novos casos por habitante na UE.
Números falsos A autoridade norte americana que controla os dados da pandemia divulgou que o número de infetados em algumas regiões dos EUA é afinal entre duas a 13 vezes maior que o até agora reportado.
QAnon O Twitter anunciou que fechou milhares de contas que promoviam teorias da conspiração conhecidas como QAnon, movimento associado à extrema direita americana. O Facebook estará a preparar o mesmo, numa tentativa de travar este tipo de mensagens.
A máscara de Trump No regresso dos briefings da Casa Branca, desta vez sem qualquer especialista em saúde pública presente, Donald Trump mostrou-se preocupado com o crescimento do número de infetados no sul dos EUA e, quem diria, aconselhou o uso generalizado de máscara. Ainda no domingo passado tinha voltado a alertar para os perigos de usar máscara. O presidente dos EUA disse que provavelmente a situação irá piorar, isto num dia em que o número de mortos diários por covid-19 voltou a ultrapassar os 1000.
Caso de estudo? Nem por isso A Suécia continua a destacar-se pelas más razões. Aquele que era considerado um caso de estudo e um exemplo na abordagem à pandemia está agora sob os holofotes das críticas. A estratégia assente na responsabilidade individual e sem confinamento parece não ter sido a mais correta e o país compara mal com os seus vizinhos nórdicos e não só. Para já, o suposto ganho em imunidade de grupo não se verificou.
Hackers chineses O Departamento de Justiça norte americano acusou dois piratas informáticos de atacarem empresas que estão a desenvolver vacinas contra a covid-19. Os EUA acreditam que estes indivíduos estavam a trabalhar para os serviços de inteligência da China.
Kremlin
Crimes de ódio Os restos mortais de 800 civis e milicianos do movimento fascista croata Ustase, assassinados pelos partidários comunistas durante a Segunda Guerra Mundial, foram exumados de um poço perto da fronteira entre a Croácia e a Eslovénia.
BHL em direto O filósofo francês Bernard-Henry Lévy esteve na redação do Expresso para falar do seu mais recente livro — “Este Vírus Que Nos Enlouquece”. Um ensaio sobre estes tempos estranhos em que vivemos e uma crítica exasperada à maneira como enfrentamos a pandemia. Não perca a entrevista completa no Expresso do próximo sábado.
Passatempo Já sabe, todos os dias encontra um desafio novo nas palavras cruzadas do Expresso em formato digital, que pode fazer aqui.
O QUE EU ANDO A LER
Já não é a primeira vez que me dizem que esta parte do Expresso Curto é mais uma lista de desejos, a projeção do que gostávamos de já ter colocado na memória, um rabisco verde em forma de “v” alongado à frente do título. Feito, acabado, lido.
Para quem os dias são passados à frente de écrans de diferentes dimensões, a saltar de um texto para outro, terminar um livro é quase uma epopeia.
Depois de colocar o 'v' verde nas 142 páginas da “Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-
Deixo uma última recomendação de leitura que encontrei esta madrugada. A história dos Tigres Voadores e de como mercenários americanos se tornaram, há 80 anos, heróis da China.
Este Expresso Curto fica por aqui. Tenha uma ótima quarta feira ou umas boas férias, se for caso disso. Já sabe que pode continuar a acompanhar o melhor jornalismo feito em Portugal no site do Expresso.
Sugira o Expresso Curto a
um/a amigo/a
Sem comentários:
Enviar um comentário