Martinho Júnior, Luanda
A
IIIª Guerra Mundial a todo o transe procura fazer subsistir a barbárie
colonial!... Instrumentalizar
mentalmente essa barbárie é um sustentáculo da afirmação da essência do império
da hegemonia unipolar!
Por
essa razão os parâmetros de guerra psicológica “soft power”, de “baixa
intensidade” e com fluxos “transversais” que têm tudo a ver com
os processos capitalistas de estratificação social, são mantidos numa tónica
neoliberal constante, sempre sobre a mesa mental dos povos e promovendo a
obediente reinterpretação da história segundo os cânones e os padrões do
domínio, desde o dia 9 de Maio de 1945, precisamente desde a mesma data em que
terminou a IIª Guerra Mundial e se iniciou a instalação do ECHELON!
A
aristocracia financeira mundial nessa vocação, providenciou reaproveitamentos
por que precisava de multiplicar as “correias de transmissão” avassaladas
que garantem a contínua expansão capitalista global e por isso agenciou classes
sociais (como por exemplo as oligarquias nacional-colonialistas da América) e
apropriadas instituições inerentes ao “estado profundo” como o
Pentágono, a CIA, a NATO, o ECHELON, o UKUSA, entre outros similares, assim
como a panóplia de suas tentaculares conexões na base sociocultural típica das
correntes anglo-saxónicas, em função do propositadamente desaparecido império
colonial britânico! (https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Seguran%C3%A7a_UK-USA).
O
Google, o Facebook e outros que foram surgindo após a instalação do ECHELON,
exploram essas raízes na superestrutura comunicacional e os poderes de
infraestrutura têm sido ampliados desde logo via Pentágono, em todos os continentes,
graças às novas tecnologias à mão dos expedientes dominantes e a ele filiados!…
Aproveitando
a pandemia em curso, o Facebook assalta agora África com o manancial dos seus
estímulos condicionados de natureza emocional, em reforço naturalmente do papel
do AFRICOM!... (https://www.voltairenet.org/article210246.html).
Em
África, o AFRICOM tem preenchido uma rede de discretas iniciativas
comunicacionais para além da tradicionalmente presente USAID, de forma a
estabelecer pontes que são autênticas amarras na direcção de todos os estados
do continente!
No
outro lado do Atlântico, entre essas tentaculares conexões, ainda a título de
exemplo, existe um “serviço” que “penetra”, com todo o impacto
de consequências, na Presidência do Brasil (um ds els mais fágeis que, a par da
África do Sul compõem os BRICS), por via da Agência Brasileira de Inteligência,
ABIN: o Sistema de Vigilância da Amazónia, SIVAM, o que prova que os exercícios
de Lula e Dilma, ao manterem “a raposa no galinheiro”, acabaram também por
ser cúmplices do seu próprio derrube, como da “apropriada” instalação
do Bolsonaro fascista-colonial no poder!... (https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_de_Vigil%C3%A2ncia_da_Amaz%C3%B4nia).
A
coisa foi de tal ordem, que a Raytheon, a empresa estado-unidense que forneceu
todos s equipamentos (“TECHINT”) para o SIVAM, tem simultaneamente a ver, a
partir do nó de Miami, com alguns dos financiamentos, vínculos, acções e obras
da Odebrecht! (https://www.odebrecht.com/pt-br/comunicacao/releases/odebrecht-consolida-sua-atuacao-nos-estados-unidos; https://www.odebrecht.com/en/businesses).
O
carácter endémico da própria Organização das Nações Unidas, sucessora da
Sociedade das Nações (https://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedade_das_Na%C3%A7%C3%B5es),
tem sido mantido praticamente imutável, apesar das muitas vozes que se têm
levantado na tentativa, até agora vã, de alterar a sua estrutura em proveito de
toda a humanidade, ao invés de ficar presa ao labirinto próprio da barbárie do
império da hegemonia unipolar!...
As
alienações de toda a ordem (desde logo com impactos antropológico-culturais),
as premeditadas ilusões (entre elas a visão dos Estados Unidos como se duma
exclusivista “terra-prometida” se tratasse), a mentira (quantas vezes
tocando as raias da vulgaridade para que mentalmente os cérebros permaneçam em
estado de prostração-formatação-hibernação), o consumismo (que prende os
recursos-migalhas da multidão aos pressupostos industriais e das novas
tecnologias geradas pelo sistema de poder dominante do império), são recursos
inestimáveis para o modelo da globalização imperial!
Em
pleno século XXI, nada melhor que Franz Fanon para que alguma vez, ou duma vez
por todas, haja civilização com descolonização mental enquanto prova de vida e
de amor pela humanidade!
Outros
se lhe podem seguir, a partir do seu exemplo mental!…
01-
Franz Fanon visto com os olhos da civilização em pleno século XXI, é uma
perspectiva mental extremamente sensível, a de novo contextualizar num tempo de
globalização protagonizada pelos fluxos dominantes do âmbito do império da
hegemonia unipolar! (https://www.youtube.com/watch?v=h1tP_CTywPM).
As
suas intervenções em meados do século passado, foram feitas em função de
constatações que abriram as portas ao campo científico na imensa área
psico-social-cultural, sobre o que se passava (e passa) na cabeça e na
formulação antropológica e social dos oprimidos de África, quando todo o
processo de antropologia cultural era usado pelos opressores coloniais para
ainda fazer valer o jugo! (https://frenteantiimperialista.org/blog/2018/07/08/la-guerra-psicologica-del-imperio-de-la-hegemonia-unipolar-en-africa/).
Em
época de opressão e repressão colonial, mas num momento em que se iniciava a
luta armada de libertação nacional em África na saga de Argel ao Cabo da Boa
Esperança, Franz Fanon foi preciso e precioso para o momento de relativa viragem!
O
império da hegemonia unipolar aprendeu rapidamente a lição de Frantz Fanon (não
é por acaso que projectou a descolonização, aproveitando-se do fim
político-administrativo do império britânico) e, com a revolução das novas
tecnologias, passou a “bombardear” África com as mensagens “soft
pwer” de seu interesse e conveniência, a tal ponto que as mensagens
com selo “de referência” sobre os africanos, são numa
quantidade infinitamente maior do que as mensagens dos africanos sobre si
próprios, com a agravante de poder formatar com um conjunto cada vez mais
alargado de ferramentas, as cabeças dos alvos africanos! (https://frenteantiimperialista.org/blog/2019/10/20/reinterpretar-el-movimiento-de-liberacion-en-africa-i/).
Essas
intervenções de Franz Fanon (“Peles negras, máscaras brancas” e “Os
condenados da Terra”), são todavia um valioso antecedente para as constatações
de Naomi Klein nas suas “No Logo”, “Doutrina de choque”, ou “Dizer
não, não basta”, dissecando os comportamentos actuais ao sabor do império do
capitalismo neoliberal globalizante, em especial o que caracteriza as suas
acções fomentadoras de caos, de terrorismo, de deliberada desagregação e de
colonização mental! (http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/591022-por-que-ler-fanon-hoje-artigo-de-immanuel-wallerstein; https://muhimu.es/economia/naomi-klein-capitalismo/; https://www.instagram.com/p/BrfCJvrB1bH/?utm_source=ig_embed).
São
também um antecedente temporalmente próximo, mas ideologicamente afastado, ao
génio pacifista e por isso confinado de Martin Luther King Jr. enquanto
afrodescendente, bem por dentro da barbárie dos contextos humanos do império da
hegemonia unipolar!... (https://g1.globo.com/mundo/noticia/martin-luther-king-jr-veja-grandes-falas-do-lider-da-luta-contra-o-racismo-assassinado-ha-50-anos.ghtml).
Franz
Fanon interessa-nos também por que antecipa as visões sobre os fenómenos “transversais” em
curso em direcção aos alvos ultraperiféricos a subjugar (entre eles situa-se
Angola)! (https://paginaglobal.blogspot.com/2018/12/memoria-dum-expansionismo-embarcado-no.html).
Nesse
sentido importa salientar, de acordo com os últimos acontecimentos nos Estados
Unidos e de contradição em contradição nunca resolvida: quem “transversalmente” persistir,
no topo da pirâmide humana (1% da humanidade), em semear ventos de caos, de
terrorismo, de desagregação e de desastre, apesar de tudo corre o risco
de “transversalmente” colher tempestades de caos, de terrorismo, de
desagregação e de desastre! (http://www.patrialatina.com.br/em-plena-pandemia-o-povo-dos-eua-se-rebela-contra-a-desigualdade-social-a-barbarie-capitalista-e-a-opressao-racista/).
Conforme
Frantz Fanon:
“O
indígena é um ser aprisionado, o apartheid é apenas uma modalidade da
compartimentação do mundo colonial. A primeira coisa que o indígena aprende é a
manter-se em seu lugar, a não ultrapassar os limites.
É
por isso que seus sonhos são musculares, de ação, agressivos – Sonho que salto,
nado, corro, escalo.
Sonho
que estou gargalhando, que atravesso o rio com um pulo, que sou perseguido por
carros que nunca me alcançam.
Durante
a colonização, o colonizado não pára de se libertar entre as nove horas da
noite e as seis da manhã”… (https://diplomatique.org.br/frantz-fanon-uma-voz-dos-oprimidos/).
“Abandonemos
essa Europa que não para de falar no homem, ao mesmo tempo que o massacra onde
quer que o encontre, em todos os cantos de suas ruas limpas, em todos os cantos
do mundo”… (https://operamundi.uol.com.br/super-revolucionarios/60099/franz-fanon-ator-e-pensador-da-luta-anticolonial).
Com
isso Franz Fannon descobre, desde seu contexto de observação, também
a premente necessidade de descolonização mental a partir dos contraditórios
socioculturais da complexa sociedade estado-unidense!
Com
isso fica também a descoberto a “descolonização exemplar”, institucional e
mental, preconizada pelos portugueses filtrados pelas correntes oportunistas
ligadas a Frank Charles Carlucci, Henry Kissinger e a Everett Ellis Briggs, ou
seja, um processo transitório, de geometria variável, apostado na transferência
do domínio colonial, para o domínio neocolonial estado-unidense, tendo os
governos do “arco de governação” como servis vassalos e “correias
de transmissão”, reconvertendo a aspiração spinolista de “Portugal e o
futuro”!... (https://for-umm.pt/threads/aterrador-sobre-m%C3%81rio-soares-%E2%80%8F.14552/; http://revolucaoedemocracia.blogspot.com/2013/05/o-financiamento-da-cia-ao-ps-documento.html).
02-
A maturação, em termos de consciência, por parte de Naomi Klein, aplica-se à
crítica na profundidade aos termos do capitalismo neoliberal (https://muhimu.es/economia/naomi-klein-capitalismo/)
que levou ao “Project of a New American Century” (PNAC), assente
sobre a Doutrina de Rumsfeld e do Almirante Arthur K. Cebrowski, conforme
explica por seu turno Thierry Meyssan!... (https://vermelho.org.br/2017/08/25/o-projeto-militar-dos-estados-unidos-pelo-mundo/; https://www.voltairenet.org/article209821.html).
A “doutrina
do choque” começou a ter rédea solta na década de 70, com o derrube do
governo eleito de Salvador Allende e, desde então multiplicaram-se as
iniciativas aninhadas ao império da hegemonia unipolar, por que à aristocracia
financeira mundial, tutora dos dominantes “media de referência”, fabricar
motivos para mais uma tensão, conflito ou guerra, para além das “motivações” decorrentes
das catástrofes naturais, passou a ser o dia-a-dia mais lucrativo dos
expedientes de natureza neoliberal, até por que os recursos da Terra estão em
exaustão!
Caos,
terrorismo, desagregação, desastre e colonialismo mental caíram sobre os países
alvo, particularmente aqueles ricos em produtos energéticos da periferia, ou da
ultraperiferia económica e financeira, sendo o caso da Venezuela, segundo essa
lógica, o mais brutalmente apetitoso! (https://www.fort-russ.com/2020/06/mexico-defies-us-sanctions-offers-to-sell-gasoline-to-venezuela/).
A
4 de Setembro de 2008, por ocasião do lançamento do livro sobre o “capitalismo
de choque” de Naomi Klein, o “Le Monde Diplomatique” sintetizava
assim:
“O
filósofo italiano Giorgio Agamben já demonstrou como a política trabalha
secretamente na produção de emergências.
Só
que faltava um ponto de vista jornalístico, apurado e certeiro, sobre a
natureza e as dimensões do fenômeno.
Essa
parece ser a proposta de Naomi Klein nesse livro. Logo no primeiro capítulo, ao
entrevistar Gail Kastner, remanescente das experiências da CIA com
eletrochoques nos anos 1950, Klein define a obra como um livro sobre o choque,
ou, se preferirmos, sobre como o capitalismo lucra com a dor dos outros diante
da desgraça.
O livro descreve inicialmente como os países ficam impactados por causa de guerras, ataques terroristas, golpes de Estado e desastres naturais, e, em seguida, são submetidos a novos choques políticos e econômicos, por meio de desregulamentações, privatizações e cortes dos programas sociais – doutrina neoliberal desenvolvida pelo economista Milton Friedman (1912-2006), professor da Escola de Economia de Chicago. E quem ousar resistir às medidas impostas corre o risco de ser torturado com novos choques (elétricos).
Como
disse Eduardo Galeano, muito citado no livro, Friedman ganhou o Nobel e o Chile
ganhou Pinochet”.
O complexo político-econômico gerado por esse estado de choque contínuo é o capitalismo de desastre, incapaz de distinguir entre destruição e criação, entre ferir e curar, conforme atestam os exemplos analisados no livro.
Parte-se
do mito do milagre chileno, a primeira aventura dos Garotos de Chicago nos anos
1970, passando pela terapia de choque em vários países da América Latina na
década de 1980
.
Seguem-se
crises na China, Polônia, África do Sul e Rússia; a pilhagem da Ásia nos anos
1990; a doutrina militar do choque e pavor no Iraque pós-11/9; o tsunami de
2004 no Oceano Índico e as privatizações que ocorreram no rastro do furacão
Katrina, em 2005.
A doutrina do choque é altamente recomendável a todos que esbravejam contra os desmandos do regime chinês, sem se darem conta de que a Cisco, a General Electric, a Honeywell e o Google, entre outras empresas, vêm trabalhando de mãos dadas com os governos locais para permitir o monitoramento remoto da internet e fornecer a infraestrutura para um dos maiores complexos policiais do planeta”. (https://diplomatique.org.br/review/a-doutrina-do-choque/).
03-
Desde o 31 de Maio de 1991, data em que foi assinado o Acordo de Bicesse, que a
vulnerável Angola, em África o maior produtor de petróleo ao sul do Equador,
sem remissão vem sendo triturada pelas engrenagens desse tipo de mecanismos:
chegaram ao ponto de, filtrando os contendores (entre 1992 e 2002), alinharem
uns ao petróleo, os outros aos diamantes e produzirem um choque em cadeia que
durou 10 anos de sangrenta guerra, para depois continuar, de terapia em
terapia, até ao caos da devassa, da corrupção e da continuidade da terapia, em
função do “excremento do diabo”! (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/02/18-anos-de-excremento-do-diabo.html).
O
choque em cadeia envolveu nessa altura, sobretudo as regiões da África Austral,
da África Central e dos Grandes Lagos, com Angola e a RDC na charneira, a
sofrerem os maiores impactos!... (https://frenteantiimperialista.org/blog/2019/01/07/africa-dilecto-alvo-neocolonial/).
Neste
momento, em relação à gestão do coronavírus nos Estados Unidos, Naomi Klein
considera que “a crise”, tendo um ente como Donald Trump à cabeça da
administração de turno, é mesmo “o desastre perfeito”!... (https://www.vice.com/en_us/article/5dmqyk/naomi-klein-interview-on-coronavirus-and-disaster-capitalism-shock-doctrine; https://tradutoresproletarios.wordpress.com/2020/04/18/o-desastre-perfeito-naomi-klein-e-o-coronavirus-como-doutrina-do-choque/; https://theintercept.com/2017/01/26/prepare-se-para-o-capitalismo-do-desastre-de-trump/).
A
comprovar estão muitas das medidas contra organizações internacionais como a
Organização Mundial da Saúde, ou o Tribunal Penal Internacional… O bárbaro “excepcionalismo” de
Trump tem um objectivo em final de estação: aproveitar o torpor interno e
global para pressionar indelevelmente no sentido do caos, do terrorismo, da
desagregação, do colonialismo mental e do desastre!... (https://www.theguardian.com/us-news/2018/sep/10/trump-attack-on-icc-is-the-unacceptable-face-of-us-exceptionalism).
O
choque e a terapia sob controlo já se instalaram no planeta e nada pode ser
mais bárbaro que o abismo que decorre sob nossos olhos e nos nossos dias! (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/01/angola-recessao-crise-e-imperio.html#more).
04-
A aristocracia financeira mundial e seus processos de domínio mantêm de facto a
colonização mental nos próprios Estados Unidos, conforme se pode atestar não só
em relação à trajectória de opressão desde os genocídios dos povos autóctones,
à conquista dos territórios do México (cujos povos eram de cultura latina e
autóctone), às questões que se prendem ao estatuto social e cultural dos
afrodescendentes, que originalmente haviam sido transportados à força como
escravos para o seu território, como aliás para todos os territórios das
Américas, do Caribe e, em muito menor número, da Europa! (https://frenteantiimperialista.org/blog/2019/03/11/estado-do-mundo/).
É
uma opressão condicionada nos constantes termos da repressão e por isso o
instrumental papel policial!
Para
o exterior, a subversão mental contemporânea dos Estados Unidos de natureza
colonial decorre não só com os expedientes de cariz capitalista neoliberal (com
sua panóplia de transnacionais vocacionadas para a moldagem das mentalidades
que se querem afins como é neste caso o “tão eficiente” Facebook),
mas também por via das doutrinas que reforçam as tensões conflituosas e as
contradições inerentes à gestação das “revoluções coloridas” e
das “primaveras árabes”! (https://frenteantiimperialista.org/blog/2019/06/23/la-dialectica-como-arma-geoestrategica-del-imperio-de-la-hegemonia-unipolar/).
Um
leque de “filósofos” e suas deliberadas filosofias “transversalmente” violentas
socorrem essa acção premeditada, desde Milton Friedman e seus “Chicago
boys” de ocasião, a Gene Sharp, a Leo Strauss, ao “filantropo” George
Soros, ou a Francis Fukuyama!...
A
nível interno, mesmo os afrodescendentes desconhecem Franz Fannon e, em relação
a Naomi Klein, estão a ser franjas de sociedade urbana afrodescendente e uma
parte da juventude mais cosmopolita que, veladamente filtradas pelos Democratas
interessados na terapia neoliberal absorvente, estão a dar “o corpo ao
manifesto” no sentimento de revolta contra o racismo que anima o actual
choque cultural, perseverante desde o passado das origens da expansão e “conquista
do oeste”!
Nesse
aspecto, parece estar a prevalecer neste ano eleitoral a tipologia dos papeis e
dos jogos que sustentam o corpo do poder dominante da aristocracia financeira
mundial: o choque está inerente à acção para os Republicanos esgrimirem e a
terapia à acção para os Democratas responderem e agilizarem, colocando no meio,
sob pressão, a religiosidade pacifista onde se refugiam entre bênçãos os
afrodescendentes, desde os tempos da escravatura!
A
figura de Martin Luther King Jr. é nesse aspecto proverbial, por que se torna
num obstáculo à descolonização mental dos próprios afrodescendentes, carentes
duma outra energia e motivação, livres de tais amarras ideológicas! (https://law.jrank.org/pages/8988/Pacifism-Martin-Luther-King-Jr-Civil-Rights-Movement.html).
Jamais
Martin Luther King Jr. se equiparou nos seus pronunciamentos em relação à
colonização mental interna nos Estados Unidos, aos pronunciamentos de Franz
Fannon em relação ao colonialismo e colonização mental em África! (https://legal-dictionary.thefreedictionary.com/Martin+Luther+King+Jr.+and+the+Civil+Rights+Movement).
Se
Martin Kuther King Jr. tivesse assumido esse arrojo, teria no seu argumento
colocado a visão dos afrodescendentes dos Estados Unidos num patamar evidente
de dependência de tal modo opressiva e repressiva que inviabilizaria a via
religiosa-pacifista dos “direitos cívicos”, um movimento que aliás também
socorreu o exercício cívico contra a guerra no Vietname e socorre hoje ao que
inibe ou enfraquece a intensidade da acção comum dos afrodescendentes nas
Américas!
Assim
ficou esbatida desde os tempos da escravatura e séculos adentro, a situação dos
afrodescendentes dos Estados Unidos, pois o Norte vencedor da Guerra Civil, era
o Norte dos capitalistas que eram já expoentes da revolução industrial, de onde
emergiu a actual aristocracia financeira mundial redundante da concentração do
capital na via das transnacionais, aproveitando os 12 velhos bancos de família
oriundos da Europa que haviam tomado de assalto a Reserva Federal!
Os
afrodescendentes, um grupo minoritário que merece das raízes socioculturais de
origem ameríndia ou latino-americana flutuante entendimento, têm assumido
tacitamente esse estado de minoria submersa, ou subjugada (apesar de algumas
figuras que se destacam na luta) e isso impede a mais rápida ruptura dos
estatutos previstos no quadro de sua geografia humana em relação aos outros
ambientes socioculturais, impedindo ao mesmo tempo a sua ligação a outros
afrodescendentes na América e Caribe, assim como inibindo qualquer tentativa de
busca de interligação com os povos de África, com seus estados e com suas
instituições! (https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/conheca-tres-livros-de-angela-davis-e-saiba-mais-sobre-os-panteras-negras/).
Os
periféricos minoritários afrodescendentes nos Estados Unidos, dificilmente se
conseguem aproximar, ou se associar (muito menos se unir) às ultraperiferias
caribenhas e africanas!
De
facto os problemas de descolonização mental inerentes à compressão sociocultural
dos afrodescendentes dos Estados Unidos, nunca foram completamente resolvidos
(graças aos seus próprios condicionalismos) desde os termos de sua dependência
original de colonialismo mental, desde a escravatura, por que a sua
continuidade tem sido garantida por via da religiosidade pacifista respeitadora
dos “direitos cívicos” que tacitamente abona o pendor da pressão e da
repressão sob jugo e domínio da aristocracia financeira mundial!
A
ausência da possibilidade de ruptura malgrado o vulcão da luta de classes,
mantém o largo cadinho dos parâmetros da mais ou menos velada opressão e
repressão, demonstrável na análise do espectro da estratificação social e
humana da complexa sociedade estado-unidense e da corrente de violência
eminentemente anglo-saxónica, cuja expressão conjuntural e contextual acabaria
aliás com a vida do próprio Martin Kuther King Jr.!... (https://www.youtube.com/watch?v=GLkeRNa_leE).
Num
beco sem saída, a descolonização mental dos afrodescendentes estado-unidenses
nas suas condicionantes internas continua em grande parte por fazer e é por
isso que há tantos sintomas de letargia no movimento cívico pacifista
potenciado por Martin Luther King Jr. num grau de tanta relatividade
contraditória e de tão propositada ambiguidade! (https://kinginstitute.stanford.edu/king-papers/documents/war-and-pacifism).
De
entre os reflexos desses sintomas evidenciam-se: por um lado, uma parte
substancial do manancial humano das forças militares dos Estados Unidos
destacado no “ultramar” é de mobilização afrodescendente, por outro,
África, suas organizações continentais e seus governos (inclusive os emanados
do movimento de libertação contra o colonialismo e o “apartheid”), jamais
criaram laços fortes e contínuos com os afrodescendentes da América e por
tabela também com os dos Estados Unidos!
05-
Com o actual estado de coisas em ano eleitoral nos Estados Unidos, a dialética
neoliberal controlada entre o choque tipicamente Republicano (de cristalizada
raiz sociocultural anglo-saxónica) e a terapia Democrata (de raiz
multi-sociocultural e absorvente de minorias), vai permitir que nos Estados
Unidos não se possa avançar no sentido de se poder chegar a ameaçar a
aristocracia financeira mundial garante do império da hegemonia unipolar,
apesar do vulcão humano (https://www.voltairenet.org/article210181.html)
que, integrando os componentes das sucessivas crises, está a entrar em
actividade prolongada! (https://www.youtube.com/watch?v=fO7bqxdPBik&feature=push-sd&attr_tag=vasDrdZLTyiLEkNH%3A6).
Essa
dialética de poder nos Estados Unidos, na sua essência procura perpetuar a
barbaridade da existência do próprio império de hegemonia unipolar em época de
tão omnipresente globalização neoliberal e os afrodescendentes dos Estados
Unidos, por si sós ou de forma correlacionada, não poderão “transversalmente” ter
a força de reverter a situação de opressão e repressão que sobre eles vai
recaindo e continuará a recair!... (https://www.youtube.com/watch?v=eYi3W6vxqAY).
Não
basta ter um sonho para se agir contra o poder avassalador do pesadelo! (https://www.youtube.com/watch?v=bgsjI7gzvpY).
Os
desamparados (e relativamente isolados) afrodescendentes dos Estados Unidos, só
com o aprofundamento das crises poderão conquistar alguns terrenos mais de
conquista civilizacional dum correlativo novo estatuto social e cultural, mas o
atavismo pacifista do movimento cívico-religioso terá de ser revisto, pois para
a descolonização mental há que criar novas formas de luta, escapando ao jogo
dialético entre os dois poderosos braços da superestrutura ideológica e
infraestrutura correspondente, do poder dos Estados Unidos! (https://www.youtube.com/watch?v=1201RM4Bg50).
Os
Estados Unidos jamais se comportaram como um atractivo paraíso, como a
propaganda ainda hoje continua a fazer crer, (https://www.fort-russ.com/2020/06/report-30-of-americans-missed-their-housing-payments-in-june-due-to-lockdown/)
erguendo muros na fronteira comum com o México e isto por que sem
descolonização mental, haverá sempre garantia de sobrevivência do império de
hegemonia unipolar! (https://www.fort-russ.com/2020/06/watch-malcolm-x-you-cant-be-a-negro-in-america-and-not-have-a-criminal-record/?utm_medium=ppc&utm_source=push&utm_campaign=push%notificationss&utm_content=varies).
DESCOLONIZAÇÃO
MENTAL PASSA A SER ASSIM UM CONTÍNUO DESAFIO SOCIOCULTURAL DE TRANSFORMAÇÃO DE
AMPLOS CORRELACIONAMENTOS, QUE É UMA ALARGADA PROVA DE VIDA E DE AMOR DA
HUMANIDADE E PELA HUMANIDADE!...
Que
nos lembremos humildemente sem mitos e tenhamos isso bem presente em nosso
carácter e em nossa afirmação desde África, berço da humanidade e, por razões
inerentes ao estágio de ultraperiferia em que África se encontra violentada,
ávida de lógica com sentido de vida! (https://frenteantiimperialista.org/blog/2020/02/15/2020-un-ano-radiografico/).
Martinho
Júnior -- Luanda
22 de Junho de 2020
Imagens:
- Frases inspiradas e inspiradoras de Franz Fanon, Naomi Klein e Marthin
Luther King Jr, contribundo para uma necessária radiografia do império de
hegemonia unipolar;
- O Facebook, aproveitando o desastre da pandemia, decidiu-se a investir no laço
de cabos em torno de África a fim de expandir o seu sinal de colonização mental
– https://www.voltairenet.org/article210246.html.
- Acordo de Bicesse
- A chegada dos colonizadores europeus à América
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